O barulho dos carrinhos sendo empurrados pelas mulheres de 30+ anos que tentavam tomar conta dos seus filhos enquanto olhavam todos os tipos diferentes de mobília e decorações cobria o som dos meus suspiros enquanto passeava pela Ikea com a minha mãe.
Nós havíamos pousado na Filadélfia não tinha nem 2 horas e minha mãe já tinha me arrastado para a loja com ela pra comprarmos coisas para o meu quarto e de Sam, eunquanto Sam havia ido com Gabriel para o supermercado pra comprar coisas que nós gostássemos para os próximos dias, apesar de que tínhamos planos de sair para comer hoje de noite.
"O que você acha daquela cadeira para a sua mesa?" Minha mãe apontou para uma cadeira de couro marrom, simples. "Acho que combinaria legal com a mesa de madeira escura no seu quarto."
"Eu não sei, nem tive a oportunidade de ver o apartamento direito" Revirei os olhos.
"Hunter, pensei que você já tivesse superado todo o negócio com a mudança" Minha mãe suspirou, parando de andar pra me encarar com aquele olhar de mãe.
"Eu sei, é só que honestamente, eu to cansado, e não ligou muito pra esse negócio de mobília. Eu quero me acostumar com o lugar e as coisas aqui, mas acho que vocês estão fazendo tudo com muita pressa" Dei de ombros.
Sem falar mais nada, ela voltou para onde tínhamos visto a cadeira, anotou as informações dela, e continuou andando com o carrinho sem me perguntar se gostava de nada ou se queria alguma coisa. Depois que o nosso carrinho já estava lotado e sua lista já tinha duas folhas, ela se dirigiu em direção à atendente que colocaria os itens maiores na sua conta antes de irmos fazer o pagamento.
Quando saímos da loja ela finalmente se virou para mim e ainda sem falar nada, só me deu um abraço. No começo fiquei meio sem reação, mas quando percebi, já estava abraçando ela de volta, chorando sem conseguir conter minhas lágrimas que mal sabia de onde estavam vindo.
Gabriel veio nos buscar e quando Sam saiu do carro para nos ajudar a colocar as coisas no porta malas ela percebeu que meu rosto estava meio inchado e arqueou as sobrancelhas, me perguntando silenciosamente que o havia acontecido. Mas como mal eu sabia a resposta, apensa dei de ombros e entrei no carro.
Voltamos para o apartamento de Gabriel e depois que tiramos tudo do carro dele, tive a oportunidade de parar para realmente dar uma olhada no lugar. O apartamento não era super grande, já que afinal de contas era no meio da cidade, mas era bem moderno. A cozinha estilo americana parecia digna de um chefe mas confortável ao mesmo tempo. As janelas ao lado do sofá eram enormes e parecia o tipo de lugar onde conseguiria me sentir em casa.
Casa... não pude deixar de pensar no Havaí. No condomínio onde morávamos, no resort, em Caleb... Sabia que essa era uma oportunidade para começar tudo de novo, mas levaria certo tempo e eu precisava ter mais paciência.
"Hey, preciso te falar uma coisa" Sam me puxou para o lado, enquanto estava encarando a paisagem pela janela da sala.
"O que foi?" Franzi, um pouco preocupado.
"Eu sei que talvez não seja uma boa ideia falar nada mas... quando Gabriel e eu estávamos no supermercado, eu acidentalmente esbarrei em uma pessoa enquanto estava distraída procurando pelas laranjas"
"Ok?" Ergui uma sobrancelha sem saber exatamente onde essa conversa estava indo.
"Essa pessoa era o pai de Caleb..."
"Oi?" Meu coração pulou uma batidada e senti como se estivesse ficando um pouco tonto. Peter... será que Caleb estava aqui também? Será que ele estava no mesmo supermercado que Sam? Será que-
"Hunter" Sam chamou minha atenção, percebendo que minha cabeça estava ficando doida com todos esses pensamentos "Ele me reconheceu. De quando fui com você para se despedir deles. Ele ficou bem surpreso de me ver aqui, e claro que aproveitei para falar o mesmo e perguntar sobre Caleb."
"E o que ele disse?"
"Bem... ele disse que Caleb está em Nova York e perguntou como você estava."
Realmente, eu me lembrava de Caleb ter dito que morava em Nova York e me toquei então que Nova York era apensa um pouco mais de uma hora de distância de Filadélfia. O que significava que agora estava ainda mais perto de Caleb do que antes, e que provavelmente seria ainda mais fácil de nos encontrarmos do que se tivesse ficado no Havaí, e parte de mim odiava isso.
Como que eu poderia seguir em frente sabendo de uma coisa dessas?
Com uma vontade imensa de gritar, fui andando de volta para o corredor em procura do que seria meu quarto. Vi minha mãe colocando algumas de minhas coisas em cima de uma cama no primeiro quarto da direita e imaginei que seria esse, o meu lugar.
"Hey filho, espero que você não se importe com esse quarto, já que você vai estar morando na faculdade a maior parte do tempo de qualquer jeito. Esse é o menor do apartamento mas até tem uma vista muito boa para a cidade" Ela se virou para a janela enorme que nem as da sala.
"Esse é o menor quarto?" Não pude deixar de arquear uma sobrancelha, fazendo as medidas mentalmente. Tinha certeza de que esse quarto era maior do que o outro que tinha na nossa casa no Havaí.
"Ta tudo ótimo mãe. Por que você não vai ajudar a Sam? Ela precisa achar o colete dela já que está quase na hora da próxima sessão" Falei, querendo ficar sozinho por um tempo.
Assim que ela saiu do quarto, me joguei na cama e antes que percebesse já estava chorando. Eu tinha percebido que parte de mim quase esperava que algo tivesse acontecido com Caleb para ele ter parado de falar comigo. Parte de mim queria acreditar a qualquer custo que ele não tinha simplesmente escolhido parar de falar comigo, mas estando mais perto dele me trazia para a realidade e eu percebia que o que tinha sido um dos melhores momentos da minha vida não havia significado nada para ele.
Eu acabei passando o resto da tarde deitado enquanto minha mãe e Sam iam e viam com as minhas coisas para dentro do quarto. Imaginava pelo fato de minha mãe não estar fazendo perguntas que Sam havia contado pra ela o que ela viu. Infelizmento quando chegou a noite Gabriel apareceu na porta do quarto e deu uma batida de leve no batente.
"Hey Hunter, quer sair para experimentar um dos famosos restaurantes de Filadélfia?" Ele sorriu de leve, tentando ser gentil.
"Não to com muita fome" Falei ao mesmo tempo que meu estomago roncou alto o suficiente para nós dois ouvirmos
"Tem certeza?" Ele riu de leve "O que aconteceu? Você se importa se eu..." Ele apontou para a cama, indicando que queria entrar e se sentar comigo, e eu apenas dei de ombros.
Ainda não me sentia super de boa com Gabriel, mas nosso relacionamento definitivamente havia melhorado e eu estava disposto a tentar fazer isso funcionar nem que fosse pela minha mãe.
"O que aconteceu? Problemas de relacionamento? Você estava namorando alguém no Havaí?"
"Sim, mas não... não é nada importante, honestamente."
"Se você não quer falar sobre isso tudo bem, mas se precisar estou aqui, talvez possa trazer um ponto de vista diferente e ajudar de alguma maneira" Ele deu de ombros, dando um tapinha no meu ombro de leve "Mas de qualquer jeito, meu convite para ir ao restaurante ainda está de pé. E se isso deixa você mais animado, não se esuqeça de que amanhã vamos a conhecer a sua universidade" Ele se levantou e saiu do quarto.
Pensar sobre a universidade me ajudou um pouco a superar o que Sam havia me dito, já que me trazia um pouco mais para a realidade e me fazia pensar mais sobre o futuro. Antes que pudesse tomar uma decisão em relação ao restaurante, Sam já havia aparecido no meu quarto e estava me puxando da cama para ir lavar meu rosto e me arrumar antes de sairmos.
Eu era profundamente agradecido à minha família, especialmente Sam. Eles nunca deixavam de me apoiar e tentar evitar que me afogasse em lágrimas quando as coisas não estavam indo bem. Então o mínimo que poderia fazer era tentar aproveitar os momentos que tínhamos juntos como aquele jantar, e me preocupar com Caleb no dia seguinte.
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Summertime (boyxboy)
Romance[Não Editada] "Caleb vai para o Havaí com seus pais para passar as férias de verão antes de começar o seu primeiro semestre na faculdade, e apesar de no começo não estar muito animado com a ideia de passar três semanas em um resort na praia, algo, o...