1979

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"Você é tão rara quanto uma garrafa de Dandelion and Burdock, e aquelas outras meninas são apenas limonadas pré-preparadas

- Arctic Monkeys ♥ "

Era esse trecho de música que meu George sempre me mandava no fim do dia . Aaaa...

Julie ___ 1979

Depois de um ano nesta mesma rotina , hoje completo um ano e dois meses no meu mais novo trabalho. E eu estou amando . Estou no lugar onde qualquer leitor gostaria de estar . Esse cheiro de livro , Essas estantes repletas deles , enfim ...

Bate meu horário e meu celular toca e é alguém me mandando uma mensagem . É meu George . Com esse trecho de música do Arctic Monkeys que amo . Diz ele que sou tão rara quanto essa bebida , que nem eu mesma experimentei , e com certeza , nem ele.

Hoje irei visitar minha amada tia , como ontem , e ante-ontem , como sempre vou visita-la . Minha Josy já está muito cansada então evito de contar sobre como foi meu dia a ela , pois ela se assusta até se eu respirar profundamente .

Deitei a cabeça ao teu colo como sempre faço , esperando ela encostar teus dedos finos em meus fios de cabelo , acariciando como se me quisesse fazer dormir . Muita das vezes ficávamos minutos sem falar nada , só ouvindo a respiração da outra pois isso descansava meu psicológico , foi assim que ela me ensinou , mas acho que ela propôs isto para eu poder parar de falar um pouco , uma vez me disseram que sou uma verdadeira matraca .

Acordei e já era hora de voltar ao trabalho . Peguei no sono ali mesmo na casa da minha tia , e quando percebi já era de manhã . Tomei uma bela xícara de café , desta vez coado diretamente do bule e não da cafeteira como faço . É o melhor café .


Fui abandonada em um orfanato quando eu tinha dez anos . Pior decepção da minha vida , ver a mulher que me criou e que dizia me amar , de repente me abandonar em um lugar daqueles , não gosto nem de lembrar . Eu dormia em quarto com mais duas meninas , uma se chamava Karen e a outra ruivinha a chamavam de keth , sim as duas eram irmãs gêmeas , mas o caso delas foram ao contrário , nunca conheceram os pais .

Esqueci que eu tinha alma . Esqueci que eu carregava um coração dentro de mim . Fui deixada oito anos naquele orfanato e para minha grande sorte por eu ser uma menina ignorante ,fria e calculista ,ninguém me adotou .

Foi uma grande sorte eu conseguir completar dezoito anos e ninguém me levar dali . Com os estudos incompletos eu consegui meu primeiro emprego no restaurante que falei mais cedo .

Primeiro arrumei este trabalho , para depois sair de vez do orfanato , afinal , me deixaram ficar dormindo por ali . Depois de três meses trabalhando consegui juntar um dinheirinho extra para cumprir com minha missão , tirar minha tia daquele abrigo , que a Mary a deixou dois dias antes de me abandonar também .

Conseguir tirar minha tia daquele lugar e a levar de volta para a casa dela. Ela implorou para que eu ficasse mas o lugar que eu seguia para o trabalho já era perigoso , e se eu ficasse ali ficaria mais longe . E cada vez mais longe mais perigoso .

Eu arriscava minha vida em um grande pedaço de estrada no escuro pra chegar no restaurante , mas eu não poderia desistir , nem ficar sem trabalhar .

O incrível disso tudo é que a Mary não tomou a casa da minha tia , nem dinheiro algum . Apenas sumiu .

ROOM (O QUARTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora