— Ana — Nate tocou seu braço —, você está bem?
Anabell não respondeu. Ela sentia um gosto amargo e metálico na boca e o coração a mil batendo contra o peito, como se ele fosse uma entidade separada do corpo e tentasse sair de sua prisão. Atrapalhada, levou as mãos ao pescoço e tirou a corrente que ficava ali. Levou a mão com a corrente até a altura dos olhos, analisando o anel que vinha junto.
Era exatamente igual.
O coração da garota errou uma batida.
Conhecia bem aquele anel a sua frente. Seu pai tinha dado a ela quando fez dezesseis anos como presente de aniversário e herança dos avôs paternos que morreram antes dela completar um ano. Ela amava aquele anel, o achava tão simples e bonito que em vez de usar no dedo, colocou-o em uma corrente para protegê-lo melhor, mas nunca imaginou que fosse igual ao de Softsys Cayns. Mas a questão era, por que era igual? Ela nunca tinha visto esse anel com outro Cayns ou talvez tivesse visto, mas nunca reparou.
— Nate — umedeceu os lábios secos —, olhe isso.
Nate chegou mais perto dela. Anabell pode sentir o cheiro cítrico que ele emanava; um cheiro que a fazia lembrar-se de quando eles levavam cobertores para fora da casa dele, deitavam-se na grama verde e ficavam vendo as estrelas, as luas e Umbrella Five. Ela mostrou o anel para ele e depois apontou para o da pintura. Nathaniel ficou pensativo por um tempo e logo achou uma conclusão plausível para a situação imensamente confusa.
— Deve ser uma réplica. Muito bem feita, admito. — ele olhou bem para o anel e depois para amiga. — O que você achou que era? Um anel Cayns?
— Não! — disse ela, mas sabendo que ela no fundo sim. — Mas, sei lá, é tão parecido. Deve ser uma réplica mesmo.
Nate pegou a corrente em sua mão e a colocou de volta no pescoço dela e deu um beijo em seus cabelos. Ele olhou para o relógio no pulso, depois colocou a mão no ombro da amiga e a guiou em direção ao elevador.
— Vamos comer. Já é hora do almoço e sabe o que diziam por aí? Saco vazio não para em pé. — sorriu com o ditado antigo e ela riu baixinho, mais pelo sorriso dele do que pela “piada”.
Nate insistiu para que comessem em um restaurante perto do píer, mas ela queria comer algo demasiado de gordura, então, acabaram comprando dois cachorros-quentes carregados de milho e duas latas de suco de laranja. Comeram dentro do carro dele enquanto ele dirigia para sua casa e cantava junto com a música que saia alto de dentro do pequeno espaço que se encontravam.
— You shine more than a million stars — ele cantou junto com a voz do cantor e apontou para Anabell.
— ...and nobody can say that you are less because all shine the same way — ela cantou da melhor forma que pode, batendo as palmas e terminando de comer seu cachorro-quente.
— Seu inglês é melhor que o meu, admito, mas meu latim é melhor que o seu.
Anabell revirou os olhos, mas riu. Mesmo vivendo na capital da Alemanha, o inglês era a língua predominante, mais do que a língua pátria.
— Isso porque vivo entre pessoas que falam mais o inglês que o alemão, e você vive entre pessoas que falam o latim e alemão mais do que o inglês.
Nate assentiu. A família dele, os Kohls, eram donos de todo os tipos de tecido fabricados em Berlim - mesmo que o pai, Jeremy, fosse a “ovelha negra” da família, sendo um advogado, mas dentro do ramos do tecido - que era vendido para os unbrans, que só se comunicavam com o latim. Para eles, era o melhor dialeto que existia, mesmo que pouquíssimas pessoas o usassem hoje em dia, mas a demanda de unbrans que compravam produtos feitos na Terra era tão grande, que logo o latim voltou, e se tornou a língua oficial entre as duas espécies. Nas escolas, ele foi implantado como nova matéria obrigatória, onde todos os dias, por certo período de tempo, as crianças aprendiam a ler, a falar e a escrever em latim.
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A Mestiça (Originários #1)
Science FictionA Mestiça (Originários #1) - Sabrhyna M DOIS JOVENS. DOIS PLANETAS. UMA CAÇADA. A Terra estava em colapso, a beira da extinção, e tudo por causa da ganância do ser humano. Então aconteceu. Ou melhor, Umbrella Five aconteceu. Um planeta recém descobe...