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Hailey Baldwin Pov

Durante a aula fiquei pensando na noite anterior, tinha me caído a ficha de que eu havia me aberto com Justin, eu o conhecia a tão pouco tempo, a dias apenas, mas o jeito que ele falava me passou tanta confiança. Ele tinha pego no meu ponto fraco, um dos meus objetivos de vida era construir uma família, eu amava crianças, mas como eu poderia fazer isso se nem ao menos deixava alguém chegar perto de mim?

Eu não conseguia prestar atenção no que a professora tagarelava, só torcia para que o intervalo chegasse logo e eu pudesse compartilhar tudo com Kendall.

Uma dúvida estava me matando por dentro, como Justin iria me ajudar? O que ele estava planejando? eu só sabia que nenhuma terapia, nem psicólogas conseguiram me fazer superar isso, eu já havia perdido a esperança, mas algo la no fundo me dizia que talvez isso poderia tomar um rumo diferente.
Pobre Hailey, você não pode depositar tanta esperança assim num garoto que você acabou de conhecer, suspirei fundo até meus pensamentos condenantes sumirem.

Quase gritei quando ouvi o disparo do sinal anunciando o intervalo.
Como de costume Kendall e eu nos sentamos bem destacadas dos outros alunos, nos sentamos em um banquinho perto do jardim, e o dia brilhava de tão lindo, não acreditava que estava trancafiada naquela escola.

—Kendall, preciso te contar uma coisa que aconteceu ontem a noite depois que cheguei em casa.. —Ela me olhou ja com aquela cara de "que besteira você fez?"então suspirei fechando os olhos.

—Eu contei pro Justin, sobre... você sabe!

—HAILS! —Ela gritou me fazendo tapar sua boca.

—Promete que vai me ouvir, me ouvir sem gritar? Prometa Kend!!
—Fiz minha cara de tristeza que ela sempre caía. Ela assentiu e então soltei sua boca abservando ela se recompor e ficar com os braços cruzados.

—Conte isso direito... eu juro que se esse garoto sair espalhando isso por ai eu o mato, eu não fui com a cara dele! —Kendall era bem carrasca quando se tratava de mim e algum garoto, ela sabia como eu me sentia com relação a isso e tinha bastante medo.

—Você nem o conhece Kendall. —Falei num tom de implicância.

—E você? o conhece? —Retrucou ela me olhando desafiadora.

—Mais do que você! —Venci.

—Que droga Hails, e o que ele disse quando soube de tudo?

—Ele não me julgou, nem ficou apavorado, mas ficou bem triste e parecia bem furioso, e...  disse que queria me ajudar. —Eu não conseguia esconder nada dela.

—Ajudar? ajudar como? —Ela franziu a testa com desconfiança.

—Eu não sei! Mas seja lá o que for, não acho que ele é uma má pessoa, ele também me contou coisas sobre sua vida, e... —Fui cortada pelo sinal, droga os intervalos eram tão curtos.

Kendall e eu resolvemos conversar mais sobre isso tudo no final das aulas, e em falar nelas, eu não aguentava mais um segundo, faltava pouco pro ano acabar e era tudo o que eu mais queria. LIBERDADE!

{...}

Estranhei minha mãe estar em casa quando eu cheguei, corri até ela e a abracei forte, ela se assustou mas logo começou a rir e me retribuiu.

—O que dona Jenna faz em casa? —Me sentei na mesa e a encarei enquanto a mesma cozinhava algo.

—Bom, hoje eu fui liberada para preparar minhas malas —Malas? que malas?

—Eu recebi uma proposta de viajar com meus chefes como secretaria acompanhante, a viagem e para o Brasil, mas são apenas alguns dias, eu ainda não confirmei, eu precisava falar com vocês primeiro, minha menina eu sei que é uma proposta incrível, o dinheiro é muito bom mas vocês precisam fazer parte disso, se disser que não concorda eu fico. —Dona Jenna tinha uma mania de abrir mão de seus desejos para nos agradar, eu não poderia ser tão egoísta com ela, ela trabalhava duro, sempre nos sustentou com unhas e dentes, mas eu não podia negar que estava bem apreensiva com isso, minha mãe, longe de mim, e no Brasil?

