12 - s a c r i f i c e

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Capítulo 12

You caress me, smoothly
calm my fears and soothe me
move your hands across me
take my worries from me

Sacrifice – T.a.T.u

Os braços de Zayn envolviam o meu corpo esguio com firmeza e estremeci à medida que sentia o calor a aproximar-se. Por segundos receei que estivéssemos demasiado perto da casa e que o fogo nos pudesse apanhar, mas não conseguia olhar para trás. A dor que sentia era terrível, como se me arrancassem o coração do peito e com ele toda a felicidade. As lágrimas jorravam dos meus olhos e não havia maneira de as conseguir cessar. Zayn elevou o meu corpo e posicionou as suas mãos nas minhas costas, depositando depois uma nos meus cabelos. Ele afagou-os e enterrei o meu rosto no seu pescoço, enquanto soluçava cada vez mais. Começava a ouvir pessoas aos gritos completamente chocadas com o acontecimento porém nenhuma delas se aproximou de nós. Senti que ele remexia nos seus bolsos, procurando por alguma coisa e assim que achou, ouvi-o a falar ao telemóvel. Ele ligou para os bombeiros e depois desligou, posicionando as suas mãos quentes no meu rosto.

- Charlotte... 

A sua voz saiu num simples murmúrio e depois elevou o meu rosto para fitar o seu. Os meus olhos toldados de lágrimas impediam uma visão focada do mesmo e ele limpou-as delicadamente. Zayn não soube o que dizer por isso permaneceu em silêncio, apertando o meu corpo num abraço. Os seus braços envolveram o meu corpo novamente e Zayn pegou em mim ao colo, suportando o meu peso e caminhou até ao seu jipe, enverando pela multidão que se formara ali agora. Ele pousou-me já dentro do carro, colocando o cinto e depois exibiu uma expressão de pena. Apressou-se a entrar para o lado do condutor e depois arrancou.

Quando olhei em volta, apercebi-me que estávamos na casa de Zayn e ele abriu a porta do meu lado, para me ajudar a sair. As lágrimas cessaram, mas continuava a soluçar enquanto caminhava ao seu lado. O seu braço envolveu o meu tronco, enquanto ele me ajudava a andar. Sentia-me completamente fraca e um vazio incrível no meu peito. Lyn era a única família que me restava e se ela estivesse... Afastei o pensamento, apesar de ter que encarar a realidade só queria deitar-me e dormir durante um mês para que toda a dor fosse embora. Zayn abriu a porta e depois fechou-a, encaminhando-me para dentro. Subimos as escadas em conjunto e depois e vi que ele nos dirigia para o seu quarto. Assim que entramos no mesmo, deitei-me na cama e coloquei-me na posição fetal deixando que as lágrimas escorressem novamente pelo meu rosto. Zayn saiu do quarto por alguns minutos e depois voltou com um copo com água e um comprimido a efervescer no interior do mesmo que me fez suspirar.

- Eu não quero. – Murmurei enquanto soluçava.

- Charlotte isto vai ajudar-te. – Ele lançou-me um olhar e contraí o maxilar erguendo o meu corpo ligeiramente, segurando-o na minha mão. Bebi de três goladas visto que o sabor do comprimido era amargo e franzi o cenho em desaprovação. - Descansa. – Ele murmurou somente isso e sentou-se ao meu lado, afagando os meus cabelos. Comecei a sentir os meus olhos demasiado pesados e encerrei-os, esperando que uma tarde de sono possivelmente amenizasse a minha dor.

*

Abri os olhos lentamente quando ouvi murmúrios no quarto. O aroma de Zayn encontrava-se presente na almofada e deduzi estar em sua casa. Teria sonhado apenas?

- Já sabes alguma coisa da tia dela? – Uma voz feminina soou e associei a Scarlet.

- Não. – Foi a vez de Zayn falar e senti um nó a formar-se no meu estômago. – Estou à espera que alguém apareça aqui a qualquer momento para falar com a Charlotte. Mas ela não está em condições para dizer nada. – A sua voz arrastou-se e comprimi os lábios, contendo as lágrimas que ameaçavam cair de novo. – Da maneira que aconteceu eu tenho a certeza que foi uma bomba. – Esqueci-me de respirar por segundos, ouvindo o que ele estava a dizer. Quis levantar-me e perguntar o que saberia ele sobre o assunto, porém se ele soubesse que estava acordada não falaria mais e eu necessitava de saber.

- Quem podia ter feito algo tão horrível? – A voz de Scarlet voltou a soar e estremeci.

- Não sei, mas vou descobrir e quando isso acontecer, o cabrão vai desejar não ter nascido. – O silêncio instalou-se no quarto e a tensão era palpável, mas permaneci imóvel e silenciosa.

SWEET DREAMS - LIVRO 1 ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora