Falando Fofo

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-Sua boca sempre fica suja assim depois que come rosquinha? -Sofia pergunta.

-Não. Só quando como a sua. -Manoel responde, limpando o beiço e o bigode.

Sofia voltou no dia seguinte para assar aquela rosquinha esperta para conseguir o emprego de "rosquinhadeira" na padoca do Manoel. Os dois se encontravam na parte detrás da padaria, testando e preparando as massas, os ingredientes espalhados por toda parte.

-Ora pois, Sofia Bugada...

-Sofia Bugard. Meu sobrenome é Bugard.

-Que seja, Sofia, você pode me mostraire como se faz essa rosquinha?

-Mas é claro. É receita de família! Primeiro, você prepara a massa. Dai você corta uma parte. Eu enrolo essa parte no meu dedo, fazendo um buraquinho no meio...

Sofia faz passo a passo e Manoel tenta seguir o modo de fazer.

-Põe o dedo assim, bem no buraquinho? -Manoel pergunta, com o dedo bem no meio da rosquinha.

-Isso! Mas cuidado pra não abrir muito!

- Ora, gaja, não sei como deixar o buraquinho pequenino assim como o seu.

Obviamente, Manoel se referia a rosquinha que Sofia ja tinha  preparado (SEUS IMPUROS😈).

-Tem que ser delicado, senão, tu abre um buracão mesmo. Tenta de novo. Mas deve vez faz a massa, e ao invés de enrolar um pedaço no dedo, enfia o dedo bem no meio dela, bem... no... meio...

-Enfia um só dedo, ou dois?

-Começa com um, dai vai enfiando mais, se quiser. Mas você tem um dedão muito grosso e peludo. Acho que um só já basta. -Sofia ri.- Se quiser, eu enfio meu dedo nessa sua rosquinha...

Manoel pensa na oferta. Para um padeiro com ânus de experiência, ter outra pessoa enfiando o dedo em sua própria rosquinha, não era fácil de aceitar. Ele era muito orgulhoso. E se ele acabasse gostando? Acabasse achando que alguém era melhor na arte de assar roscas do que ele?

Ele continua pensando, mas antes de  dar a resposta, ouve alguém chamá-lo da frente de sua loja.

-Ô Manoel!

Os dois são interrompidos, pausam o rosquinhamento e Manoel pede licensa, indo até quem o chama.

-Fala, pãozudo!- Diz o loiro bonitão e elegante à Manoel. Esse era o apelido dele para o padeiro peludo. Era o mesmo homem que negou emprego a Sofia no dia anterior. Seu escritório, de onde Sofia fora despejada, ficava logo a frente da padoca.

Alias, eu narradora, já te disse o nome da padaria do Manoel?

Não?

Chama-se "Mêttynôkku". Um nome japônes para uma padaria francesa comandada por um português do saco grande.

Tudo a ver.

-Eu tava cagando lá no banheiro do escritório, e pensei comigo "porra, faz um tempo que não tomo aquele cafézinho que o lobisomem ali da padoca da frente faz!" - Disse o loiro pirocudo, esfregando na cara de Manoel que ele era estranhamente peludo. - E então, Manoel, traz pra mim aquela dose de cafeína de sempre, seu corno!

Manoel odiava aquele paquito CEO de empresa de wattpad. Ele era abusado, safado, ordinário e sempre tratou Manoel como uma puta de esquina.

Então, numa mistura de sacanagem com vingança, Manoel nunca coloca leite de vaca, se é que você me entende, no café do loirão. Ao invés, Manoel sempre dava aquele "leitinho de burro". O burro nesse caso, era Manoel. Tão burro que até ele se chamava de burro ao dizer isso e não percebia.

Ejaculando no café do loiro, Manoel mistura os líquidos usando o próprio pinto como colher. Tentando esfriar seu peru que queimou com o café quente, manda Sofia servir a xícara.

Sofia vai, parecendo um frango de macumba, sorrindo apenas com o único dente que lhe restou na boca.

-AAAAAAAAH!- Grita o empresário ao ver Sofia, que ainda estava inchada e toda fodida do acidente de ontem.

-Que foi? -Ela pergunta, falando fofo.

-Manoel! Ô MANOEL! CORRE AQUI! TEM UM WENDIGO NA TUA PADOCA! MANOEEEEEEEL! AI MEU DEUS, CHAMA O PADRE QUEVEEEDO! SOCORROOO!!!!!

O CEO pega a primeira coisa que vê pela frente (um vidrinho de ketchup), taca na cara de Sofia, e sai correndo gritando "Chamem o Dean e o Sam, seus porras!" para os pedestres na calçada.

-Ai meu Teus!- Exclama Sofia, que após ter levado aquela baquetada, vê seu dentinho amarelado cair ao chão, em camera lenta. -Esse era meu ultimo dente!

Sofia chora pelo dente derramado.

-O que foi? - Manoel vem até Sofia, com o pinto torrado na mão e confuso com a gritaria.

-Meu vfente!

-Seu o que?

-Meu vfente! Meu Vfente!- Sofia tenta pronunciar a palavra "dente", mas não consegue sem nenhum na boca. -Eu fó me fovfo! Pufa te pafiu!

Agora com aquela boquinha de velha mal-acabada, Sofia chorava. E babava também, por que sem os dentes servindo de barreira para a saliva, ela parecia um labrador com calor e sede.

Manoel sente compaixão em seu coração ao ver a pobre mulher só o pó da rabiola.

Burro como uma porta, toma uma decisão preciptada.

-Sofia, minha gaja.... -Ele se agacha e se aproxima dela, que segura seu dentinho podre contra o peito, chorando inconformada com a perda.

-Fafa Manoel... -Ela diz entre lágrimas.

-Eu sei que você é muito feia.... -E põe feia nisso. - Mas, olha não fica assim. Sabe, ninguém nunca apreciaire minha baguete como você. Isso é.. importante pra mim. Mesmo que essa apreciação venha de um dragão como você.

-Te befas palafas, Manoel...

-Sofia... será que você não gostaria de... se casaire comigo?

Sofia para de chorar na hora. Estava em choque, não esperava por essa.

-Manoel... fofê tem fertefa? Ter se fasar tomifo?

-É... não tenho nada melhor pra fazeire...

Sofia estava emocionadissima. Finalmente largou seu dente com cárie, e abraçou Manoel. Tentava beijá-lo, mas ele a impedia, colocando a mão bem na cara dela, tentando afastar aquela boca murcha de chegar perto da dele.

-Quem sabe depois de um implante de dentura, eu te deixo me beijaire, sim gaja?

-Ô Manoel, tô tão fefiz!

E assim, Manoel e Sofia se abraçaram e viveram felizes pelo resto de seus dias. Que não eram muitos aliás, já que aquele grande filho da puta do motorista do busão parisiense durmiu no volante, e acabou metendo a lotação na Mêttynòkku, causando um gravissimo acidente na padaria.

-Meu Deus! Olha o que você fez! -Gritou alguém para o motorista que saia ileso do acidente que acabara de causar.

-Cala a boca que eu te como na porrada, seu filho da puta!- O motorista nanico ameaçou, pegando o primeiro pedaço de ferro que vê, e começa a correr atrás da única testemunha que viu o acidente acontecer. -Eu vou te matar, seu merda, volta aqui! Conta pra alguém que eu causei esse acidente que eu enfio isso no seu cu até sair pela boca! Volta aqui!

🥖Fim🥖

Querido leitor, obrigada por acompanhar essa linda, mas trágica história de amor. Fique sossegado pois Sofia e Manoel descansam em paz juntos.







No inferno.

Abraços.

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