Capítulo 2

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Uma nova semana me esperava e eu não podia estar mais animada. Além de ser a semana que eu faria 24 anos de idade, eu estava no meu emprego dos sonhos e me dando bem com meus novos colegas.

Tomei café da manhã com minha família, peguei um ônibus e em uma hora cheguei na empresa. Cumprimentei os recepcionistas, bati o ponto e fui para o andar onde trabalham os designers.

Recebíamos por e-mail os dados do cliente a ser gerenciado e quando acessei o meu, havia um site farmacêutico solicitando um novo layout para a home page.

Eu não seria a única trabalhando nisso. O senhor Sales pediu para todos do nosso setor montar uma aparência original para o site, mas ele ia escolher apenas um.

Pesquisei tudo sobre a rede de farmácias que solicitou o pedido: cores, bairros com mais acessos no site, tudo pensando em deixar não só mais bonito, mas mais acessível para os visitantes. Busquei o briefing do cliente pois precisava conhecer bem os seus gostos.

— Rebecca.

— Ai Cristo! — dei um pulo na cadeira.

— Desculpa. — Isaque pediu rindo.

— Esse pedido não pareceu muito honesto. — ironizei.

— Você tinha que ter visto a sua cara. — explicou segurando o riso. Sem sucesso.

— Tá legal, ria a vontade. — levantei as mãos em rendição.

— Não, relaxa. Parei. — respirou fundo e parou de rir, mas continuou com uma expressão de deboche.

— Posso ajudar em alguma coisa?

— Na verdade eu só queria ver como está indo em sua primeira semana. O que achou do ambiente?

— Bom. Na verdade, eu estou um pouco ocupada agora. — voltei meus olhos para a tela.

— Me conta, talvez eu possa ajudar. — se abaixou, ficando um pouco mais próximo a mim.

— Ah não, melhor não. Quero ganhar essa chance por meus próprios méritos. — engoli seco, tentando manter a compostura.

— Compreendo. Se precisar de alguma coisa, minha mesa é logo ali. — apontou para outra ponta.

— Pensei que o filho do CEO teria sua própria sala especial. — o olhei e acabamos por ficar muito próximos.

— Gosto de ganhar as coisas pelos meus próprios méritos. — piscou e eu não contive o sorriso.

Isaque se afastou e eu voltei a me concentrar no trabalho. Com a minha pesquisa finalizada, comecei a anotar minhas ideias para o layout e por fim, comecei a pôr em prática.

Levei o dia todo, mas no fim, consegui um rascunho apresentável. Mandei tudo para o senhor Sales e como já estava na minha hora de ir embora, peguei minhas coisas e parti.

Uma coisa que eu gostaria muito que mudasse no Brasil é a organização das conduções públicas. Para determinadas áreas, os ônibus demoram de quarenta minutos a uma hora para passar nas paradas, o que deixa o trabalhador ainda mais cansado.

Já estava ficando com medo de ficar no ponto de ônibus, principalmente por estar tudo tão deserto e consideravelmente tarde. Infelizmente era outro tópico em nossa cultura, a falta de recursos para a segurança das mulheres.

Um carro cinza com os vidros escuros parou bem na minha frente e gelei da cabeça aos pés. Para piorar, o motorista abaixou o vidro bem devagar.

— Ei, quer uma carona? — perguntou Isaque.

Esse garoto ainda vai me matar do coração.

— O ônibus já está vindo. — respondi esperançosa.

Presente de Deus - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora