friends

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Hoje é o aniversário de 50 anos de idade de senhor Hideiyoshi e, dessa forma, Yuta insistiu para que fosse realizado em sua mansão um jantar com todo o luxo possível. Na ponta da mesa senta-se o patriarca, o responsável por toda e qualquer coisa pertencente ao lugar onde estamos, com um sorriso no rosto e uma camisa social de linho branco. Ao lado direito sentam-se minha mãe, Christal, e Jeanette, ambas parecendo felizes e orgulhosas por serem parte da família Nakamoto tanto quanto senhor Hideiyoshi e Yuta são. Do lado esquerdo da mesa, estamos eu e o filho único da família, mas ao invés da plácida paz na qual encontram-se os outros presentes, estamos eu e ele em uma divertida e levemente desconfortável tensão sexual ardente e complicada de ser impedida ou mesmo reprimida.

Eu e meu melhor amigo e patrão decidimos não ter um relacionamento entre nós dois que não fosse nossa amizade. O fato de eu ter tirado sua virgindade não mudou absolutamente nada em nosso relacionamento, nem em nossa vida, tirando apenas uma coisa: eu e ele sabíamos, agora, o qual confortáveis nos sentíamos para conseguirmos transar, em qualquer hora, em qualquer cômodo da casa, estivéssemos nós sozinhos ou não. E isso virou algo cada dia mais prazeroso de ser feito. Sua frequência, no início tendo sido precisa, nunca mudou com o passar do tempo. Eu e ele nos acostumamos com o corpo despido, suado e movimentado do outro.

Nunca escondi de Yuta a realidade de que não faria sexo apenas com ele, mas ele deixou claro que também não me trataria como única, visto que queria ter muito mais experiências sexuais do que apenas comigo.

- Eu quero aprender mais - ele me disse em uma madrugada, enquanto nadávamos em sua piscina. - Quero aprender mais para poder ser melhor para você, para poder te dar mais prazer. Acho que isso é uma coisa ótima.

Ele estava certo. Não tenho mais ciúmes dele quanto tinha antes, já que consegui fazer o que tanto queria na noite em que eu fiz com que ele aprendesse mais do lado mais gostoso, quente, impuro e pervertido da vida. Ele também não sente ciúmes de mim, e me encobre quando saio mais cedo para encontrar algum cara. No final das contas, sabemos que podemos encontrar outras pessoas que transem melhor, ou que façam sexo ser algo memorável para nós, mas também temos a ciência de que ninguém vai ter uma conexão tão forte e sincera, e nem um sentimento tão forte quanto temos um pelo outro. É só olharmos um para o outro para sabermos se o que o outro precisa é de carinho ou de uma foda para nos fazer gritar. Eu e ele conseguimos nos entender.

- A carne está deliciosa, Karli. Foi você quem a fez? - senhor Hideiyoshi questiona, limpando seus lábios com um guardanapo.
- Sim, senhor.
- Christal, você deve estar orgulhosa. Criou uma filha tão bonita e tão prendada.
- Bom, não é apenas a carne que está deliciosa - é o sussurro indecente que escuto vir da boca que está perto de mim, ao meu lado.
- O que disse, filho? - o pai questiona, e Yuta bebe um gole de vinho, divertindo-se.
- Estava falando sozinho. E então, Jeanette, não vai falar sobre seu molho de menta caseiro e o quão bem harmonizou com a salada?

A conversa desvia seu foco para os alimentos, e eu e Yuta somos, felizmente, deixados de lado. Aproveitando da deixa, sua mão envolve minha coxa, por baixo da saia vermelha que uso junto de uma blusa social preta. Apertando minha pele, ele não tem o mínimo de pena, e eu aproveito para também provocá-lo, deixando minha mão escorregar uma vez para seu colo, discretamente, massageando e então apertando com força seu membro. Mesmo que eu faça isso apenas uma vez, vejo-o sorrir como se agradecesse o fato de que estou sinalizando o óbvio. Depois desse jantar, só as paredes do quarto dele vão poder ouvir o que dissermos.

