parte III. - aquela com a conversa.

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Acabou que, quando eles estavam a uns 50km de Forks, uma chuva torrencial desabou, o que não era nenhuma surpresa. Ali chovia mais no que na Inglaterra. Jacob estacionou o carro o mais perto que conseguiu da casa de Bella, mas a viatura do Chefe Swan já ocupava espaço. Os três saltaram do carro, cada um dos meninos carregando uma mala e Bella com o capuz do casaco escondendo a cabeça. Correram até a entrada da casa, onde ficaram protegidos da chuva gelada.

– Não querem entrar? – Ela perguntou ao procurar a chave em um dos bolsos externos da mala.

Sim, eles queriam gritar, mas nenhum dos dois gostava da ideia do outro dentro da casa dela. Eles acenaram negativamente com a cabeça. Ela achou a chave e colocou na fechadura, girando e abrindo a porta.

– Tome cuidado ao dirigir – ela disse para Jacob. Tirou o casaco e entregou de volta para Paul. – Obrigada novamente.

Eles voltaram correndo para o carro enquanto ela entrava na casa chutando as malas.

A chuva realmente atrapalhou o plano dos dois de irem pegar as peças, portanto eles voltaram para a reserva e chamaram os outros, decidindo que precisavam contar o que tinha acontecido.

Já na forma de lobo, Sam mandou a pergunta mental sobre o que eles queriam falar. Os dois começaram a mostrar as imagens ao mesmo tempo, o que apenas confundiu todo o bando. Estava claro que o havia acontecido, mas dois imprintings com uma pessoa só era algo difícil de ser processado.

Quando Paul e Jacob perceberam que o outro tinha sentimentos por Bella a situação ficou horrível. Houve uivos, ganidos e mordidas. Eles lutavam tão rápido que só era possível ver um borrão. Nem Sam, o líder, tentou se intrometer no meio dos dois, apenas pediu para eles não se matarem e para irem conversar com ele depois que tudo acabasse. Ele foi embora e os outros lobos seguiram seus passos.

Levou duas horas para eles pararem de se atracar. O cansaço falou mais alto, fazendo os dois desabarem no chão e voltarem a forma humana involuntariamente, completamente nus. Jacob tentou deixar o braço direito o mais reto possível, para não ser necessário quebrá-lo de novo caso se curasse errado. Do outro lado, Paul arquejou e cuspiu sangue, os longos talhos na carne, feitos pelas unhas de Jacob, se fechando.

– Levante-se logo – ele resmungou. – Sam não vai querer dar o mesmo sermão de novo, então vamos ser obrigados a ir juntos.

Eles seguiram paralelamente a uma distância segura, mas um rosnado do fundo da garganta reverberava pelos seus corpos cada vez que seus olhares se encontravam. Sam estava no galpão, encostado em um carro desmontado.

– Vejo que as crianças pararam de brigar – ele disse sério, os braços cruzados. – Não vou pedir que se sentem, até porque não tem lugar para isso. E vocês merecem passar por toda a dor que sei que estão sentindo. – Ele fez uma pequena pausa e olhou atentamente para eles. – Vou pedir que prestem atenção ao que digo. Sem interrupções.

"Vão ter que lidar com isso. Os dois. Sei que nenhum vai ceder o lugar para o outro. E sei também que vão encher tanto a paciência da Bella que ela vai acabar aceitando tudo isso. Fiz isso com a Emily. Ela não gostou da ideia de pegar o namorado da prima, mas agora estamos quase nos casando. De algum modo, a natureza decidiu que vocês dois eram perfeitos para ela. O que eu não sou capaz de discordar, porque, sinceramente, aquela garota só se mete em problemas. E isso não significa que Jacob tenha mais prioridade porque sempre gostou dela." Ele suspirou, grato pelos meninos deixarem-no prosseguir com o monólogo sem interrupções. "Apenas contem para ela o que aconteceu. Ela já sabe o que é imprinting, não é? Já é meio caminho andado. Ela não vai lidar muito bem no começo, nenhuma delas aceita isso de repente. A não ser Claire, mas ela trata o Quil apenas como a babá." Ele descruzou os braços e deu uns passos para mais perto dos dois, colocando uma mão no ombro de cada. "Bella não é um osso, nem um objeto, mas vão ter que aprender a dividir. Digam para ela um de cada vez." Sam olhou para Jacob. "Se é que minha opinião vale alguma coisa, sugiro que você vá primeiro. Sempre foram amigos e ela com certeza sabe que você já gostava dela. Tirando o fato de que nunca tentou ataca-la."

– Eu sei. – Paul suspirou com pesar. – Só de pensar que eu poderia ter machucado ela chega a doer.

Sam colocou a mão na cabeça de Paul e bagunçou o cabelo dele. Apesar de ser mais alto e mais musculoso, sabia que ele tinha um coração bom.

– Diga isso para ela. Vai ajudar muito.

Jacob lançou um olhar sofrido para ele.

– Pensei que estivesse me ajudando, Sam.

Ele deu uma risada e levantou as mãos em defesa, caminhando de costas até chegar na porta.

– Sou imparcial, apenas cuidando da minha matilha. Não posso mostrar tratamento especial para ninguém. – Ele deu um sorriso malicioso, quase fora do galpão. – Aliás, não foi com essa pequena sugestão que eu disse quem iria ter o primeiro filhote com ela, não é?

– O que você disse? – Paul rosnou, o corpo tremendo de raiva.

Sam apenas saiu assoviando de lá antes que sobrasse para seu lado.

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