Versade

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Quando eu ouvi o que Torvi disse, vibrei. Tinha dado certo, Jason havia conseguido.

- Como assim, Torvi? Eu não posso fazer isso, não estou preparada. - disse eu soando preocupada.
- Relaxa, Scar. Você é a melhor e vai conseguir, precisamos de você, a empresa Versade depende de você.
- Vou pensar e amanhã te direi a resposta, pode ser?
- Virá aqui, então?
- Infelizmente sim.
- Até mais, pensa bem e obrigada, amiga. - disse Torvi convencida sobre minha decisão.

Quando desliguei o telefone, eu saltei de alegria, segurando meus gritos para não acordar os vizinhos. Era tarde. Joguei-me no sofá me debatendo. Minha resposta era certa, e Torvi estava certa em pensar sobre minha decisão, pois a resposta era certeira antes mesmo de ela ter me proporcionado este pedido.

Dia seguinte...

Não consigo usar roupas muito fechadas. Botei uma saia e uma blusa com decote – nada vulgar – e resolvi ir bem cedo para a Versade, pois eu tinha outros casos para resolver em meu escritório a algumas quadras daqui. Chegando na empresa, tive meu primeiro contato com a Liza, atendente do Mateo. Era um prédio espelhado e bem grande, com a logo de detalhes azuis em seu centro, além de ser muito bonito por fora, era envolvente por dentro. No interior, havia lustres que tinham sua iluminação única, diferente de todas as outras que eu já havia visto. Era tudo bem simples, mas chique. Sabe aquele cheirinho de consultório? Então, é como se tudo fosse novinho e sempre limpo. Elevadores pela esquerda, escadas pela direita e uma parte central e espaçosa para Liza – fator que me instigou, foi o fato de ela usar os mesmos tipos de roupas que eu, senti-me aconchegada, porém não-única. Após minutos de observação e reflexão sobre o lugar, dirige-me a pessoa principal dali, na qual seria a única a me dar acesso a outras salas, a qual guardava meu interesse.

- Olá, com licença. Liza, não? - disse eu, observando seu nome no canto de sua blusa.
- Bom dia, como posso ajudá-la?
- Meu nome é Scarlett Cavanaugh, é sobre o processo da empresa.
- Ah, Torvi é a encarregada disso. Suba para o 8º andar. – disse Liza apontando para o elevador.
- Tudo bem, obrigada. - disse me dirigindo ao elevador quando ela continuou a dizer.
- Cavanaugh, se precisar de alguma coisa, não hesite em me chamar. - piscou o olho direito para mim, abrindo um leve sorriso e sendo gentil. Será que ela recebe para ser gentil assim? Pensei comigo mesma.

Indo direto ao elevador, entrei e repousei ao centro do ambiente cerrado. Tocava uma música clássica, o que uma empresa de alta classe não poderia faltar. Quando a porta estava entre-aberta alguém segura a porta e percebo um homem.

- Bom dia! - disse ele sendo educado, onde sequer prestou atenção com quem falava, dizendo sem direcionar o seu olhar a mim.

Seu cheiro corria sobre os ares, o seu perfume marcou aquele momento, aquela música e aquele ambiente. Trouxe sentimentos antigos e nada bons. Ele vestia uma blusa social azul claro, bem folgada e enquanto esperava, ajeitava seu cabelo. Ele, impaciente – talvez com a música – resolve perceber quem estava ao seu lado, onde se encontrava distante à mim.

- Não respondeu meu bom dia? - disse relembrando segundos atrás, puxando assunto, talvez.
- Desculpe, bom dia. - disse eu tentando soar sem graça.
- Eu te conheço de algum lugar, não? - disse franzindo o cenho tentando recordar e chegando perto de mim.
- Bom, acho que está enganado, senão eu me lembraria de você, com certeza, jamais iria esquecer. - disse eu, balançando minha cabeça tendo total certeza sobre o que dizia.
- Opa, agora ela fala, gostei. - disse ele dando o sorriso que somente ele sabe bem como o fazer.
- Eu estou indo de encontro a Torvi, você a conhece? - perguntei.
- Conheço, e muito bem. O que tem com ela?
- É sobre a empresa.
- Então você é a solução dela?
- Como assim? - disse eu parecendo confusa.
- Ela disse que iria resolver o problema da empresa, então você pode ser a solução disso tudo.
- Muito fofo você achar isso, talvez esteja certo. - eu disse desviando meu olhar para a porta.
- Muito convencida, olhe para mim novamente, não desvie o olhar.
- Não sou obrigada. - eu disse rindo.
- Talvez seja. - disse indo de encontro ao meu corpo. Eu pude sentir seu calor fluindo ao meu, sua respiração rápida de sua impaciência há alguns segundos pela música clássica e o seu perfume mais forte. Havia respingos do perfume em sua blusa, pude enxergar nitidamente. Confesso que fiquei nervosa por ter chegado tão perto e fluido demais.
- O que? - disse trêmula, fazendo-o achar que cai em sua jogada.
- Só estou brincando, bobinha. Já que vai passar a trabalhar comigo, saiba que sou muito brincalhão. Prazer, Mateo Dane. - disse se afastando.
- Entendi. - eu disse com um sorriso sem graça e confusa no momento. Eu não estava dessa vez no controle da situação.

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⏰ Última atualização: Apr 12, 2018 ⏰

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