Capítulo 2.

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O final de ano era uma data mentirosa e ardilosa. Trazia esperanças renovadas pra quem não as tinha mais e fazia com que todos se sentissem mais corajosos. Então o ano recomeça e todos os juramentos e desejos são perdidos no vento. Por mais que as pessoas façam promessas de ano novo, todas sabem que no fim sempre acontece a mesma coisa: nada muda.

No sábado, Nick resolveu não arriscar ir ao centro, depois da aglomeração de gente no shopping, tinha ficado traumatizado. Ficou em casa e baixou alguns filmes, depois lembrou que tinha que enviar os presentes, que já tinham sido embrulhado em papel de presente, por isso acabou dando no mesmo: Ficou preso em uma fila enorme.

Era só isso que o natal fazia: atrasava as pessoas, deixava tudo mais lento e lotado.

No domingo, véspera de natal, ele foi passear com Elvis no Central Park que estava mais branco do que nunca, coberto por uma camada espessa de neve. Era meio melancólico está sozinho em uma véspera de natal e saber que passaria ele sozinho enquanto todos estavam com a família. Tentou ligar pra Demi, mas ela não atendia, provavelmente ocupada com o namorado ou com a irmã mais nova.

Demi e ele se conheceram na escola, quando adolescentes, ela era apaixonada por seu irmão do meio, Joe, e achou que ficando amiga de Nick teria uma chance a mais com o garoto tão popular, deu certo e eles começaram a namorar, mas não durou nem seis meses e quase que Nick perdia a amiga de tão magoada que ela ficou com Joe, acabou que a amizade, que começou por causa do irmão, durou bem mais que o namoro e, mesmo ela morando em Dallas, no Texas, eles ainda eram melhores amigos.

 Nick praguejou por não ter quase nenhum amigo do sexo masculino pra poder falar coisas de homem e ainda mais por não ter namorada.

Ao pensar isso, mudou logo o rumo de seus pensamentos, sabendo que o que estava indo não eram apropriados.

Seu natal foi, no mínimo, dramático. Ele acordou de manhã com um telefonema da mãe mandando feliz natal, onde ele pôde perceber que estavam todos, todos mesmo, em casa, até Joe e a namorada de longa data, que não costumava aparecer tanto por lá, sabendo que a família não gostava tanto assim dela. Ele soube então que os presentes não tinham chegado, e provavelmente não iriam nem tão cedo por causa do feriado e por ser fim de ano. Ao fim da longa ligação, o apartamento de Nick parecia maior que nunca e, definitivamente, mais vazio que nunca. Tudo estava fechado e nada além de filmes natalinos passava na tevê e, mesmo sendo cristão, se perguntou para quê servia o natal.

Foi assim que sua semana passou, solitária e depressiva. Até mesmo quando Maya apareceu tarde da noite em seu apartamento, na quinta, o convidando -não, não o convidando, intimando-o.- para ir a festa de ano novo na (grande) casa de seu namorado, ainda sim estava desanimado.

- Mas vai de qualquer forma- Deixou claro Maya, esparramada do seu sofá- Mudando de assunto, de nada pela ajuda com os presentes- Disse sarcástica

- Ah, eu tinha esquecido sobre isso, mas obrigado- Nick agradeceu enquanto tomava uma cerveja encostado no balcão da cozinha, que a dividia da sala

- Sem problema, eu sabia que a loja resolveria tudo- A asiática falou presunçosa

- Posso saber como?- Perguntou

- Apenas sabendo- Maya respondeu simplesmente e se levantou do sofá- Tenho que ir, é feio pra uma dama comprometida está tarde da noite na casa de um rapaz que não é seu namorado- Ela disse fingindo formalidade

- Onde está essa dama?- O outro perguntou divertido acompanhando a amiga até a porta

- Idiota- Ela então socou o braço dele e se despediu, indo pra seu próprio prédio.

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