Capítulo 3

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Domingo,16 de fevereiro

    Era domingo e possivelmente eu mais uma vez acordei primeiro que todo mundo,me troquei,peguei meu celular (devido a um sonho muito estranho de focas e peixes conversando sobre política e bombas atômicas) e fui na cozinha comer alguma coisa,passando mais uma vez pela grama molhada de sereno.
   Assim que cheguei lá,comi um pedaço de bolo de laranja e um copo de leite.Olhei no meu celular e percebi que eram 6:50:hora de comer mais uns cinco pedaços de bolo porque estava muito bom.Pouco depois,Ana apareceu e começamos a conversar em voz baixa para não acordar quem dormia próximo de onde estávamos.Quando ela estava me contando mais detalhes sobre sua futura ida a uma praia,fomos interrompidas por uma criança de no máximo três anos:

-Miojinho-Disse a criança com uma chupeta na boca

-O que?

-Miojinho-E foi quando ele apontou para uma caixa com vários pacotes de miojo que entendemos o que ele queria.Não me julgo ser uma pessoa ruim,mas sinceramente não iria ser eu quem ira fazer um miojo em plenas 07:11 da manhã.

-Ah,você não quer miojo não né?Vem cá menino,vou fazer um leite bem gostoso para você-Foi quando a Ana disse isso que eu percebi que era o melhor momento para eu sair de lá.

    Fui com meus fones para um dos balanços que tinham na parte para crianças (já que eu sequei com a minha toalha que tinha deixado estendida no dia anterior) e comecei a ouvir músicas no aleatório enquanto lia fanfics,já que já tinha terminado meu livro.Quando decidi ir à cozinha pegar um Yakult,vi ele comendo um pedaço de bolo e decidi ignorar todas as sensações até então quase esquecidas que surgiam em mim novamente.Fingi que nada estava acontecendo dentro de mim,dei bom dia para todo mundo e fui me iludir mais um pouco lendo e decidindo qual das histórias seria mais parecida com a que  possivelmente tivéssemos ,isso se ao menos iríamos ter.
Agora que a carne já estava na churrasqueira, o pagode muito alto e quase todo mundo bebendo, fui até a área com a mesa de bilhar e pebolim para ver as pessoas jogarem.Chegando lá, tinha o Gabriel com um menino fazendo dupla, contra duas meninas.E ele estava sentado, conversando com alguma uma garota.Me sentei na mureta em que ele estava e fiquei observando distraidamente eles jogarem bilhar.Depois de um tempo,eu olhei pelo canto do olho para o lado e percebi que ele estava olhando minhas pernas (que estavam cobertas apenas por um shorts jeans claro,curto e de cintura alta) e depois para o meu rosto, repetindo um pouco mais esse ciclo e depois voltando a conversar e beber com a menina ao lado dele.Estávamos apenas separados por um pilar de madeira.Estávamos separados apenas pelo fato de que não nos conhecíamos.Estávamos separados apenas pelo fato de que eu tinha vergonha o suficiente para dizer "oi" e ele talvez o mesmo,ou por vergonha ou desinteresse.
Agora estava sentada embaixo da sombra de uma árvore com a minha mãe,conversando aleatoriamente quando chega um homem,muito magro,de 40 à 50 anos de idade,aparentemente bêbado e minha mãe me explicou que eles haviam sido criados juntos pela Ana na adolescência e também disse que, desde jovem ele costumava beber exageradamente.Ele não parava de comentar que a minha mãe sempre foi muito brava e nervosa, e eu aparentemente me parecia muito com ela (tirando o fato de que eu nunca bati nele,segundo o mesmo).
Depois de eu ter comido muita carne,agora estava assistindo eles jogarem pebolim e eu e ele, estávamos de novo separados apenas por um pilar.

-Ish Gabriel, tá perdendo pra mim, como sempre.Tá perdendo pra sapatão-Disse a menina de longos cabelos castanhos.

Todos riram,inclusive eu,e percebi ele me encarar enquanto eu ria.Pouco depois o meu tio (eu decidi chamar ele assim, já que ele me chama de sobrinha, principalmente porque a minha personalidade é muito parecida com a da minha mãe) apareceu por ali nos dizendo coisas muito sem nexo, o que causou uma gargalhada geral.

   -Ai de você se a minha mãe estivesse aqui agora-Disse eu sorrindo divertida olhando para ele

-Cala a boca ow-Disse ele com uma voz embolada que demorei um pouco para conseguir entender

-Não-Respondi rindo.Eu estava apoiada na muretinha que tinha ali, ele estava em pé na minha frente, meu tio ao lado dele e a menina sentada na mesma mureta que eu estava apoiada com os braços.Provavelmente depois de meu tio dizer mais uma coisa sem nexo (provavelmente mais uma vez sobre a bunda das mulheres que estavam ali) todos riram, exceto eu que estava distraída e então olhei para cima.Talvez essa tenha sido a melhor/pior coisa que eu já tenha feito.Me deparei com o sorriso mais lindo do mundo.Ele estava rindo mais espontaneamente do que nas outras vezes e com mais vontade (percebi pelas ruguinhas em torno dos seus grandes olhos estarem mais visíveis) e dando para ver claramente seu piercing no smile.Esse maldito sorriso.Sorriso esse que eu nunca mais esqueci.
Por volta das 17:20 já estávamos indo embora da chácara e restaram para trás apenas a tia Fernanda,seu marido,Miguel,Gabriel e os amigos dele.Cheguei em casa sem conseguir esquecer nenhum detalhe.Em alguns momentos,as memórias ficavam mais fortes,outras mais fracas mas sempre estiveram ali.E demorou cerca de 5 meses para elas se reascenderem como antes.







//REVISADO\\

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⏰ Última atualização: May 27, 2018 ⏰

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