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Me aproximei do carro e procurei pelo dono mas não o encontrei por perto, então me encostei no capô e aguardei. Cerca de cinco minutos depois, eu passei meus olhos pelo local e finalmente o vi, ele estava com mais quatro garotos, parecia estar distraído demais com a conversa pra perceber que eu o fitava. Deus, ele era bonito demais e quando um sorriso apareceu em seus lábios eu quase agradeci por ele ter batido em meu carro, pois se não fosse por isso eu acho que nunca iria encontrar com ele por aquele campus. Observei cada detalhe dele, desde sua jaqueta de couro aos seus belos sapatos, e diga-se de passagem que seus amigos era tão maravilhosos quanto ele, mas ele tinha algo a mais, eu só não sei o quê exatamente.

Céus, ele bateu meu carro e com isso arruinou meu dia, e se eu perdesse o emprego? Eu não devia estar aqui falando o quanto ele é lindo e o quanto o seu sorriso é hipnotizante, e sim o quanto ele é idiota e abusado, mas cá entre nós, quem resistiria?

Nesse exato momento ele decidiu olhar pro seu carro, e quando me viu escorada nele sua fisionomia mudou completamente, e nesse momento eu realmente gelei, ele disse algo rápido pros rapazes que o acompanhavam que também me olharam e soltaram uns risinhos e aquilo me incomodou bastante, afinal, eles devem estar achando que eu sou a errada da história.

Quando vi o topete mechado se aproximando respirei fundo o máximo de vezes que eu consegui, mas quando ele deu aquela droga de sorrisinho irônico que eu já odiava tanto toda a minha paciência resolveu ir pastar bem longe.

- Vejam só se não é barbeira, ao que devo a honra? - Como ele ainda tinha coragem de me chamar de barbeira se quem bateu meu carro foi ele?

- Vejam só se não é o babaca que bateu no meu carro por causa de uma vaga e que acabou com o meu motor e agora vai me levar até meu emprego porque se eu não chegar lá em exatos... - olhei o relógio em meu pulso pra ter certeza - Quarenta e cinco minutos posso ser demitida, e se isso acontecer eu tenho certeza que você não vai bancar o concerto do meu carro. - Soltei o sorriso mais irônico que eu conseguia.

- Não sei se você não sabe mas existe uma coisa chamada taxi. - ele destravou o carro.

- Eu sei muito bem disso e pegaria um se eu tivesse pegado algum dinheiro antes de sair desesperada de casa por estar atrasada.

- Eu não vou virar seu motorista, se vira. - ele passou por mim e abriu a porta do motorista. - Passar bem, baby. - deu uma piscadela bem filha da puta e entrou no carro logo ligando ele.

EU NÃO ACREDITO QUE ELE IA FAZER ISSO COMIGO. CAFAJESTE, DESGRAÇADO, BABACA, IDIOTA, IMPRESTÁVEL, FILHO DA PUTA, eu só queria gritar de raiva e xingar ele de todos os palavrões possíveis.

- Você só pode ta brincando com a minha cara, acha mesmo que se eu não precisasse dessa porcaria de carona eu estaria aqui pedindo, justo pra você que é o causador de toda essa merda? Eu posso perder meu emprego! - eu quase supliquei quando vi ele abaixar o vidro de seu lado.

- Você virou as costas pra mim e eu falei que isso não ia ficar assim, e olha só, melhor do que eu esperava. - deu uma risada e juro que nessa hora eu poderia atacar ele, mas acho que no meio dos tapas que eu estava com vontade de dar eu tiraria aquele sorriso desgraçado da cara dele de outro jeito.

Tentei tirar minha cara do chão depois daquilo, apenas me virei e sai andando já que seria um caminho longo. Quando já tinha andando pelo menos um quilômetro eu já não me aguentava mais em pé por conta do cansaço, o peso dos livros não ajudavam em nada, sentei na beira da calçada e minha garganta implorava por um copo d'água.

Mas aquele idiota vai me pagar.

A rua não estava tão movimenta e aquilo me deixou um pouco apreensiva e por isso comecei a caminha de novo antes que algo ruim acontecesse, mas meu dia já estava tão bosta que se piorasse não faria muita diferença. Depois de ter dado cerca de dez passos um carro prata passou por mim e poucos metros depois parou e deu ré até parar ao meu lado, eu resolvi ignorar já que o medo tomou conta de mim nessa hora e continuei andando pra ver se o carro seguia seu caminho, mas ele continuou me acompanhando, escutei um barulho de vidro sendo abaixado mas eu resisti a vontade de olhar e o medo já estava quase me paralisando por completo.

A Piece of HopeOnde histórias criam vida. Descubra agora