Anúncio da boa nova

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Papais de primeira viagem

O desespero de uma gravidez não planejada —

Estava desesperado. Deku não era do tipo que ficava doente, muito menos gripado; era duro de confessar, mas seu namorado era um homem forte. Além de trabalhar, cuidava da casa e cuidava de si, Bakugou nunca pode reclamar por falta de atenção do sardento, muito menos falta de sexo. Então, encontrar o namorado desmaiado na cozinha era, definitivamente, desesperador. Seu corpo estremeceu e, por instantes, pensou que fosse cair também.

Não era costumeiro estar em um hospital. Tinham plano de saúde, mas raramente iam ali, no máximo exames rotineiros como de sangue, essas coisas bobas, afinal, Deku era um ômega, tinha de fazer acompanhamento médico para pegar seus medicamentos. O corredor branco com azulejos claros nas paredes dava uma sensação ruim. A sensação de que tava' perto de morrer ou até morto, mas isso era loucura, né? Até parece que Bakugou Katsuki iria para o céu, só se for o céu da boca do diabo! Riu mentalmente, mentalmente e nada mais, pois o desespero e inquietação estavam lhe perturbando a mente. Já fazia trinta e dois minutos e doze segundos que Deku estava consultando. Suas mãos estavam suando de preocupação.

— Katsuki Bakugou? —Enfim, lá estava a médica. Sentiu como se fosse deus lhe chamando para anunciar a boa nova. — O senhor já pode entrar.

— Oss. —Respondeu como um suspiro fraco que na verdade escapou pela garganta. Adentrou a pequena sala e já avistou Deku sentado em uma cadeira. Sentou-se ao seu lado. — Deku, está tudo bem? —Sua voz saiu mais trêmula do que imaginava. O menor o encarou e sorriu docemente.

— Sim, está. Só não sei quais foram os resultados do exame, então, não tenho certeza se posso ficar calmo ainda. —Estava um pouco aflito e Bakugou sabia disso. Conhecia o namorado e, logo, começaria os múrmuros de hipóteses neuróticas analisando todas as possibilidades de acordo com o resultado.

— Tsc! Doutora, o que ele tem? É grave? O que os exames mostraram? —Estava impaciente. O que lhe deixava puto não era a demora da mulher, mas o sorrisinho dela. Por que, porra, ela tava' sorrindo quando Bakugou estava quase tendo um treco?

— Não é necessário estarem tão assustados. —Sentou-se. — Midoriya-san, como de costume, está tudo bem. Nenhuma taxa alta, plaquetas normais. O que deve estar alto para proteção do corpo, está. O que deve estar baixo que são níveis de risco, estão. Minha única preocupação é o PH da urina que está um pouco ácido, nível 5. Recomendo que beba mais água durante o dia. No entanto, ainda há uma informação que, na verdade, explica essa desregulação hormonal. —Ambos engoliram a seco. O que poderia ser? Hormônios desregulados? Estaria no cio? Não, definitivamente, não. Seu cio havia passado há três semanas e meia, tinha certeza disso. Então, o que poderia ser? A médica pegou os papéis dos resultados. — Midoriya-san, Bakugou-san, meus parabéns. —Sorriu a médica com o papel do exame de sangue em mãos— Vocês estão grávidos!

— GRÁVIDO? —Midoriya levantou bruscamente. Impossível, não é? Como estava grávido? Usaram camisinha, certo? Além disso, havia tomado seus medicamentos anticoncepcionais corretamente. Tudo estava certo, então? — Doutora, isso não me parece certo. Eu, aliás, nós. Nós usamos preservativo durante o cio e também tomei meus medicamentos corretamente. Isso é impossível.

— Desculpe, Midoriya-san, mas seu exame de sangue não mente. Podemos fazer um teste comum de farmácia e o resultado será o mesmo. O senhor está com três semanas de gestação. —Encarou Bakugou que não dizia nada, o mesmo parecia tenso. Por que não estava dizendo nada?

— Kaachan, diga alguma coisa!

— Doutora, bebidas alcóolicas anulam o efeito anticoncepcional?

— Na verdade não.

— Deku, depois que bebemos no aniversário do Kirishima, na manhã seguinte, a gente transou até o meio-dia.

— I-Idaí? —O sardento ficou vermelho, assim como, a médica. Afinal, eram algum tipo de animal para transarem desse jeito?

— Você não toma seu medicamento às 8h30min? —Izuku sentiu suas pernas fraquejarem— Nesse horário eu tava' mandando porra pra dentro. —O menor estava confuso. Como não se lembrava disso? Naquele dia dormiram a tarde toda e quando levantou, comeram e depois saíram. Definitivamente, não havia tomado anticoncepcional e não se dera conta disso quando pegara a cartela com os comprimidos.

— Kaachan, eu...

— Como vocês devem saber, ainda está em tempo de um aborto, caso seja o desejo dos dois. Compreendo que a gravidez não tenha sido planejada, então, vocês decidem. Ao completar um mês de gestação, realizar o procedimento se torna complicado, aliás, perigoso, porque pode colocar o ômega em perigo.

— Você tá' ficando louca? —Bakugou estourou. — Vamos, Deku. Eu não quero ouvir uma vadia que está oferecendo como solução matar o meu filho.

— Kaachan?

— Já disse para irmos embora, nerd maldito. A gravidez está te deixando surdo? —Esbravejou chutando a porta. Izuku sorriu bobo e logo se levantou. Fez uma breve reverência de pedido de desculpas à médica e se retirou, seguindo Bakugou. Assim que se aproximou, nada disse. Isso era inesperado, afinal, nunca conversaram sobre. Pais? Quem iria imaginar uma coisa dessas? Bakugou mostrou-lhe a palma da mão, Izuku estranhou tal gesto.

— K-Kaachan? —O pequeno segurou a mesma e quando unidas, percebera o quão suadas estavam.

— Eu não vou ser pai, Deku. —Encarou o esverdeado— Eu vou ser a porra do MELHOR marido e do MELHOR pai, entendeu? O MELHOR! Grava bem isso. —Sorriu com olhos cheios de lágrimas.

— Eu sei disso, Kaachan. Eu sei. —Sorriu abraçando o antebraço do namorado e afundando seu rosto no ombro do mesmo. — Te amo, Katsuki.


~continua no próximo capítulo...

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