O pé de Yuta separa os meus, e isso faz com que eu abra minhas pernas. Ele espera um tempo até que o resto da mesa esteja mais entretido para que seu dedo indicador me toque por cima da calcinha pequena e também vermelha, de renda.

- Eu amo essa calcinha - ele sussurra. Eu gargalho, baixo.
- Por que acha que a vesti?

Entendendo o mais explícito convite possível, os dedos de Yuta começam a movimentar-se sobre mim, esfregando-se contra minha pele e fazendo com que eu morda o canto interno da bochecha. Ele não tem pena de me torturar, não tem vergonha de fazer com que todos os presentes possivelmente possam perceber a forma como ele me toca e me faz tremer.

- Karli, ouviu o que eu disse? - escuto minha mãe dizer, e só então consigo me ligar a outra coisa que não seja a forma como o filho da puta ao meu lado aumenta a pressão e a velocidade com a qual acaricia meu corpo, que luta contra isso o máximo que pode. Ah, se ele soubesse o quanto vou fazê-lo pagar por isso...

- Não, perdoe-me. Pode repetir a pergunta?
- Não foi uma pergunta, na verdade - senhor Hideiyoshi diz, sorrindo. Ele, então suspira. - Ela disse que a amizade de vocês dois é uma das coisas mais bonitas que existem nesse mundo. Ela é tão pura e sincera. 

Neste exato momento, sinto dois dedos de Yuta afastarem minha calcinha, e eles me penetram por inteiro, fundo. Contraio-me contra seu corpo, mas tento não demonstrar o quanto isso me afetou.

- Sim, eu concordo - Yuta diz, dissimulado, tomando outro gole de sua taça de vinho. - Eu amo a amizade de Karli. Tão pura.
- Diziam, quando eram crianças, que iriam se casar algum dia. Ainda é o planejamento de vocês?

Nem as palavras de seu próprio pai impedem que Yuta seja um pervertido, começando a movimentar seus dedos lentamente dentro de mim. Reprimo um gemido em minha garganta, e ele acaba por sair como se fosse um suspiro.

- Está tudo bem, querida? - Jeanette questiona, e os demais parecem preocupados.
- Não foi nada, só uma cãibra na perna. Sabe, senhor Hideiyoshi, nós não sabemos. Já conversamos sobre isso, antes, mas chegamos à conclusão de que vamos deixar nossa vida seguir, e se acontecer, foi o destino. Sendo amigos, estamos muito felizes.

De minha boca não saem mentiras. Não consigo imaginar de forma fácil eu e Yuta em uma lua de mel, e dormindo na mesma cama para o resto de nossas vidas. Não consigo imaginar suas fotos de casamento, ou minha primeira gravidez. Não consigo pensar em como seria usarmos alianças, ou em como a mais velha estaria no judô e como o caçula estaria indo mal em matemática. E, principalmente, não consigo imaginar como seria nosso divórcio, nós dois possivelmente odiando um ao outro. Eu e Yuta fomos feitos para outra coisa.

Sim, fomos feitos para conversar sobre tudo, perguntar sobre tudo, e descobrir tudo. Fomos feitos para nos provocarmos, brigarmos e voltarmos a nos falar no mesmo dia, para acariciar a cabeça do outro quando ele está cansado. Somos feitos para combinar uma foda apenas com o olhar, e para nos beijarmos para não gemermos enquanto Jeanette anda pela casa para saber se tudo vai nos conformes.

Eu e Yuta fomos feitos para a carne, o toque, o beijo, o suspiro, o desespero, a pressa, o prazer. Não fomos feitos para sentimentalismo. Apesar disso, seja lá para quem pergunte, sempre dizemos o quanto amamos um ao outro. É um tipo de amor, é claro. Não um amor romântico, mas um amor de longa duração, e sensual até a morte.

- É, pai, amigos são incríveis.

Essa frase satisfaz o sentido de Hideiyoshi e o nosso. O nosso, perdoe-me, tem bem mais emoção. Penso nisso tudo enquanto os dedos de meu parceiro me tocam, e isso é o suficiente para que eu sorria.

É como Yuta disse.

Isso é bom pra caralho.

fucking good ;; nytOnde histórias criam vida. Descubra agora