2º Parte

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—Temos muito o que conversar, será que algum dia eu terei o privilegio de ser ouvido pelo Príncipe? — Ele me pergunta, mais em sua voz há um pequeno tom de zombaria que desliza ao meu redor me fazendo ter que cravar as unhas na palma da minha mão esquerda.

Porque aquele tom de zombaria era o mesmo que todos usavam quando queriam falar comigo. Era o tom de alguém que queria apenas algo de um jovem príncipe imaturo e que não sabia dar valor ao que tinha.

—Se eu lhe dizer que não, o que você vai fazer? —Pergunto com o mesmo tom de zombaria que não passa despercebido por ele que apenas bufa como se estivesse tentando conter a raiva que poderia explodir por seus lábios com palavras frias e cortantes.

—Até quando vamos ficar jogando esse jogo? —Ele me pergunta enquanto pega minha mão me fazendo ter que virar num pequeno giro desgovernado ao ter a mesma puxada para trás, meus cachos me impedem de ver o que se encontra na minha frente mais tenho certeza que meus olhos azuis estão bem furiosos.

—O que você tem na cabeça para fazer isso? —Pergunto enquanto arranco minha mão das mãos dele.

Dou um passo para trás enquanto ele dá um na minha direção, com seus olhos verdes quase escuros e seus cabelos ruivos bem cortados me fazendo ter que engolir em seco, porque eu conseguia ver a fúria escondida pela cor verde e também conseguia ver que ele estava se contendo para não gritar ali comigo.

Ele sabia que se caso ele gritasse comigo na manhã seguinte ou nas seguintes horas existiram inúmeros boatos pelos grandes jornais e pelos sates de noticias, o que seria sarcástico porque eu sempre fui o que eles queriam.

Eu fui o príncipe Herdeiro imaturo e infantil.

Fiz tudo de acordo com o roteiro que me fora dado desde de criança.

—Você vai ter que me ouvir seja por bem ou por mal. —Ele me fala enquanto coloca ambas as mãos em cima de meus ombros. Suas unhas se cravam no tecido de minha roupa quase a transpassando.

Eu fico ali parado o olhando. Eu não sabia o que fazer, porque ele estava muito perto. Seus lábios vermelhos estavam bem perto dos meus.

—Jason, tem como você me soltar? —Pergunto enquanto com a mão esquerda tento tirar suas mãos de cima de mim, mais ele apenas aperta mais ainda meus ombros. Volto meus olhos para ele. —O que você acha que está fazendo? —Pergunto quando vejo seus olhos verdes adquirirem um certo brilho.

Ele fica ali parado me olhando, seus olhos vagam por meu rosto desliza por cada detalhe e eu consigo ver que a cada momento o brilho ali presente se torna mais forte como um pequeno farol em meio a uma tempestade. Posso ver que ele suspira e fecha os olhos como se estivesse com medo do que estava vendo e quando ele abre, seus olhos vagam pelo ambiente a nossa volta como se estivesse procurando algo. Então vejo seus olhos voltarem a terem aquele brilho de antes.

—O que .... —Pergunto mais rapidamente engulo em seco quando vejo os seus lábios adquirirem um ligeiro sorriso. —Jason é serio, me solte!

—Não. —Ele me diz quando tento retirar suas mãos de cima de mim. —Se você não vai me ouvir então eu vou fazer você se relembrar dos meus sentimentos. —Ele me fala e eu fico sem entender o que ele quer dizer, então enquanto eu ainda me encontro perdido em pensamento Jason começa a me empurrar para trás, tropeço em meus próprios pés e rapidamente estou prensado contra uma arvore.

—O que você quer fazer? —Pergunto enquanto engulo em seco e posso ver que seu sorriso se amplia mais e mais até que não existe mais.

Porque sua boca agora se encontra contra minha. Seus lábios devoram os meus até deixa-los dormentes. Arregalo os olhos e olho em sua face. Seus olhos verdes estão fechados enquanto suas mãos estão em meu rosto deslizando sua palma como se estivesse tentando gravar com as mãos todos os detalhes que ele perdeu nesses cinco anos que esteve longe. Não consigo resistir e rapidamente estou o beijando de volta. Nossos lábios estão se devorando e nossas mãos estão lutando por peles que se encontram quentes.

Eu não sei como foi que tudo acabou, só sei que num momento o estou beijando para que logo em seguida o afaste como se estivesse o repelindo. Ele me olha, sua boca se encontra vermelha e molhada como uma pequena maça.

—Nunca mais, ouviu bem...Nunca mais chegue perto de mim. —Digo enquanto me viro e começo a caminhar para longe.

Longe da tentação, longe de tudo que me represente o passado.

Olho pela janela para o pequeno jardim que nesse momento se encontra sendo decorado para a festa que minha mãe queria dar sem motivo aparente. Suspiro enquanto coloco minha testa contra o vidro da janela deixando com que o frio dela aliviasse a dor de cabeça que se encontrava a se espalhar.

Desde do momento em que Jason me beijara eu não consigo parar de pensar em seus lábios e em seus toques porque tudo me fazia relembrar o que tinha acontecido. Me fazia lembrar que um dia eu cheguei a ama-lo como nunca amei ninguém para que num momento ele desaparece como se fosse apenas fumaça.

Eu queria que o passado continuasse onde estava mais parece que tudo que estava acontecendo desde do momento em que revi a Lucrécia até o momento de nosso beijo me faria ver que eu não conseguiria viver sem ele.

Talvez eu estivesse condenado assim como meus pais a nunca ficar com a pessoa amada, talvez fosse essa a nossa maldição. Dizem que toda família real tem sua maldição e talvez a nossa seja essa...

Deixar o amor morrer até que reste apenas uma pequena fumaça de lembranças que seriam esquecidas pelo tempo e pela memória, sussurro para mim mesmo enquanto que em mente os sorrisos de Jason deslizem como pequenas sereias ao meu redor.

—Cesar... —Ouço uma voz masculina sussurrar perto de mim me fazendo ter que piscar os olhos como se estivesse preso em uma pequena nebrina para dar de cara com meu pai ali parado na minha frente.

Seus olhos azuis frios e sua face soberana ainda me causava um pouco de medo mais depois de sair de suas assas eu me sentia mais livre do que eu vivia no castelo.

—Mais como.... —Pergunto com os olhos voltados para a porta esperando com que minha mãe entre por ela e atire um pequeno vaso de porcelana contra meu pai, mais nada aconteceu a não ser o pequeno sorriso de lado que meu pai deu, o qual não passou despercebido por mim que apenas ergui uma sobrancelha.

—Vamos dizer apenas que eu persuadir sua mãe. —Ele me diz com um pequeno sorriso nos lábios como se estivesse se lembrando de algo e logo em seguida leva a mão até uma das maças do rosto. —Foi difícil mais no fim eu consegui.

A Escolha do Príncipe -3° Conto da Série de Contos A RealezaWhere stories live. Discover now