Passado

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"Eu me deito ao teu lado, e eternizada em teu abraço, em sua pele viajo. - te amo Dus."

Lancefor pela manhã é absurdamente linda, me lembro de quando eu tinha 7 anos, e acordava cedinho pra ir assistir o nascer do sol, é tão sublime, a forma como ele surge pelas montanhas, sorrindo, com suas cores penetrantes, trazendo o dia em suas costas, trazendo as nossas responsabilidades em seu brilho.
- O que faz acordada tão cedo?- perguntou o Dus.                        
Eu me arrepiei, sua voz rouca causa em mim um efeito turbulento, e começo a lembrar de todas as coisas indecentes que praticamos juntos. Dus é meu príncipe, rei na verdade. Ele tem ele fará 40 anos nessa semana, e eu estou planejando algo, apesar dele odiar aniversários; ele diz ser perda de tempo comemorar a chegada de sua morte, que ele diz estar mais perto que nunca.
- É meu ritual matinal, sempre me levanto cedo pra ver o sol nascer. - ele me olhou de um jeito diferente, não como se eu fosse uma estranha com gostos estranhos, mas como se eu fosse um mistério, que ele queria desvendar.
- Intrigante, eu sempre vejo você fazer isso, mas só resolvi perguntar hoje, você é tão maravilhosa La Lana. - disse, juntando-se a mim.
Vesti minha jaqueta favorita de couro, que o Dustin me deu no meu aniversário de 18 anos, e peguei um ônibus até minha faculdade, onde curso História.
Meu nome é Adelana de La Cruz, minha vida sempre foi diferente, fui abandonada por meu pai, assim que ele soube que minha mãe estava gravida de mim, ela me criou sozinha. Eu fui criada por tios, avós e até primos, pois minha mãe passava a maior parte do tempo trabalhando, e então quando voltava me trazia coisas para compensar sua ausência, coisa que nunca cobrei dela, pois eu sabia de toda a dificuldade que era pra me manter. Aos 11 anos eu finalmente ganhei uma bicicleta, eu amava tanto ela, que a chamei de Amor Meu, mas com o tempo eu passei a chamá-la de Am, que era mais pratico de se dizer. Durante minha infância e adolescência nos mudamos inúmeras vezes, até que eu completei 16 anos, foi quando nos mudamos pra Lancefor, e onde moro até hoje, com meus 18 anos e uma pancada de histórias pra compartilhar com quem quiser ouvir. Lancefor é uma cidade um tanto diferente, que me fazia bem pra caramba, minha mãe saía pra trabalhar e voltava tarde da noite, então a gente quase não se via. O colégio onde eu estava prestes a terminar o ensino médio, era legal, com pessoas incríveis, claro, tinha os idiotas, eles fazem parte da vida, mas nada com o que se preocupar. Eu tinha uma amiga, a Marjorie, ela era popular, e muito inteligente, passávamos horas falando de filmes e livros, e ela me contava sobre os garotos da escola que já namorou, eu não conseguia gostar de nenhum deles dessa forma, eram legais, mas não tanto assim. Tudo que eu sei da vida é que: ela é curta, é bonita, e fácil de aproveitar, quando se quer desfrutar dela.
- Após a aula de hoje vamos planejar uma coisa comigo? É para o aniversário de alguém importante. - falei com Marjorie, que estava uma carteira à minha frente, estudávamos na mesma sala, e fazíamos o mesmo curso, o que eu posso dizer? O colégio nos trouxe pra cá, o mesmo gosto pela história, e uma amizade indestrutível.
- Claro Lan's! Ansiosa! - disse ela sorrindo e voltou sua atenção para a aula.
Meu celular começou a tocar no meio da aula, eu ignorei a chamada, pois o número era desconhecido, o número insistiu em me ligar inúmeras e inúmeras vezes, até que eu decidi ir ao banheiro atender.
- Quanto tempo não é mesma, Rosinha! - Aquela voz, aquele sotaque, aquele apelido. Não podia ser, não mesmo, como isso pôde acontecer?
- Vo...você não deveria estar na cadeia? Como conseguiu esse número? - perguntei aflita, por estar ligada diretamente com alguém que fez parte da minha história, mais conhecido como o maior caos da minha vida.
- Eu fui solto querida, agora sou todo seu novamente, dessa vez pra sempre. - Disse ele, me deixando ainda sem reação.
- Eu conheci alguém, alguém que me valoriza do jeito que sou. E não um idiota que gostava de me ver mal, e é melhor você sumir de vez da minha vida Lorenzo. Por favor. - falei com lágrimas escorrendo por toda minha face, e desliguei.
Encarei o espelho, e meu Deus, não dava pra acreditar que aquilo estava acontecendo, logo agora que eu estava tão bem. Entrei na sala, peguei minha bolsa e sai, Marj me fitou curiosa, mas eu nem olhei pra ela direito. Ao bater à porta vi que alguém também tinha saído.
- ei, o que aconteceu ? - perguntou ela confusa.
- Longa história, não quero falar sobre isso agora. - falei me afastando.
- Lan's, não faz isso. - ela gritou cruzando os braços.
- Ei, aqui não é a rua pra vocês ficarem fazendo barulho por aqui mocinhas. - exclamou um professor que abriu a porta da sala incomodado com o ocorrido no corredor.
- Vem Marj, vou te contar tudo. - ergui minha mão para que ela pegasse, assim seguimos de mãos dadas até a praça do campus, onde tinha uma grama maravilhosa pra deitar e conversar.
- Então, eu recebi uma ligação, um fantasma do passado surgiu pra me assombrar, e eu não sei o que fazer porque ele é realmente perigoso, e fará de tudo pra me ter de volta.
- Eu não estou entendendo querida, seja mais clara.
- Então marj, quando eu morava em Greenvile, eu tive um namorado, tudo começou quando eu voltava do cinema por volta das 23:15, eu tinha ido ver As passagens pro abismo, então como minha casa não era muito distante decidi ir a pé mesmo, caminhando pelas ruas quase vazias e pouco iluminadas, eu assobiava e sorria, com um vestido azul royal de bolinhas brancas, e uma blusa de frio maior que eu, que era de um dos parceiros da minha mãe, que havia esquecido lá em casa. Passou por mim, inúmero caras em suas motocicletas, eu logo os conheci, eram da maior gangue da região, fiquei paralisada sem saber o que fazer, então dei a volta, e quando fiz isso, um deles veio atrás de mim, e começou a me chamar pra subir na moto, dizendo pra eu ir dar uma volta, eu na minha inocência subi, então ele me levou pro topo da montanha de onde dava pra ver toda Greenville, era tudo muito bonito, mas eu realmente estava com medo, pois eu não o conhecia, e sabia que ele me faria algum mal. Mas ele apenas se apresentou, e vou que eu estava trêmula, desconfiada e com medo então me levou até em casa. Desde então começamos a sair, já que eu supostamente o conhecia, a coisa foi ficando mais seria, aí resolvemos namorar, tudo isso em absoluto segredo, pois eu tinha apenas 15 anos, e ninguém entenderia.
- Caramba, então ele foi preso por pedofilia? Nossa você era tão nova, como deixou isso acontecer? - disse ela perplexa me encarando.
- Deixa eu terminar, a coisa começou a ficar bem seria, ele dormia na minha casa, eu fugia no meio da noite e ia pro trailer dele, até que um dia ele viu uma mensagem do victor, da turma de matemática, me agradecendo pelas aulas de reforço, ele simplesmente começou a me bater, meu corpo ficou com muitos hematomas, mas eu não podia falar daquilo com ninguém, ou morreria, então mantemos o relacionamento, até eu estar voltando da escola, e o Victor parou de sua bicicleta pra falar comigo, e eu sem querer puxar assunto disse que tinha varias coisas pra fazer, então ele chegou perto e me deu um beijo. Aquilo foi o fim, pois eu estava sendo vigiada pelos amigos do Lorenzo, e ele ficou sabendo. No outro dia o Victor foi encontrado morto, e ele me manteve presa por vários dias dentro do seu trailer, e disse que aquela era minha punição por traí-lo. Mas a polícia conseguiu encontrar, e o prenderam. Mas agora parece que ele está livre, e não vai descansar até me ter de volta.
- Eu sinceramente não sei o que dizer a você, eu estou em estado de choque.
- Então, mas não vou me preocupar muito com isso agora, o aniversário do Dus está chegando, e eu quero fazer algo bem especial pra ele.  Desde que o conheci, minha vida tem sido outra. - falei.
- Certo, o que precisjar estarei aqui. - disse marj.
Eu já tinha tudo calculado, e a Marjorie se encaixava perfeitamente em alguns aspectos.
- primeiramente vou precisar de sua casa no lago, preciso faze algo especial pra ele. - falei, e ela parecia concordar com absolutamente tudo, isso era ótimo.
- Ok, vou pedir pra alguém limpar. - ela disse, muito contente com a ideia.
- E que tal se nós duas fôssemos até lá limpar. - propus a ela.
- Aí que péssima ideia, sabe que tenho alergia a poeira, e é o que mais tá tendo por lá. - disse ela contrariando totalmente.
- Vamos pelos menos pra me fazer companhia, você vai ficar bem. - insisti.
- Tudo bem então, vamos lá.
Fomos então até sua casa do lago, era bonita, com uma aparência de casas do século 19, mas totalmente equipada com tecnologia do século 21.
Arrumos tudo, ficou tudo bem limpo e pronta para o uso, já encomendei um pequeno bolo de abacaxi, e uma torta de cereja, são os sabores favoritos do Dus, comprei cerveja e o cigarro que ele mais gosta. Eu economizei por meses para essa ocasião, queria poder fazer algo melhor.

- Oi querido, sei que está tarde e eu não pude te dar muita atenção hoje, mas só quero que saiba que você é minha estrela. - mandei uma mensagem de voz pra ele, e fui dormir, depois de um dia como esse, eu precisava de descanso. Hoje eu dormi em casa, pra não preocupar minha mãe, e quem sabe protegê-la de energias ruins, eu a amo tanto, e estar perto dela me faz um bem danado.

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⏰ Última atualização: Mar 27, 2018 ⏰

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