Sem rumo

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Ele corria depressa pela floresta, sem rumo. A única coisa que o guiava era o seu próprio desespero. Já era final da tarde, podia ouvir uma ave cantando aqui ou ali. Não que estivesse prestando atenção, é claro. Seu corpo e mente estavam focados em correr, apenas em correr. 

Seu corpo estava exausto, seus músculos latejando. O suor escorria sem estribeiras, ensopando sua camisa. Ele estava arranhado por toda sua extensão, principalmente seus braços e seu rosto, provavelmente por causa dos galhos nos quais esbarrou em meio à sua desvairada correria. 

 A boca estava seca, o estômago vazio. Não se via capaz de lembrar qual foi a última vez que ingeriu algo. Cansado, parava por 3 segundos, arfava, lamentava. Não poderia parar por mais tempo. Não havia tempo sobrando.

O que o impulsionava a continuar correndo eram a adrenalina e o medo, que circulavam por suas veias mais rápido que nunca. Estava correndo havia quanto tempo? Uma, duas, três horas? Não tinha como saber. A noção que tinha de tempo se perdeu em meio às árvores da floresta desde alguns quilômetros atrás.

Na maratona que estava percorrendo, não havia linha de chegada e muito menos um prêmio em dinheiro. A recompensa, ele pensava, ao final da corrida, seria segurança. Isto é, se a corrida ao menos acabasse. Pobre homem.

Sua visão começara a ficar turva, a cabeça estava fraca. Mas não tão fraca a ponto de fazê-lo esquecer o que ele estava fazendo ali. Estava fugindo, e este era o único pensamento que perdurava em sua cabeça.




Corrida imprescindível - ContoOnde histórias criam vida. Descubra agora