Capítulo 1 - Único

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Quando o despertador do celular soou pelo cômodo, seu dono, o rapaz loiro, mais rápido do que seu cérebro poderia processar deslizou a tela, o cancelando. Mas ele não levantou da cama para começar suas tarefas diárias, ao contrário, voltou a acomodar a cabeça no travesseiro branco e em poucos segundos uma letargia suave dominou todo seu corpo como se aquela movimentação nem tivesse acontecido.

É, ele estava se sentindo um pouco preguiçoso... Julguem!

Só que a verdade era, naquele dia em especial, 31 de dezembro, véspera de ano novo, não havia muito que se fazer ás 07h30min da manhã. Tinha dois dias de folga da empresa e não estava com disposição para sair daquele emaranhado de lençóis aquecidos, não só pelo calor do seu corpo mais com o do companheiro também. Sasuke devia estar exausto, não havia nem se mexido com seus movimentos e geralmente o moreno era quem acordava primeiro.

Olhou por entre as pálpebras semi cerradas o Uchiha que ressoava tranquilamente. Aquele era um ano novo muito especial, seria o primeiro desde que o autor se recuperou completamente do câncer.

A leucemia era uma lembrança distante agora, mas ainda tinha o poder de lhe causar arrepios de terror. Foram meses de luta com direito a uma parada cardiorrespiratória e dias em coma. Ele não precisava morrer como pecador para ir para o inferno. Já tinha estado lá. Pelo menos houve consequências positivas, como a aproximação do Itachi e a reconciliação de Sasuke com os pais que não aceitavam a orientação sexual e nem o fato dele preferir se escritor a um executivo na Konoha, mesmo que o moreno fosse um dos mais bem conceituados autores da sua geração. Aquela doença infeliz trouxe muita dor, mas quando se foi, levou tudo de ruim com ela.

Passou o braço pelas costas pálidas que estavam expostas. Lá fora nevava suavemente, mas o aquecedor fazia um bom trabalho em manter o ambiente morno e aconchegante. Na tez branquinha havia pequenas máculas. Cicatrizes causadas pelos drenos que foram usados para extrair a água dos pulmões dele quando ele teve pneumonite, consequência da radioterapia. Tinha outras marcas não visíveis naquele momento, do cateter usado para inserir as drogas da quimioterapia, dos tubos de alimentação, das pulsões de medula para definir o status da doença. Amava cada uma delas. Eram a prova vivida de que Sasuke tinha lutado com todas as suas forças para não ser derrotado.

Aspirou o perfume dos cabelos negros e rebeldes, que outrora foram raspados rente ao coro cabeludo e se permitiu voltar a dormir tranquilamente.

º

Algumas horas depois, Sasuke abriu os olhos um pouco incomodado com a luz sobre eles. Suspirou contrariado, era a cara de Naruto acender todas as luzes para procurar ou pegar alguma coisa e depois se esquecer de apagar. Já tinha perdido a conta de quantas vezes já havia reclamado isso com ele. Levantou ignorando os protestos dos seus músculos, uma das razões de odiar dormir muito era que seu corpo sempre ficava dolorido.

Com passos automáticos foi em direção ao banheiro da suíte, que a julgar pelo barulho de água caindo, Naruto devia estar usando o chuveiro.

Da porta observou o namorado com atenção maliciosa. De costas, o loiro estava relaxado embaixo do jato de água quente. Uma das mãos apoiada na parede a sua frente e a outra apertando e acariciando a região dos ombros e abdômen em uma massagem auto infligida. Sasuke desviou atenção para a pia em uma tentativa de conter seu libido muito alvoroçado para quem tinha acabado de acordar.

- Bom dia - murmurou pegando a pasta de dente e a escova.

- Dia... Como você tá? - Naruto colocou a cabeça para fora do boxe, - parecia morto de cansaço mais cedo achei que não acordaria agora.

- E não acordaria se uma certa pessoa não tivesse deixado todas as luzes do quarto acessas - ralhou secando a boca na toalha enquanto Naruto coçava a cabeça culpado.

Feliz Ano NovoOnde histórias criam vida. Descubra agora