—Mãe é claro que concordo, eu quero o seu melhor sempre, isso é incrível!
—Me levantei e a abracei forte, na verdade eu queria dizer, me leve, eu quero nadar nas praias do Brasil!!!

—Minha menina, muito obrigada, eu amo você, pode deixar que trago lembrancinhas de lá! —Caímos na gargalhada. Sequei algumas lágrimas que desceram sem a minha permissão e a chorona da minha mãe também.

—E Jake? —Questionei

—Uh, ele disse pra eu não aparecer aqui com nenhum brasileiro sarado!
—Não consegui conter a gargalhada e minha mãe me acompanhou, Jake sendo Jake.

Horas depois ajudei minha mãe com a mala e a deixei descansar em seu quarto. Me troquei e fiquei assistindo Backyardigans na tv, eu tinha um amorzinho por aqueles bonecos, sim eu era uma criança no corpo de uma adolescente.

—Cara... minha irmãzinha assiste isso! —Justin disse surgindo do além e se jogando no sofá ao meu lado.

—De onde você saiu? —Perguntei me assustando com a sua chegada repentina.

—Eu sou um anjo Hailey, as vezes apareço do nada mesmo, Deus te viu vendo desenho e me enviou para te irritar. —Ri um pouco alto.

—Oh, eu acredito na parte do irritar.
—Ele fez cara de irritado e em seguida sorriu.

—Falando na minha irmã, eu to indo buscá-la para passear, não quer vir junto? —Na hora eu fiquei surpresa mas topei, eu simplesmente amava crianças.

—Então vem! — Justin levantou e me puxou pela mão casa a fora. Quando me dei conta ja estávamos na esquina. E minha roupa? Oh Deus eu estava de
shorts e regata, eu estava ficando apavorada, minhas pernas começaram a tremer e num instante eu estava me tapando com as mãos olhando ao redor e em seguida fechando os olhos.

—Anja, olhe pra mim, olhe apenas para mim... —Justin falava suavemente enquanto eu encontrava seus olhos, ele segurou meus braços e tirou minhas mãos de meu corpo com muito cuidado.

—Você está vestida, está vestida lindamente e bem confortável, você se sente confortável anja? —Ele perguntou com a voz super doce, e sim eu me sentia confortável mas e se alguém achasse que eu estava me insinuando?

—Não tenha vergonha, não tenha medo, você veste o que te faz bem, não ligue para o que vão pensar, você é livre anja, livre para voar por onde quiser... —Eu não sabia explicar mas algo em sua voz me acalmava.

—E se alguém.. —Tentei argumentar mas tentativa falha.

—Pense em você, somente em você, olhe para você Hailey, veja como é linda, veja como é forte e capaz de qualquer coisa que quiser, você pode ter o mundo inteiro se você quiser, você pode usar o que quiser, ninguém tem nada haver com isso. —Se aquilo fazia parte da ajuda estava dando certo, eu estava olhando para minhas roupas e olhando as pessoas em volta com roupas confortáveis e parecidas e ninguém, absolutamente ninguém estava se importando comigo ali vestida daquele jeito.

—Obrigada Justin. —Foi tudo que eu consegui dizer ja sentindo lágrimas chegarem.

—A partir de hoje você vai usar o que quiser, sem se preocupar com nada, isso é uma aposta, se você voltar a se tapar até o pescoço vai ter que massagear meus pés! —Fiz careta com a ideia e Justin riu.

—Eu vou me esforçar! —Disse com sinceridade, eu tinha que sair desse mundo paranoico em que eu me encontrava, isso não era justo comigo mesma.

—Isso ainda não é nada Hailey, é só o começo de uma grande luta... agora vamos, temos uma tarde inteira com a minha pequena, estou ansioso para você conhecê-la.

Estava descobrindo que Justin era um grande homem por trás daquelas brincadeiras todas, mas eu ainda me sentia muito receosa e travada, como ele havia dito, era apenas o começo de uma grande e longa luta.

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