Fica?

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Estou aqui.

Tantas palavras trocadas, nunca respirando o mesmo ar. Estamos nos encarando, nem ouso piscar. Ele precisa saber, não é um jogo, é real, o quero. E sua expressão nesse momento, me faz querer sorrir, e ao mesmo tempo ter certeza de que tomei a decisão correta. Ainda em observação mútua, assisto quando ele lentamente sai do transe provocado por mim. Amo que eu possa ter provocado alguma emoção nele. Seu olhar brilhante amolece, deixando suas feições preguiçosas, insolente. O olhar de um tigre, prestes a perseguir sua presa.

Mesmo que eu tenha planejado esse encontro, estou assustada. Minhas pernas parecem estar com a consistência de um pudim, pareço febril, e meu estômago reage como se eu tivesse ingerido algo estragado. Minha mente hipocondríaca conjectura as possibilidades. Sinto-me doente. É quase impossível, mas eu prefiro que ele não note isso. O conhecimento da minha vulnerabilidade lhe dará mais poder sobre mim. Ele já suspeita ter esse poder, não precisa ter certeza. Ainda que, tudo o que eu constantemente desejei, foi entregar mais do que o meu corpo. Aposto que ele poderia ficar com a droga da minha alma que não me importaria.

Não posso fazer isso.

Por mais que eu não deseje ficar emocionalmente vulnerável, estou disposta a ficar sexualmente. Hoje, cada respiração que eu der, meu corpo, orgasmos.... Pertencem a ele. Não quero aquelas conversas onde trocamos palavras por horas. Nada de confissões secretas. Nenhuma regra social de comportamento, por favor, desculpe, com licença, certo, errado, bom ou mau. Só desejo a música de dois corpos insanos em movimento, roupas espalhadas, lingeries rasgadas, fluídos, gemidos, gritos e puxões de cabelo. O quero desenfreado. Me quero do avesso. O escolhi. Aqui, nesse momento, ele pode fazer o que quiser com meu corpo. Estou consentindo.

Minha mente diz ser um erro gigantesco, meu corpo discorda.
Talvez meu corpo não seja tão estúpido, pois a força da energia que estou sentindo ele emanar, deixou-me desperta. Como se tivesse ligado um interruptor. Sinto a eletricidade no ar e já estou ansiando o choque. Pelo seu olhar inflamado e esse meio sorriso ridículo de tão sexy, a surpresa do encontro inesperado, dissipou-se.

Não vai demorar.

Respirando pesadamente, sinto meus pulmões reclamando da falta de oxigênio e minhas pernas falhando em obedecer meus comandos para que continuem em pé e ele sequer me tocou. - 'Respire, sua idiota!' - grito em meus pensamentos. Mesmo à distância, esse homem controlou meu corpo e mente por tanto tempo, que não sei como devo agir, é como se eu estivesse esperando o seu comando. Se ele não fizer nada agora, tenho certeza que desmaiarei...

_ Eu seguro você. – sua voz interrompe meus devaneios, fazendo-me questionar se eu falei em voz alta. - _ A sua mente é tão barulhenta.... – ele continua, baixinho, como se não quisesse ter declarado isso.

Antes que eu possa perguntar qualquer coisa, aproxima-se, distraindo-me. Com muito esforço, consigo manter meus olhos abertos enquanto ele fica mais próximo. Numa tentativa exorbitante em não quebrar o contato visual. Percebo o ar ao nosso redor, crepitar, me dando a certeza de que estou delirando. Por dois segundos, fecho os olhos. Ele me segura.

Meu coração pula uma batida.

Paro de respirar.

Quando meus olhos voltam a focar seu rosto, ele sorri, e é perfeito! Pra quê ar? Não preciso respirar, só preciso desse sorriso.

_ Respire! - ele diz suavemente, mas é uma ordem, e eu obedeço. _ Agora preciso que você diga as palavras, preciso ouvir você me dar permissão. Sim? - pergunta suavemente, com a voz forte e rouca, próximo ao meu ouvido.

Aperto meus olhos, franzindo gravemente a testa no percurso, numa tentativa de compreender o que ele está dizendo. É quando recordo o real motivo de estarmos aqui.

Posso fazer isso? Reflito. Ele pode possuir o meu corpo, já aceitei esse fato, mas minha mente ainda precisa pertencer-me. Penso sobre todas as trocas de e-mails, quando ele dizia querer os dois. A minha resposta habitual é que ele só poderia ter um, meu corpo. Agora não me sinto muito inteligente. Como vou conseguir fazer essa distinção nos próximos minutos? Isso é possível? Tento parecer segura ao responder.

_ Como combinado, estou aqui por isso. Você pode ter o meu corpo. - digo corajosamente.

Ele sorri. Merda! Deveria ser proibido. Deveriam fazer letreiros, em néon, com a única função de nos alertar desse sorriso. E seus olhos? A maneira como me olha, é inquietante, como se soubesse de todos os meus pensamentos. É perturbador!

_ Por que você está sorrindo? É porque vai conseguir o que quer? – o questiono, curiosa.

Ele nem sequer titubeia. No mesmo segundo, ainda sorrindo e com seus braços ao meu redor, diz.

_ Já tenho o que quero, agora vou tomar o que é meu. – declara, imperturbável. 

(...)

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Olá, leitores!

Escrevi esse devaneio há uns anos, estava perdido no meio dos meus escritos. Resolvi trazê-lo à vida e compartilhar com vocês. É somente um conto, mas se vocês acharem que vale um plus, posso pensar sobre isso, rs...

Como vocês puderam notar, aqui no wattpad está somente o início, uma pequena degustação... Contudo, o conto completo está disponível na Amazon, pelo link:

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Com aquele precinho amigo para incentivar a autora aqui, rs...

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Este conto também faz parte da Antologia "O que elas contam?" da Editora Cartola, que são contos escritos exclusivamente por mulheres. Maiores Informações: http://www.cartolaeditora.com.br 

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Então, fiquem à vontade pra comentar ou me enviar mensagens, prometo que respondo!

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Beijos de luz,

Lili

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⏰ Última atualização: Jul 16, 2020 ⏰

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