Capítulo 39

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Autora: antes de começar, quero dar um aviso: esse capítulo inteiro (mais ou menos 1.165 palavras) é sobre o passado da Mona. Se você não tá a fim de saber o motivo dela ter morado com a Hanna durante a infância/adolescência, nem o que aconteceu com os pais dela, pula esse capítulo.

Mona's POV

         Tenho que admitir que a ideia de ir acampar me assustava. Eu nunca tinha feito nada do tipo. E se um serial killer viesse no meio da madrugada e nos matasse? E se um bicho viesse no meio da madrugada e nos matasse? E se desse uma louca em uma de nós no meio da madrugada e ela matasse as outras?

{Hanna} Mona por que você só pensa em algo nos matar?

{Mona} Sai do meu POV Hanna!

           Continuando, eu não estava acostumada com a natureza. Pra ser sincera eu não estava nem acostumada com esse tanto de pessoas no meu ciclo social. Durante toda minha infância e adolescência eu só tinha a Han ao meu lado. Todos me achavam estranha, assustadora, macabra, nerd e outras coisas do tipo.

Além de tudo que eu sofri na minha vida, eu ainda era obrigada a ouvir as pessoas me chamando de dezenas de apelidos diferentes, zombando de mim todo dia, me excluindo e fazendo da minha vida um inferno.

Ah verdade né, eu nunca contei a trágica história da minha família. Então vamos lá:

Quando eu tinha uns 12 anos, minha mãe, meu pai e eu estávamos indo viajar. Era uma viagem simples, de carro mesmo, para uma cidadezinha próxima da nossa. O caminho foi tranquilo como sempre, nada de novo. Mas de repente um caminhão descontrolado fechou meu pai e nosso carro acabou capotando. Foram 3 voltas que pareceram intermináveis.

Quando finalmente o carro se estabilizou, eu olhei em volta e tentei analizar a situação. Eu ouvia os gritos da minha mãe, não sei se eram de dor ou medo/desespero – também não sei se o medo era de morrer ou de perder a filha – Meu pai tentava cobrir o rosto – porque muitos cacos de vidro e partes da lataria estavam caindo – e proteger minha mãe e eu, em vão. Ele falava para eu manter a calma, dizendo que nada iria nos acontecer.

Senti uma dor insuportável no estômago e quando olhei pra baixo vi uma roda de sangue na minha blusa e um pedaço enorme de vidro enfiado na minha barriga. Senti que o desespero ia tomar conta da minha cabeça e do meu corpo, mas eu me mantive firme. Meus pais precisavam de mim, eu tinha que ajudá-los.

Me soltei do cinto de segurança e com cuidado saí do carro. Com muita dificuldade, caminhei alguns passos para a frente e me ajoelhei no chão, sentindo o asfalto quente e áspero contra meus joelhos.

Naquele momento minha vida parecia que tinha acabado. Soltei um gemido/grito sofrido, triste. Lágrimas escorreram por todo meu rosto sem que eu conseguisse contê-las. Respirei fundo e as sequei, me levantando e caminhando de volta para o carro.

- Mãe tá tudo bem, ok? Eu to ótima. Vamos cuidar de você e do papai... Cadê seu celular? O meu foi esmagado durante o acidente
- Mona - me chamou com custo, falando baixinho como se não tivesse forças - Eu eu te amo filha. Nunca se esqueça disso. - levou a mão até meu rosto e fez um carinho leve em minha bochecha

- Eu também te amo - sorri e senti mais lágrimas escorrerem - Não mãe, abre os olhos! - falei quando ele deitou a cabeça no banco e fechou lentamente os olhos - Você não pode dormir, fica acordada! - a balancei, em vão.

Corri até a porta do meu pai e nesse pequeno caminho, vi que já haviam 2 carros parados prestando socorro. Eles telefonavam para tudo que é possível. Meu pai estava soando frio, agonizando no banco.
- Pai? Você está bem? Eu sei que não... vai dar tudo certo ok? Eu prometo

- Eu sei - deu um sorrisinho quase imperceptível - Mona, eu quero que você se lembre de uma coisa - afirmei com a cabeça, para ele prosseguir - Nunca mude para agradar alguém. Seja sempre você. Você é perfeita do jeito que é, meu amor. Não ligue para as bobagens que os outros falem. Ficou claro?

- Muito - peguei em sua mão - Eu te amo

- Te amo filha - ameaçou fechar os olhos

- Não, você também não! Fica acordado ok? - ele assentiu com a cabeça e eu corri de volta para a minha mãe - Mãe... acorda...

- Filha - retomou a consciência e balbuciou as palavras - Eu não sei se aguento. Caso eu não sobreviva, nem sei pai, fique com a tia Victoria ok? Ela, o tio Marcus e a sua prima Hanna vão cuidar bem de você. E fala pro seu pai que eu amo ele.

- Não fala isso! Vocês vão sobreviver. - falei firme e ela sorriu

- Você é tão forte meu amor. Eu não tenho tanta certeza que eu viverei muito mais, então me promete que não vai deixar nada te abalar

- E-eu prometo - gaguejei por conta do choro - Mãe por favor não vai, eu preciso de você

- Não filha... você é capaz, eu confio em você. Eu te amo muito minha linda. - essas foram as últimas palavras que eu ouvi minha mãe dizer antes de morrer.

Sem conseguir me conter, mesmo sabendo que poderia piorar meu ferimento, agarrei o corpo falecido, mas ainda quente, de minha mãe e o apertei com força, chorando sem parar. Por que me deixou? Por que? Eu não vou conseguir viver sem você.

A dor era tão grande que eu já não sentia mais nada. O vidro enfincado na minha barriga não fazia nem cócegas. O corte na minha cabeça não ardia mais. A dor que eu sentia na costela já não existia. Tudo que eu sentia era a dor de perder uma mãe. Ver sua mãe morrer, na sua frente, era muito doloroso.

Voltei até meu pai e baixinho disse, enquanto acariciava seus cabelos.

- Pai, a mãe te deixou um recado. Ela disse que te ama muito.

- Eu também a amo. O que houve Mona?

- A mamãe... acabou de falecer. Ela não resistiu - seus olhos se encheram de lágrimas assim como os meus.

- Amor, eu quero que você resista. Dizem que quando você está prestes a morrer, você sente uma coisa, você sabe que está chegando. Eu to sentindo isso. Mas eu quero que você continue firme e essa mulher maravilhosa que você é ok? - beijou minha mão

- Eu acho que não vou aguentar ficar sem vocês. Eu te amo pai

- Vai sim. Você é resistente. Eu te amo - disse e apagou

O resto eu não preciso contar. Chegou um monte de ambulâncias, me levaram para um hospital, declararam o óbito dos meus pais e um monte de outras coisas. Eu descobri que, além do vidro no meu estômago e do corte na minha cabeça, eu tinha quebrado 3 costelas e 2 lugares do maxilar.

Foi a partir daí que eu passei a viver com os Marin, que me acolheram amorosamente e me trataram como filha. Hanna passou a ser uma irmã pra mim. Mesmo após 7 anos, ainda é muito doloroso falar sobre isso, por isso que eu, Han, Victoria e Marcus nunca tocamos nesse assunto. Eu vivo uma vida normal. Na medida do possível.

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O que acharam desse? Confesso que rolou umas lágrimas enquanto eu escrevia kkkk

Esse foi um capítulo tipo extra, porque além desse vou postar outro ;)

Não esqueçam de comentar e votar :)

Beijos <3

College (Emison) Onde histórias criam vida. Descubra agora