Emily corria desesperada até o carro da amiga, o caminho até sua casa foi sufocante. Depois que sua tia ligou lhe dando a pior notícia que podia receber logo de manhã, sua cabeça não parava de girar.
Quando chegou em casa, foi apressada até a porta e a abriu adentrando o local.
— Tia Márcia? Tio Ed? — Emily os chamava indo em direção a cozinha, Sophia a seguia logo atrás.
— Eles não estão aqui.
As garotas se viraram num pulo quando uma voz um tanto familiar ecoou da porta atrás de si.
— Adam?! — Ambas exclamaram em uníssono ao se depararem com uma figura não muito alta em sua frente.
— Quanto tempo priminha! Senti sua falta. — O rapaz sorria para Emily um tanto animado, parecia realmente feliz em vê-la. Mas sua atenção logo passou para a loira ao lado da prima, conhecia muito bem aquele rosto. — Sophia.
A loira não se manifestou, não parecia feliz com a presença do rapaz ali. Emily percebeu o desconforto da amiga e o indagou sobre sua presença.
— O que faz aqui Adam? E onde estão os meus tios? — Ela ignorou os cumprimentos.
— Ah eles estão no hospital, tentamos te ligar a noite toda mas você não atendia. Então eles me pediram para ficar aqui até que você voltasse. —Respondeu o rapaz com naturalidade.
— Não aqui em casa, aqui no Brasil! — Emily estava realmente confusa com a presença do primo ali. Fazia quase dois anos desde que ele se mudou para a Inglaterra para estudar música na UK Academy Arts. Desde então, ele ainda não tinha voltado para visitar a família.
— Como assim o que faço aqui? Não é óbvio? Eles são meus tios, também me preocupo com eles. — A morena as vezes se esquecia que Adam também tinha sentimentos. Mas não deixou de ficar desconfiada, ele não voltou esse tempo todo nem para ver os próprios pais, por que voltaria por um acidente envolvendo seus tios?
— Ok, tudo bem. — Resolveu deixar isso de lado por enquanto, haviam coisas mais importantes para tratar no momento. — Estou indo para o hospital então, você vem?
— Emily espera. — A mesma já estava seguindo para a porta quando foi parada por Adam que segurava seu braço. — Antes de ir você precisa saber de algo.
— O que foi Adam? — Emily se preocupou com a expressão e o tom de voz usado pelo primo. — Você está me assustando, o que eu preciso saber?
O garoto fez uma pausa. — Seus pais... Não foram eles quem bateram o carro... Foi outro carro que os atingiu.
— Como assim? Do que está falando? — Emily já não esperava nada de bom a partir daí.
— Os policiais disseram que eles estavam no cruzamento quando aconteceu, o sinal abriu para eles mas um carro vindo da esquerda continuou acelerando. O motorista alegou ter passado no amarelo porém, segundo outros motoristas, o sinal já estava vermelho, então quando seus pais aceleraram ele os atingiu. — O rapaz fez uma pausa. — Foi uma colisão lateral esquerda, mesmo com o airbag seu pai não... Ele não resistiu ao impacto...
Seguiu-se o silêncio.
— Eu sinto muito Emily...
— O-o que? — Emily até então estava imóvel encarando o primo, estava tentando digerir o que ele acabara de dizer. — M-meu pai... O que? — Estava completamente atordoada, seus olhos agora marejados e trêmulos baixaram para o chão.
Adam e Sophia se encaravam agora com pena em seus olhos. As suas desavenças do passado não importavam naquele momento.
— Emily... — Começou a loira cautelosa. Não saberia como consolar a amiga agora. — É melhor irmos, seus tios devem estar te esperando no hospital. — Sophia segurou em seus ombros a levando para a porta e xingando mentalmente Adam por dar uma notícia dessas daquele jeito. Podia pelo menos esperar que chegassem ao hospital.
As duas entraram no carro com Adam entrando logo atrás, Sophia lhe lançou um olhar pelo retrovisor deixando claro que não estava gostando de tê-lo ali em seu carro. O mesmo pareceu ignorar, só queria chegar logo no hospital, pensava no quanto seus pais ouviriam por deixa-lo com o peso de dar uma notícia dessas para a prima.
Quando chegaram no hospital, foram direto para o quarto em que a mais velha se encontrava. Sua tia estava sentada logo ao lado da irmã com a cabeça baixa.
— Mãe! — A filha correu para perto da sua mãe que estava desacordada com alguns aparelhos conectados à ela. Tentava inutilmente conversar com a mesma, mas não havia respostas.
— Emily para. — A tia finalmente levantou o rosto, e todos ali puderam ver que seus olhos estavam inchados e seu nariz vermelho, evidenciando um choro recente. — Ela não vai responder.
— O que? Como assim ela não vai responder?! — A jovem elevou a voz, parecia estar vivendo um dejaví. Aquela expressão... Aquele tom de voz... Isso acabou de acontecer. — Os aparelhos dizem o contrário!
— Não importam o que os aparelhos dizem, mesmo se não estivesse conectada à eles ela não responderia. — Respondeu a mais velha com a voz falha.
— Por favor tia, não me diz isso... — Sua voz agora estava trêmula e seus olhos novamente marejados, mas dessa vez não conseguiu conter suas lágrimas quando a mais velha lhe lançou um olhar de tristeza e pena.
— Eu sinto muito querida... — Foi a única coisa que conseguiu dizer à sobrinha, pois também se rendeu as lágrimas que voltaram logo em seguida.
Sophia se aproximou da amiga e a abraçou chorando junto da mesma. A mãe de Emily a conhecia desde que era bem novinha, a jovem à tinha como uma segunda mãe. Perdê-la a deixou tão triste quanto os outros presentes ali.
O clima no quarto ficou pesado. Um tempo depois o médico voltou e explicou à Emily que sua mãe tinha chegado ao hospital em estado crítico, eles conseguiram estabilizá-la por um tempo, mas os últimos exames feitos constaram que a paciente teve morte cerebral. No momento, ela só estava 'viva' através dos aparelhos.
Depois de muita conversa, Emily decidiu junto de sua tia que desligar os aparelhos de uma vez era o melhor a se fazer. Então foi para casa com Sophia, deixando seu tio resolver as coisas com o IML.
Emily não queria participar do velório, queria ter o seu luto sozinha. Por isso ficou em seu quarto, e deixou que sua tia lidasse com aquelas pessoas.
— E agora? Sua tia deve querer que você vá morar com ela. — Sophia perguntou preocupada com a amiga. — Tem certeza que não quer passar um tempo na minha casa? Você pode ficar o tempo que precisar, eu-
— Obrigada Sophia, mas eu não posso. Não consigo mais ficar aqui, pelo menos não nesse momento. — Explicou à amiga. — Eu preciso de um tempo para mim, eu preciso desse luto.
A amiga suspirou. — Então... O que você vai fazer?
— Bom, fiquei sabendo que eu consegui uma bolsa numa escola de artes aí, então... — Emily lançou um olhar e um sorriso travesso para a loira que entendeu o recado.
Sophia tinha lhe ajudado à arrumar as malas e tudo que precisava levar. Ainda faltava algumas semanas para suas aulas começarem, mas depois dos acontecimentos recentes Emily decidiu viajar antecipada.
Comprou uma passagem para dali à dois dias, então passou essas últimas horas com seus amigos e família. Seu primo ainda não tinha voltado à Inglaterra, ele decidiu ficar um tempo com sua família pois sua mãe ainda estava muito abalada com a perda da irmã.
O dia de partir chegou e Sophia levou a amiga até o aeroporto. Ambas estavam tristes por se separarem, desde sempre estiveram juntas e agora Emily iria estudar fora do país.
Quando o voo de 09:00 para Nova York foi anunciado, as amigas se despediram e Emily embarcou. Seria uma viagem longa então a jovem levou um livro consigo para se distrair quando não estivesse dormindo.
Dez horas depois, o avião pousou. Emily estava em Nova York
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After All
RomanceEmily sempre quis ser atriz, desde bem pequena estudou muito para conseguir entrar em uma boa escola de artes, em especial a UK Academy Arts, considerada a melhor do mundo. Então com 19 anos ela se inscreve nas três escolas principais no ranking de...