Capítulo 5

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Ao chegar na frente da mansão, suspirou fundo descendo da carruagem. Ajeitou o vestido mais uma vez e adentrou ao salão. Neste instante todos os olhares se voltaram para ela, inclusive os de Miguel. Seu coração bateu mais forte do que nunca, tomado pelo impulso caminhou ate ela e estendeu a sua mão dizendo:

– Me concede a hora dessa dança ?

Ela aceitou. Seguiram de mãos dados ate o centro do salão, uma música suave começou a tocar, e os dois começaram a dançar. Muitas garotas que estavam ali morria de inveja, outras bufavam de raiva, outras apenas suspiravam vendo-os dançarem. A mãe de Miguel estava mais do que irritada, aquela empregada estava atrapalhando os seus planos.

– Você está mais linda do que já é. – Disse a girando pelo salão.

– Obrigado! Você também está muito bonito. – Respondeu levemente corada.

Foi um momento único na vida de Ruth.A tempo não se sentia assim: Feliz! Dançaram como se houvesse apenas os dois. Era como se estivessem sonhando, mas como em todo sonho, uma hora você tem que acordar. Quando a música acabou todos aplaudiram o casal, trazendo-os para a realidade. Antes que pudessem dizer algo, a mãe de Miguel chega empurrando outra jovem para que o filho dançasse. Ruth se afasta, sentindo ainda as borboletas no estômago. Estava na mesa de doces quando Marta a puxa pelo braço, arrastando ate a cozinha.

– O que pensa que está fazendo? – Indagou furiosa.

– Eu-eu só ia pegar um doce.

– Não se faça de tonta garota. Estava dando em cima do meu filho na maior cara de pau.

– Ele quem me tirou para dançar.

– Escuta bem o que eu vou lhe dizer.. – Disse colocando dedo em sua cara. – Fique longe dele ouviu? Você acha mesmo que ele se interessaria por uma empregada? Ele é um homem rico, pode ter a mulher que quiser aos seus pes.

– Eu.. – Tentou argumentar em vão.

– Calada! Se enxerga. Não é porque está bem-vestida e penteada que vai deixar de ser o que é... – Disse desfazendo o coque da jovem. – Uma empregadinha. – Disse com menosprezo. As lágrimas banhavam o rosto da jovem, nunca fora tao humilhada em toda sua vida. Saiu correndo, enquanto trombando nos convidados. Ouviu Miguel a chamar, mas não queria vê-lo. Enquanto corria acabou tropeçando em uma pedra, se levantou depressa que mal percebeu quando deixou um dos sapatos para trás. Chegou na pensão aos prantos, dona Beatriz ao ver o estado da jovem ficou preocupada.

– O que foi que aconteceu minha filha?

– Eu não quero vê-lo nunca mais, dona Beth. Nunca mais. – Chorava compulsivamente.

– Se acalme querida. Conte me o que aconteceu. – Disse sentando na cama colocando a cabeça dela em seu colo, enquanto fazia um cafuné.

Ruth contou a mulher tudo que tinha passado naquela noite. Apos desabafar acabou adormecendo. Depois daquele episódio nunca mais voltou a mansão, passava seus dias trancada no quarto. Sua alegria tinha morrido. Já não sorria como antes, e não cantava mais. Era como um pássaro sem vida, preso a uma gaiola. Certa vez, como pelejar dona Beatriz conseguiu arrancá-la de dentro do cômodo. Levou a ate o jardim que tinha atrás da pequena pensão.

– Querida espere um pouco aqui, acabei esquecendo de pegar meus óculos.

– Eu pego para a senhora. – Se prontificou.

– Não precisa, eu vou la rapidinho. – Saiu deixando a jovem sozinha.

– Que belas flores! – Disse sentindo o cheiro de um delas.

– "Não sou como a abelha saqueadora que vai sugar o mel de uma flor, e depois de outra flor. Sou como o negro escaravelho que se enclausura no seio de uma única rosa e vive nela até que ela feche as pétalas sobre ele; e abafado neste aperto supremo, morre entre os braços da flor que elegeu." * – Ao se virar, Ruth encontra Miguel com um buquê de flores na mão.

– Miguel o que faz aqui? – Perguntou surpresa.

– Não posso mais viver sem você. Aquele dia que foi embora do baile, levou consigo o meu coração.

– Não podemos ficar juntos. – Abaixou a cabeça enquanto uma lágrima escorria por sua face. – Sua mãe não permitiria.

– Ela não pode impedir o nosso amor. – Segurou em seu queixo levantando sua cabeça e entregando o buquê de flores. – Não importa o que ela tenha lhe dito. Quero que saiba que eu a amo. Amo como nunca amei ninguém. E quero viver para sempre ao seu lado. – Disse se ajoelhando.

– Ruth Sullivan, você aceita se casar comigo? – Estendeu o sapato que ela tinha deixado para trás no dia do baile, e dentro dele estava um par de alianças.

– Aceito! – Disse emocionada.

Ele se levantou, colocou o anel em seu dedo, a puxou para perto de si e selaram o compromisso com um beijo terno, porém repleto de amor. Dona Beatriz que a tudo assistia de longe sorriu contente com o final daquela história. Mas uma dúvida pairou em sua mente: "Existem felizes para sempre ?"

 Mas uma dúvida pairou em sua mente: "Existem felizes para sempre ?"

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* 832 Palavras.

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