Fanuel

Capítulo 1

2 anos depois...

  A torcida vibrava gritando o meu nome e eu não conseguia acreditar quando percebi que era a minha flecha que estava no meio daquele alvo, indicando a pontuação total que consegui no final do campeonato.

  A maior pontuação foi de Jung Hoseok, representando nosso estado pela terceira vez ao longo do Campeonato Nacional de Arco e Flecha! Por favor competidores, de apresente para a entrega das medalhas!

  Realmente não conseguia tirar o sorriso do meu rosto quando escutei meu nome sendo anunciado e as pessoas comemorando por mais uma conquista minha.

  Para quem não me conhece, eu sou Jung Hoseok de Gwangju, na Coreia do Sul. Sou tri-campeão nessa competição nacional e já venci as Olimpíadas, tendo em vista que eu era o mais novo entre os competidores. Não, não estou tentando me gabar, só sinto bastante orgulho de como me esforcei para isso dar certo e como eu tinha tanta certeza desde novo que eu nasci para fazer aquilo.

  Enquanto subia no pódio, tentei analisar cada rosto que estava presente naquela lugar e em como queria trazer para cada pessoa a esperança de que as coisas podem acontecer se você tentar.

  E foi isso que tentei transmitir em meu discurso, quando eu, um menino que teve total desaprovação dos pais quando falei que queria ser atleta e ainda por cima perdi o único amigo de verdade que sempre me apoiava, ia me imaginar estar em cima dessa plataforma, sendo o vencedor de algo que sempre pareceu impossível para mim.

  — Eu sou Hoseok, quero que sempre acreditem que vocês podem fazer o que vocês quiserem. Se vocês não conseguirem ter esperança, lembrem-se sempre que eu estarei sendo e dando esperança a vocês! Obrigado pelo carinho. — Conclui sendo retribuído por uma salva de palmas e um colar de fores em meu pescoço.

   Eu sou J-Hope e estarei sempre tentando levar a esperança às pessoas, mesmo em lugares que não há nada além de escuridão.

***

   Eu só senti a exaustão despencar sobre meu corpo quando finalmente consegui botar meus pés na estação próximo a minha casa.

   Aquele dia tinha sido bastante agitado, tive que sair de casa cedo para chegar ao centro, onde seria feito o evento, arrumar as papeladas, ficar horas treinando, ter que comer apenas coisas permitidas para os atletas para não haver algum enfermo durante as provas e ter que aturar todos os olhados direcionados ao antigo campeão.

  Por mais que eu ame ser campeão, fico imensamente triste por ser conhecido apenas por isso, não por ser um cara que sempre tenta ser engraçado, que faz barulhos engraçado imitando os sons do dia a dia ou aquele que está sempre tentando ajudar e motivar os outros.

   Suspirei cansado e apenas cobri minha cabeça com o capinado casaco e fui andando para minha casa. Nunca me importei com chuva, minha bolsa onde colocava tudo era térmica e por varias experiências já sabia que realmente não molhava.

   O dia estava em uma maravilhosa mesclagem entre o azul escuro de uma noite chuvosa e o restinho de cinza escuro de um dia cinzento. Era uma fusão perfeita entre o dia e a noite em um único céu. Não pude deixar de tirar meu celular que era a prova d'água para guardar algo tão belo como aquilo.

    Poucas pessoas conseguem achar beleza em coisa que elas julgam como algo triste ou morto.

    Mas eu sabia que sempre havia beleza em tudo criado por Deus.

   E pude perceber que eu não era o único quando analisei uma mulher de cabelos pretos e pele tão clara que poderia ser confundida com neve que ficava perfeitamente em contrate com sua blusa de manga comprida cinza e sua saia preta colada que iam até a metade de sua coxa fazendo uma combinação perfeita com as meias pretas grossas a cima do joelho e seu all star preto de cano baixo. O sorriso simples porém cheio de sinceridade era tão angelical que eu poderei ficar o dia todo apenas o observando.

   E sem nem ao menos pensar duas vezes, peguei meu celular e fotografei aquela maravilhosa cena.

   Porém, esqueci também de verificar se o flash estava desligado.

   Quando vi que a menina que antes tinha um sorriso no rosto agora me encarava confusa, não consegui deixar de soltar um gritinho assustado e pensar no que fazer.

   Correr ou fingir morte?

  Estava ainda parado encarando aquela mulher que agora corria para pegar sua bolsa e com passos largos começou a andar em minha direção, o que me fez dar as costas e começar a andar discretamente para o lado oposto dela com uma velocidade razoável.

   Droga Hoseok, por que você é tão burro? Como você conseg....

  — Olá? —Senti uma mão pequena pressionar sobre meu ombro, me fazendo soltar um grito involuntário sem jeito.

— Hã... Oi? — Tentei ajeitar minha postura em uma tentativa vaga de parecer mais confiante.

— Desculpa interromper, mas quem é você?

— Eu sou Jung Hoseok. — Percebi que ela me encarava tentando buscar que nossos olhares se encontrassem.

   Assim que ocorreu, senti como se um raio tivesse acabado de me atingir e todos as células do meu corpo estivesse na mais profunda agitação, fluindo intensamente pelo meu corpo e era como seu olhar tivesse o poder de revirar toda minha alma e como sem tempo estivesse em um modo mais lento, mas sai de meus devaneios quando pisquei e percebi que ela continuava com um lindo sorriso no rosto

— Prazer, eu sou Chun Raziela! Sinto que temos muito que conversar.