Debaixo do cobertor

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   Devo confessar que não sou uma das maiores adeptas do inverno. Esse tempo frio, chuvoso e horrível para sair não é um dos meus prediletos. Prefiro o verão. Calor, sol, praia, vestidos, shorts. No inverno me sinto uma daquelas mulheres que andam com burca. eu Odeio andar toda coberta. Não porque eu goste de sair por aí desfilando meu corpo como muitas mulheres por aí, porque eu não gosto. E nem tenho um corpo perfeito pra ficar mostrando por aí.

  O dia de hoje está uma verdadeira merda. Amanheceu nublado e continua com a mesma aparência até agora. Parecia que ia chover, mas a bendita chuva ainda não deu sinal de vida. Ainda, pois tenho certeza que ainda a noite ela dá as caras. E é exatamente por ter essa certeza que resolvi ficar em casa curtindo a minha cama e um bom filme. E pra não ficar nesse programa chato, chamei a Andreza, minha amiga, para vir aqui. Aliás, deve ser ela que está tocando a campainha agora.

  — Acho que Deus está com a intenção de congelar todos os seres humanos com esse frio que tá fazendo. — fala, assim que abro a porta.

  Também estaria morrendo de frio se fosse ela. Ao invés de colocar uma calça e um casaco bem quentinho, ela está de saia e blusa decotada. Ela é meio, como posso dizer?, piriguete. A palavra é meio forte, mas é exatamente isso. Ela é minha amiga e gosto demais dela, mas ela é meio piriguete. E digo ‘meio’, porque estou sendo boazinha. Mas deixa isso pra lá.

  Conversamos um pouco enquanto esperamos o saco de pipoca de micro-ondas estourar. Não sou nenhuma santa, mas ela consegue me surpreender com as coisas que faz — e me conta, ainda por cima. Não é difícil imaginar porque os homens adoram ficar com ela.

  Escolhemos um filme de comédia e sentamos no sofá, comendo pipoca e tomando chocolate quente enquanto rimos devido ao fato do filme ser tão idiota.

  Quando o filme termina, decidimos assistir ao outro no meu quarto, porque tá um frio do caramba na sala. E ela está quase pelada, comparada a mim, então está perturbando falando que tá morrendo de frio.

  Fecho a greta que está aberta na janela do quarto assim que entro, pois a bendita chuva resolveu cair e não estou afim de ter o meu quarto alagado.

  Ao invés de colocar um filme no DVD, decidimos procurar a algum filme bom na SKY.

  Pego meu edredom e jogo sobre o meu corpo, me sentindo totalmente quente e confortável embaixo dele enquanto Andreza vai passando os canais em busca de um filme.

  — Procura uma comédia romântica. — digo.

  Ela puxa o edredom, se cobrindo também, e continua passando os canais. Amiga é um bicho folgado. Vou te contar, viu?

  — Hum, esse parece ser interessante. — comenta, parando no canal adulto.

  — Tira isso, garota! — falo, pegando o controle da mão dela e mudando de canal.

   Já não basta fazer tudo ao vivo, ela ainda quer ficar assistindo? Pelo amor de Deus!

  — Qual o problema? Já somos maiores de idade há muito tempo e não vamos ser presas se assistirmos a um pornô. — diz. — Você é virgem por acaso? Nunca viu ninguém transando? — faz graça.

  — Não é isso. É que fazer é uma coisa, assistir é outra. Me sinto uma puta safada só de pensar em ver um filme pornô.

  Ela ri. — Fala sério, Cat! Não tem nada a ver. Vamos assistir a essa merda logo! — fala, pegando o controle da minha mão e colocando no canal adulto de novo.

  Que merda! Não tem nada mais tenso do que assistir a um filme pornô com uma amiga do lado. Mesmo ela te conhecendo como ninguém e você não tendo motivo algum para sentir vergonha dela, que é o meu caso e da Andreza, é a coisa mais estranha do mundo. Para mim, pelo menos, porque ela nem liga. Vergonha é uma coisa que não pertence a ela.

Contos de InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora