Com as suas cores infinitas

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Eu era uma obra alva, um branco quase imperceptível, tela vazia e sem a magia das tuas cores. Deveria ter repelido todo mal, me protegendo com verniz, mas você, que quase não me notou, permitindo que eu ainda fosse cor primária, camuflou sua paleta de cores fingindo ser, também, um espectro de todas elas.

E eu, que era tão limpo, me sujei com o amarelo, tão quente quanto os seus beijos, somente com um de seus toques egoísta. Me tornei refém dos teus abraços que transbordavam um calor de dar inveja até ao verão. Você era a característica irresponsável e eu a esperança de uma cura.

Desejei tanto que você me pintasse de rosa, pois essa minha obsessão de ser suavizado como antes e a necessidade do teu amor terno, nunca me abandonou. Quem foi que disse que você me deu ouvidos? Ignorou completamente a minha vontade e me pincelou com tanta força, que o vermelho ardente de algo unilateral aos poucos foi se transformando em brasa. Quereria eu que isso não fosse algo ruim. Ganhei força de vontade e parecia ter te conquistado quando, na verdade, você estivera sendo movido pelo desejo.

Porque você nunca foi piedoso como o lilás e continuou insistindo até conseguir me cobrir, por completo, com camadas desse seu azul frio. Ele deveria demonstrar maturidade e transmitir a sensação de infinito, não me trazer tristeza e aquele desejo de escapar da ponta do seu pincel como um pingo de tinta insignificante.

Você era a mais bela das combinações e acabou se tornando a minha única fonte de inspiração. Me prendeu da forma mais técnica possível, com sua coloração brusca, e apagou todas as formas da minha pintura, tornando-as sem expressão. Infelizmente, eu não posso descolorir, por isso, Seungmin, continue me pintando até que eu me torne uma cor inexistente, assim como o seu amor por mim.

continue me pintando | kim seungminOnde histórias criam vida. Descubra agora