Lição Quatro: D de Devoção

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Para Neji, Hinata sempre seria inocente e delicada. O que resultava em perigo para ela, sem saber o que de fato as pessoas podem estar querendo de si.
Principalmente um ruivo estranho, que gostava de bonecas, e um certo delinquente juvenil, filho do jardineiro do condomínio. Duas completas péssimas influências para a jovem princesa Hyuga.
Neji nem sempre fora preocupado com a prima com quem fora criado. Antes a achava um estorvo, fraca e sem personalidade. Chorava o tempo todo e isso o irritava profundamente.
Neji era um ano mais velho que Hinata e seis anos mais velho que Hanabi. Um dia ele terminou seus estudos mais cedo e viu Hinata em sua sala de aula própria, resolvendo uma equação que era de, pelo menos, três anos a frente do que estava. Ele ficou admirado, e desde então havia começado a observar escondido o que a prima fazia.
E ele viu o quão determinada era a garota irritante e chorona. Viu ela virar noites estudando, treinando as artes marciais que eram passadas de geração para geração da família, e fazia tudo isso com um sorriso no rosto e sempre pronta para ajudar. Sempre sendo ela mesma, sempre sendo gentil.
Agora com seus quinze anos, ele se preocupava com os hormônios que estavam a porta do corpo de Hinata. Ela não saia muito de casa, mas em compensação passava um tempo preocupante no celular e trancada em seu quarto, usando o computador.
Ouviu a melodia de Für Elise de Bethoven enchendo os corredores da mansão Hyuga. Caminhou lentamente ate chegar a sala de estar, onde havia um piano branco de cauda. Ele ficava em frente à enorme parede de vidro, que separava a varanda. Observou minuciosamente a cascata preto-azulada que eram os cabelos de Hinata, os dedos finos dançavam sobre as teclas.
Neji se aproximou da prima, que virou seu olhar para o mesmo, lhe lançando um sorriso doce. Sem nunca interromper a melodia, Hinata alternativa o olhar entre as teclas e o primo, eventualmente fechando os olhos para sentir a paz daquela musica.
O Hyuga se sentou numa poltrona próximo ao piano e continuou observando a garota. Eles não precisavam falar para se entenderem, inventar assuntos para manterem uma conversa.
Neji se perdeu em lembranças; notou o corpo em desenvolvimento da prima, lembrou de quando a encontrava dormindo sobre um livro na biblioteca e ele, a pegava no colo e carregava para o quarto. Ela era tão descuidada as vezes!
O moreno de olhos claros sabia que estava perdendo sua princesa para o tempo. Ela estava crescendo e havia coisas que eram impossíveis de parar. Na verdade, com toda a sutileza que Hinata tinha, ela conseguia tudo. Ela conseguiu a amizade do vizinho fechado. Conseguiu a admiração do moleque encrenqueiro. Conseguiu mudar a visão que ele próprio tinha dela; isso tudo, sem fazer nada mais que ser ela mesma.
Neji via agora, que Hinata era forte, muito mais forte do que ele poderia ser um dia. Ele adorava-a com fervor. Era algo inexplicável, que não haviam palavras para expressar o que sentia por ela.
Como poderia ela, sendo tão tímida, ensinar tantas coisas as pessoas? Isso so podia ser um dom.
Suspirou ouvindo as ultimas notas da música clássica. Hinata também suspirou, com os olhos fechados e depois os abriu olhando diretamente para o primo.
— Nii San, você já teve vontade de fugir?
O mais velho se levantou e estendeu a mão para a morena, que pegou e se colocou em pé também. Ele começou a valsar e Hinata seguia seus passos.
— Por que iria querer fugir?
Sentiu as mãos pequenas da jovem apertarem sua mão e ombro, então ela suspirou. Neji queria evitar o momento que ela não estivesse mais sob seus cuidados, sob sua proteção.
— Escute, Hinata Sama. - a morena se atentou para as palavras do primo, sentindo toda a adoração dele. — Não ha porque querer fugir. Você ainda não descobriu que não pertence ao mundo, mas sim, ele pertence a você. Tudo o quanto quiser, você conseguirá. Você é tão sábia, mas ainda não se deu conta disso.
— Arigatou, Neji.
Ele não sabia explicar o que sentia por ela. Mas talvez Devoção fosse a melhor.

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