Thoughts

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No domingo de manhã, meu humor estava péssimo. Tomei café, dei mais uma olhada no meu closet e por fim decidir ir ler um livro. Minha cabeça estava a mil, as palavras que eu lia não entravam em minha mente de jeito nenhum, sacudi o livro umas três vezes, como se o coitado tivesse culpa da minha revolta. No meio do meu turbilhão de lembranças, ouvi meu celular tocar, estiquei a mão e vi que era Ivy.

– Hey você! – A voz de Ivy era como sempre cantada.

– E ai, Ivy. Bom dia. – Olhei as horas no relógio de pulso, eram onze e pouca da manhã ainda.

– Como foi ontem? Diz pra mim que aquele gato está deitado ai do seu lado e você está tentando lembrar o nome dele, por favor! – Eu tive que rir. Quem me dera!

– Então, nós só conversamos um pouco na boate, ai eu fui te procurar e você já tinha ido embora. Então peguei um táxi e voltei pra casa.

– COMO É QUE É? – Ela deu um grito tão alto que eu tive que afastar o celular do ouvido.

– Pois é, ele teve que ir embora. – Não consegui esconder a frustração na minha voz.

– Vem almoçar comigo e com a Louise hoje, ela ta aqui preparando um frango com alguma coisa que eu não sei direito o que é e vem logo, Phoebe. Se você não tocar minha campainha em quinze minutos eu vou te tirar daí a força.

– Ta bem, mas calma. Eu só vou tomar um banho e desço pra gente se ver, qual seu apartamento? – Ela me deu todas as instruções, não precisei anotar. Desliguei e fui direto para o chuveiro.

Tomei um banho rápido e optei por um short jeans, sapatilha de estampa de onça, regata branca e peguei um cardigã preto para o caso de esfriar, não que isso fosse acontecer, era agosto e estava bastante calor hoje.

Me dirigi em direção ao apartamento de Ivy. Toquei a campainha uma vez, depois de uns segundos a figura alta e divertida estava parada na minha frente me olhando como se eu fosse a criatura mais louca do mundo. Ela me puxou pela mão e me fez entrar em seu apartamento, tentei protestar, mas era em vão.

– Ei, Ivy! Devagar, assim você me machuca. – Meu lamento não foi ouvido.

O apartamento de Ivy era quase igual ao meu, tirando os móveis, sua cozinha era toda branca e preta. Sentei-me no balcão de frente pra Louise, que mexia as panelas com toda sua ira.

– Bom dia, Louise. – Nossa, o cheiro da comida estava maravilhoso.

– Ah, bom dia Phoebe. Não te vi entrar. Eu ia até perguntar como você está, mas pela ira da sua amiga ali – ela apontou para Ivy que estava tirando uma garrafa de vinho branco da geladeira – eu já percebi o quão encrencada você está.

– Encrencada? Como assim?

– Nem venha, Phoebe. Você vai me contar direitinho para onde você foi com aquele gato-lindo-de-morrer ontem a noite e vai me contar agora. – Como assim? Eu devo explicação agora? Olhei de cara feia para Ivy para mostrar que eu não aprovei suas palavras, mas ela me olhou mais duramente ainda.

– Olha, nós dançamos e conversamos um pouco, ai do nada o celular dele tocou e ele teve que ir embora, o que demais tem nisso?

– Ah, o celular dele tocou as duas e pouca da manhã? – Louise levantou uma sobrancelha pra mim e depois voltou a mexer em suas panelas. Ivy serviu vinho para nós três e se sentou ao meu lado enquanto observava com cautela o que Louise estava fazendo.

– Gente, que coisa mais esquisita! É serio, um gato como aquele deve ter algo de errado, o celular dele tocar aquela hora da noite! Será que ele é casado? – A última frase de Ivy quase me fez devolver o vinho que estava na minha boca pro copo. Tive que pigarrear uma vez para a voz voltar.

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