Where are you going?

one.

  Há uma gritante diferença entre quem você é e quem você quer ser. Harry Styles gradativamente está a equilibrar ambas as coisas. Sabe o sentimento de contentamento com o que te pertence tanto materialmente quanto interiormente? Esse, é presente na vida do menino, pelo menos por enquanto. A convicção de que tudo passa extremamente rápido sempre fora atual pra Styles, ele nunca realmente soube o tempo em que durariam suas conquistas, ou o quão estável seria a situação em que sua vida se encontra. E isso era bom em alguns poucos aspectos.

   Esse pensamento passou rápido pela cabeça de Harry. E ele quase se sentiu feliz por finalmente ter tempo de pensar em algo que não fosse afinar a voz, conferir o som dos instrumentos, a intensidade das luzes, funcionamento dos microfones ou qualquer outra coisa que envolva estádios e shows em estádios.

   Com a cabeça encostada na janela do veículo, uma coletânea dos momentos acontecidos nos últimos dois meses se fez presente. Harry estava dentro de um ônibus voltando pra casa depois de uma longuíssima viagem em busca de seu sonho. Um livro jazia em seu colo, quase que completamente intocado, já que ele só lembrou-se da existência do mesmo no momento em que começou a se aprofundar nos infindáveis quilômetros que o separava de sua casa. Era Eleanor e Park, ele gostou das duas paginas lidas.

   A luz dentro do automóvel era quase zero, a não ser por uma pequena lanterninha que se encontrava em cima da poltrona dele, sem ela o breu dominaria o lugar. O ônibus estava vazio, Harry estava sozinho a não ser por algumas senhorinhas e um ou outro casal ocupando alguns assentos. Era compreensível, afinal, poucas pessoa costumam viajar durante a madrugada do finzinho de maio.

   Hotéis. Foram dois meses vividos longe de sua casa, de seu lar. Lençóis brancos, banheiras brancas, tapeçarias brancas, paredes brancas, qual era a obsessão que esses hotéis tinham pela cor branca? Ele realmente não entendia, essa cor é vazia, nunca o trouxe nada de bom, mas Harry sentia que inúmeros funcionários se esforçavam para trazê-lo cada vez mais próximo de sua casa. Os cafés da manhã eram quentinhos e todas as saudações pareciam ser verdadeiras e sinceras. Não era o suficiente. Ele sentia saudade de sua cama e dos abraços de sua mãe, dos cabelos coloridos de sua irmã e de ficar ate tarde assistindo séries deitado de uma forma extraordinariamente torta no sofá. Nada substituía a sensação de andar livre por seu lar.

   Apesar do descontentamento com os hotéis, Harry não é uma pessoa ingrata, está muito longe de ser. Está conquistando tudo o que ele sempre sonhou. Agora Harry é um cantor, um cantor de verdade. Ele ama a sensação de ser ouvido por milhares e milhares de pessoas. A sensação de tê-las com ele, sentindo uma musica idealizada e escrita pelo próprio, era simplesmente mágica. Inexplicável.

   Você se lembra de assistir o seu filme preferido pela primeira vez? Aposto que é presente a vontade de voltar no tempo e reassisti-lo, só pra sentir mais uma vez aquela euforia de presenciar algo tão incrível. Com Styles era assim toda vez que ele subia no palco, a mesma euforia de assistir o filme preferido pela primeira vez. De ouvir a musica preferida pela primeira vez. De visitar um lugar incrível pela primeira vez. Era intenso, real, transcendental. Às vezes, podia se mostrar muito estranho também. As redes sociais do menino cresciam numa velocidade assustadora. Fora parado várias vezes por algumas pessoas pedindo foto ou um autografo. Quando conseguiu encher um teatro com cinco mil pessoas, foi impossível conter a emoção. Entre uma musica e outra, ao ver milhares de pessoas ali pela arte dele, seus olhos se enchiam de lagrimas de orgulho. Ele realmente gostava de quem estava se tornando.

   O ônibus andava calmamente pela estrada. Por mais que fosse madrugada, vários outros automóveis passavam do outro lado da janela. Alguns carros, motos e vários caminhões. Harry se perguntava se as pessoas dentro deles não viam quem elas amavam á muito tempo. Perguntava-se pra onde elas estavam indo e qual era a motivação delas para viajar até aquele lugar. Será que demoraria pra chegar? Estavam ansiosas? É tão estranho pensar que vários e vários indivíduos cruzam o nosso caminho e nós nem ao menos sabemos o nome deles.