7 - A Surpresa

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••Capítulo 07••

       A Surpresa

A porta da pista está fechada, meu coração já acelera e meu corpo se arrepia, passa mil coisas pela minha cabeça sobre o que pode estar atrás daquela porta, o que causa uma onda de ansiedade e calor, e um pouco de medo... mas relaxo o corpo ao me lembrar que essa tal surpresa vem de Simón. Ele me dá uma última olhada risonho e abre a porta, revelando uma pista solitária, ele atravessa a soleira e eu o acompanho.

— Por que... me trouxe aqui? — pergunto andando até o centro da pista e olhando ao redor para ver se acho algo diferente, mas está tudo como sempre foi.

— Bom, na verdade. Não é uma surpresa muito... grande, digo, se eu fosse fazer uma surpresa para você... séria mais que isso... — Ele me acompanha até o centro ficando atrás de mim e um pouco distante. — Então, é só um modo de dizer que você vai gostar do que vai ver. — Ele coloca as mãos no bolso de sua calça. —Mas... se quiser chamar de "uma grande surpresa" tudo bem. — ele dá de ombros e um sorriso sedutor e elegante se forma em seu rosto.

— Gostar? Gostar do que? — fico impaciente e me viro para olhar em seus olhos.

Mesmo distante sinto o calor de seu corpo e sua respiração ao meu, aquele efeito que ele sempre causa em mim, ou estou muito nervosa, ou impaciente demais... ou talvez, os dois.

— Oi meu amor — uma voz doce e calma ecoa atrás de mim.

Ao dúvidar de quem poderia ser aquela linda voz me eriça os pelos, me viro rápido para ter certeza, e lá está ela, cabelo na altura dos ombros cor loiro-platinado, olhos mais azuis que o céu. Fico impressionada como o tempo não a desgastou e acabou com a sua beleza, ela está incrível, a mesma pessoa que me fazia panquecas doces no café da manhã quando eu era criança, sempre admirei o efeito que a luz do sol tinha sobre sua pele branca e brilhante. Ela está jovial e sem nenhuma ruga no rosto, ela está usando um vestido que vai até os joelhos, com rendas nas bordas (como aqueles de meninha) preto com bolinhas brancas e uma jaqueta jeans azul marinho, e uma sapatilha rosa bebê.

— Alison! — digo pronunciando seu nome lentamente, o nome que a anos não pronunciava, fiquei incrédula demais para pular em seus braços e dizer o quanto senti sua falta e depois tentar matá-la por ter ficado longe tanto tempo sem dizer onde estava, ou dar um sinal de vida.

— Minha menininha... — um sorriso se abre em seu rosto, e lágrimas caem.

Fico boquiaberta por vê-la tão bem e tão cheia de saudade, ela não parece mais aquela mulher que eu conheci, tão frágil e desgostosa da vida. Preciono uma mão contra a boca, ainda incrédula, o ar que inalo parece estar com dificuldade para encontrar os pulmões, por que é como se eu estivesse prendendo a respiração. Uma mistura de sentimentos me toma... Felicidade, tristeza e saudade... quero dizer-lhe que estou feliz por vê-la bem e viva, mas a tristeza não permite, mas a saudade fala mais alto que os dois, reprimo lágrimas que queimam minha garganta. Olho para Simón ainda com a mão na boca, ele ainda está sorrindo com suas mãos no bolso me observando. Volto a olhar para Alison.

Ela me olha de cima a baixo— Como você cresceu! — diz sorrindo e soltando soluços por chorar.

Tiro a mão da boca e me aproximo devagar, depois de uma certa distância, a puxo para um abraço. Ela me aperta forte, com uma mão em minha cintura e a outra em meu cabelo. — Onde esteve mamãe? — sussurro ao pé de sua orelha deixando uma lágrima escapar.

Não a vejo desde os meus 7 anos de idade, Emilia não tem muitas lembranças pois era praticamente um bebê ainda, tudo que me lembro é dela chorando e nos dizendo a deus e que nos amava. Depois ela entrou naquele táxi e ganhou o mundo, nunca mais a vimos ou tivemos notícia dela, ela nunca deu nem um sinal de vida. E esse tempo todo... pensei que ela estava morta, mas não... não sei como, mas ela está bem aqui na minha frente, quero explodir e dizer-lhe que a odeio por ter nos abandonado, e nos deixado sozinha, para ser criadas por aquele monstro da nossa madrinha, por causa disso me tornei a pessoa mais horrível do mundo... e Emilia está indo pelo mesmo caminho, mas por ser a mais velho tentei demostrar-lhe e ensinar-lhe o melhor, com a influência e dizer lhe que nem sempre fazer maldade é uma boa opção, mas agora ela está grandinha e um pouco... rebelde, mesmo assim eu tento. Hoje estou pagando por tudo de ruim que eu fiz... mas as vezes parece que eu não aprendo com meus erros e vivo errando... como posso ser uma boa influência para Emilia assim?

Se eu Ficar | Simbar (CONCLUIDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora