- Mãe, eu não estou deprimido. – digo enquanto despejo o suco de laranja no copo.
A mulher me encara de braços cruzados encostada no balcão, o semblante preocupado e o avental rosado de sempre preso na cintura. Retribuo o olhar levando o copo até a boca. Suspira encarando meu pai.
- Querida, Taehyung tem gostos diferentes, só isso. – explica com calma. – Por que insiste tanto que ele está deprimido? Só porque não passou nos testes de esporte da escola?
- Eu nem mesmo coloquei meu nome nas audições. – acrescento e meu pai me olha em reprovação. – Qual o problema? Eu pedi para me colocarem nas aulas de cerâmica e vocês disseram não. Não estou deprimido, só gosto de ficar no meu quarto desenhando enquanto a maioria dos jovens da minha idade estão bebendo e se drogando.
- Não comece a generalizar apenas para nos fazer sentir culpa, Kim Taehyung. – me repreende. Reviro os olhos colocando o copo na pia. – Você começou agora o ensino médio e nem mesmo se esforçou para fazer amigos.
- Você está errada, Yoongi é meu amigo. – digo colocando a mochila nas costas.
- Yoongi não conta, ele é seu amigo desde os sete anos, estou falando de outros amigos. – mamãe me olha como se sua afirmação de segundos atrás fosse óbvia.
- Amo vocês. – deixo um beijo no topo da cabeça de cada um. – Estarei de volta para o jantar.
Saio apressado verificando o relógio de pulso, Yoongi está parado com o carro na frente da minha casa, a janela do passageiro está aberta e ele me encara com um sorriso mínimo nos lábios. Retribuo me aproximando e entro, passando o cinto de segurança por meu corpo.
- Meus pais acham que estou deprimido, eu pareço deprimido? – pergunto encarando Yoongi que ri pelo nariz.
- Acho que não, quer dizer, você sempre foi esquisito para mim, desde pequeno, não tenho muito como comparar. – retruca.
- Meus pais me conhecem desde que eu nasci, por que eles não podem pensar que eu sou apenas esquisito?
- Os pais já são esquisitos por conta própria, eles não tem tempo de pensar sobre a esquisitice dos outros. – ri.
Min Yoongi, mais conhecido como meu melhor amigo desde a segunda série. Ele é o típico garoto de colegial, e me daria um chute no traseiro caso não fossemos amigos desde o inicio. Ele é sincero e ao mesmo tempo legal do jeito dele, toca piano, compõe umas músicas super profundas no porão de sua casa e praticamente briga com o irmão vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. É insuportável fazer dever na casa dele sem seu irmão mais novo pregar pegadinhas em nós. Cola e pregos nas cadeiras são o mais comum.
Consigo avistar o colégio de longe assim que viramos na rua, dou um suspiro colocando o fone de ouvido apenas de um lado.
Fazer parte de uma cidade pequena não é tão legal quanto parece, apenas um colégio para milhares de alunos, dois hospitais, poucos mercados, uma farmácia/perfumaria maior que minha casa, um parque de diversões que têm uma roda gigante e um carrinho de algodão doce. Tem tanta gente naquele lugar que se seus pais começarem a frequentar o ensino médio de novo seria quase impossível trombar com eles nos corredores.
- Você vai precisar de carona para voltar hoje? – Min pula do carro, colocando a mochila nos ombros.
- Não, valeu, preciso trabalhar na papelaria.
Meu avô tem uma papelaria e todo mundo que completa quinze anos na família começa a trabalhar com ele, já que somos meio limitados para trabalho na cidade. Meus dois primos mais velhos e minha prima de dezessete trabalham por lá, é uma papelaria grande, a única que contém coisas personalizadas, por isso alunos do fundamental e crianças estão lá o tempo todo, querem pastas de ursos e todas essas porcarias que vão acabar estragando até o fim do ano.
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soulmates ➳ taekook au
FanfictionKim Taehyung inventou um amigo imaginário, do qual ele sempre desenhava quando tinha um tempo livre. Elaborou em seu caderno azul claro uma sucessão impressionante de desenhos do rapaz que vivia somente em sua mente... Mas o que aconteceria se ele e...