3° capítulo

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Minha esposa entrou em coma quando Lexi tinha apenas 7 anos e Jason 5. Eles eram muito pequenos e indefesos, não entendiam o que acontecia direito e aquilo doía em mim bem mais que alguém pudesse imaginar.
Ver minha esposa naquele estado de total imobilidade com tantos equipamentos ao seu redor para mantê-la viva; ver toda noite meus filhos com os olhos cheios d'água perguntando se sua mãe voltaria para casa um dia e não saber o que dizer a eles; tudo isso me fazia sentir como se estivesse em um massacre o qual não teria como escapar.
É interessante como um homem de grande fé, quando é posto em prova, se torna tão abalável e descrente. Foi o que aconteceu comigo.
Nos primeiros 3 meses minha fé prevaleceu como nunca, eu estava certo de que minha rainha voltaria para mim, para nossa casa, para completar nossa família, em breve. Mas após esse período, os médicos me chamaram em particular para uma reunião e eu já temia o que pudesse ser.
- Senhor Christopher, eu sinto muito. - o doutor Alex era muito confiável, nunca se deixava falhar em seu trabalho, por isso confiei a vida de minha amada em suas mãos, entretanto, estava clara sua expressão de  decepção, e por isso, sei que também me decepcionaria.
Após uma aflituosa pausa, ele prosseguiu calmamente fazendo pausas a cada frase que dizia:
- Como norma do hospital, e pelos cálculos feitos pela ciência, após 90 dias, a pessoa em estado de coma sem melhoras, não tem muita chance de sobreviver, ela já está cansada e não há mais o que fazer.
Ele me passou um documento e entendi o que era: assinar a autorização de desligamento dos aparelhos.

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