2 - Me sentindo culpada

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Roupas de frio, vestidos, pijamas, roupas íntimas... Depois de checar tudo o que havia colocado na imensa mala preta finalmente a fechei. Suspirei e olhei para o relógio que marcava quatro da madrugada, como eu fugiria de casa a essa hora?

Eu não havia formulado um plano na minha cabeça, só pensei em fugir e tentar encontrar o homem de cabelos bonitos e olhos verdes para tentar lhe explicar que... Bom, que ele não tinha muito tempo de vida.

Observei meu reflexo no espelho, cabelos castanhos pendiam desgovernadamente da minha cabeça, as olheiras eram perceptíveis na pele clara e eu gemi só de olhar para o conjunto de moletom largo que eu vestia, suspirei novamente enquanto me sentava na cama e pegava um pente sobre a escrivaninha.

“Eu tenho que sair no mínimo apresentável” pensei enquanto desembaraçava o longo cabelo castanho.

Vesti um jeans surrado, um suéter azul marinho e botas de montaria. Olhei-me no espelho novamente e tentei sorrir mas pareceu mais uma careta. Arrastei a enorme mala pelo corredor tentando não fazer barulho, eu não podia acordar meus pais, isso colocaria tudo a perder! Cheguei à escada e empurrei a mala pesada pelos degraus, sorri quando finalmente cheguei ao andar de baixo, minha respiração já estava ofegante enquanto puxada a mala até a porta.

Abri a porta com cuidado puxando a mala comigo, a fechei atrás de mim e suspirei, meio caminho andado.

Passei pelo longo portão que separava a minha casa da rua movimentada de Los Angeles, olhei para todos os lados a procura de um taxi.

Depois de 23 longos minutos finalmente encontrei um.

- Para o aeroporto, por favor.

Me recostei no banco do carro tentando não me sentir culpada por fugir de casa e cruzar o oceano para encontrar alguém que não conheço e tentar impedir sua morte... Mas isso era impossível. Eu sabia que seria difícil mas eu tinha que tentar ok? Eu compraria uma passagem no aeroporto para Londres e quando chegasse lá procuraria o meu tio Liam, ele saberia o que fazer.

Minha mãe tinha apenas um irmão mais novo, Liam. Logo que ela se casou com o meu pai ele se mudou para a Inglaterra e desde então só o vi três vezes, uma no meu aniversário de seis anos quando ele me trouxe um colar com o símbolo da família Payne, depois tornei a o ver no meu décimo primeiro dia de ação de graças quando ele passou uma semana aqui e me ensinou a pescar no pequeno lago que havia atrás da casa de meus pais e a última vez foi ha dois anos quando ele e meu pai brigaram feio. Eu nunca soube o motivo...

Suspirei e observei os carros pela janela, meus pais acordariam e descobririam que eu não estava ali, minha mãe provavelmente saberia que eu estou bem, ela tem o dom de pressentir as coisas. Todos da família Payne tem, meu tio Liam consegue ver a alma das pessoas, é meio estranho mas ele diz ser legal, ele sabe o que se passa no coração da pessoas.

Sorri ao pensar que iria vê-lo novamente, Liam tem apenas 27 anos e é uma das únicas pessoas com quem convivi a minha vida toda, o meu único elo com a família da minha mãe, logo depois que ela se casou e se tornou uma Swan tudo se tornou difícil para ela, os pais morreram e o único parente vivo era Liam mas meu pai fez a questão de afastá-lo de nós!

- Chegamos – O taxista avisou me tirando de meus pensamentos.

- Obrigada. – Ele me ajudou a tirar a enorme mala do porta-malas e eu o paguei uma boa quantia, fiquei agradecida por ter bastante dinheiro guardado, eu nunca tive como gastar nada do que ganhei a vida toda, eu quase nunca saio de casa.

O aeroporto estava vazio, apenas um rapaz estava sentado confortavelmente em uma das cadeiras cinza e uma mulher olhava algo em seu computador, fui até ela.

Intuition | h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora