College (Emison)

Capítulo 25

Alison's POV

As aulas estavam começando a ficar muito puxadas. Eu só estava sonhando com a semana do saco cheio. Precisava dar um tempo dessa faculdade. Spencer parecia uma escrava dos livros, não tinha um minuto que ela não estava com a cara enfiada em um livro diferente – livro de estudos, não esses de literatura. Hanna e eu tínhamos um trabalho atrás do outro, a maioria em dupla, que a gente ficava juntas.

Fazia 2 semanas que eu não via Emily. Claro, as vezes eu a via correndo pelo corredor ou comendo algo no refeitório, mas nunca dava tempo de conversar com ela ou beija-la. A última vez que ficamos juntas foi quando ela me pediu em namoro e Hanna interrompeu nossa (quase) transa.

- Aguenta. Só mais uma semana e depois a gente vai pra praia, bebê - Han incentivava Spencer a continuar decorando algumas leis passadas por seu professor. Eu já tinha conversado com todas as meninas sobre ir à casa de praia da minha tia durante nossa folga, e todas toparam.

- Por que eu inventei de fazer faculdade? - Spencer diz enquanto bate com o livro em sua própria cara

- Pra ter o emprego que você sempre quis. - falei e tirei o livro de sua mão - Descansa uns 15 minutos, aí depois você volta a estudar ok? - assentiu positivamente com a cabeça e fez o que mandei

          - Ali, sua tia vai também? - Hanna me perguntou desajeitadamente enquanto escovava os dentes

          - Não, ela não é tão sem noção a ponto de querer ficar com a gente e atrapalhar nosso feriado - ri

          - Sabe Ali... você fala bastante da sua tia - diz Spencer

          - Ah ela é incrível - sorri - Eu não podia pedir por uma tia melhor

          - Desculpa perguntar mas... - tentou achar um modo delicado de dizer - Por que você morava com ela? Ãhn tipo você nunca fala dos seus pais...

         - Ok - respirei e comecei a contar a história - Quando eu tinha 17 anos, eu resolvi assumir de vez para os meus pais que eu sou lésbica.

- Alison n-não precisa contar - Spen voltou atrás em sua pergunta ao ver sobre o que se tratava - Deve ser doloroso para você conversar sobre isso

- Um hora ou outra eu ia ter que contar - dei um pequeno sorrisinho, mostrando para as duas que eu estava bem - Era uma sexta feira à noite. Nós estávamos jantando pizza. Eu me lembro de tudo como se fosse ontem. Metade calabresa metade quatro queijos. Coca 2 litros na mesa. Uma típica sexta feira na minha família. Quando todos terminamos de comer, antes da minha mãe começar a tirar os pratos eu disse que precisava contar uma coisa a eles. Nos sentamos novamente à mesa e eu falei "mãe, pai. Eu sou lésbica". Foi como se eu tivesse admitido ter matado alguém, ou dito que eu era terrorista... - lágrimas vieram aos meus olhos e eu não pude contê-las ao me lembrar de todos os detalhes daquele pavoroso dia - Minha mãe chorava freneticamente. Meu pai falava cada coisa para mim, que parecia que eu nem era filha dele. Bom, o que ele falou não foi diferente disso mesmo...

- Pera aí, seu pai disse que... - cortei Hanna que estava indignada

- Exato. Disse que eu não era mais filha dele. Que ele não tinha gerado uma aberração. Que ele e minha mãe eram pessoas de Deus, então era impossível que uma criação diabólica fosse filha deles.

- Isso é tão horrível - Spencer estava boquiaberta com tudo que ouvira - Eu não tenho nem o que dizer

- Não diz nada ainda. Não acabou a história toda. Eu me lembro que, naquele dia, nós ficamos umas 2 horas batendo boca, brigando mesmo. Tudo que eles falaram pra mim naquele dia ficou grudado na minha memória. Eu não conseguia acreditar que as mesmas pessoas que ontem falavam "eu te amo, filha" hoje estavam falando "eu te odeio, criação do demônio". Pode parecer um exagero. Pode parecer que eu estou mentindo e colocando argumentos que eles não falaram. É chocante até hoje pra mim. Mas é tudo verdade. Naquele mesmo dia, meu pai e minha mãe disseram exatamente isso "Alison você tem 1 hora pra juntar suas coisas e sair dessa casa". Eu não sabia o que fazer. Pra onde ir. Pra quem falar o que havia acontecido. Afinal, estávamos em Nova York e toda a família do meu pai morava no Canadá e a da minha mãe na Europa. Eu só me lembrava de uma pessoa que estava perto: Mary. Minha amada tia. Mas eu não podia vir até Rosewood à 1:00 da manhã. Então eu liguei para uma amiga minha e pedi para dormir só aquela noite na casa dela. - Spencer e Hanna ouviam a história atenciosamente, sem dizer nada. Meu rosto estava encharcado por conta das lágrimas. Han chorava muito, mas conseguia manter-se firme para me dar apoio. Spencer – pessoa que Eu nunca tinha visto chorar – limpava o rosto a cada 2 minutos por conta do choro. - Quando amanheceu, liguei para Mary e perguntei se havia possibilidade dela vir me buscar e me deixar morar temporariamente com ela. Ela nem questionou, veio no mesmo segundo. Contei tudo que havia ocorrido e ela me apoiou todo dia, todo minuto. Esse temporariamente já não existia mais. Ela me tratava como uma filha. Tratava não né, trata.

- Isso é tão triste e tão comovente. Eu idolatro sua tia agora, Ali - brincou Hanna, ainda com a cara inchada - Você é maravilhosa, não importa o que seus pais babacas digam

- Eu não tenho o que dizer, sinceramente. Tem horas que é melhor nos mantermos calados e apenas fazer uma coisa - me abraçaram ao mesmo tempo, como se lessem a mente uma da outra. Como eu estava precisando daquilo.

- Amo vocês - falei

- Nós também te amamos - falaram juntas

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Gostaram desse? Foi escrito na intenção de ser triste, não sei se deu certo kkk

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Beijos <3