Capítulo 1

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 Até agora não encontrei uma fórmula melhor de se iniciar uma história se não com ERA UMA VEZ...

Pois bem, seguimos então o andar da carruagem. Em algum lugar do espaço, em tempos de guerra,vivia uma linda jovem. Seus longos cabelos pretos contrastavam perfeitamente com seu tom de pele, a qual realçava ainda mais seus olhos claros. Possuidora de uma bela voz encantava a todos que a ouviam cantar, meiga, bondosa, tinha o coração do tamanho do mundo, nunca negava ajuda a ninguém, sua simplicidade a tornavam ainda mais especial. Entretanto, a maior de suas virtudes era o seu temor a Deus.

Órfã desde cedo, Ruth fora criada por dona Beatriz ,a qual lhe acolheu em sua casa como uma filha. Uma mulher extraordinária, viúva e mãe de dois belos rapazes, perderá seu marido anos atrás durante a dura guerra que se estendia ate então. Eram tempos difíceis, a fome de alastrava por toda a cidade, o número de mortes aumentavam a cada dia, as pessoas lutavam para sobreviverem em meio ao caos.

Mas apesar de toda dor e sofrimento, quando duas almas encontram o amor tudo pode ser superado. Ahh quando se a amor ... "tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." Bernardo o filho mais velho de dona Beatriz, se encantou pela jovem deste o primeiro dia em que a viu, eram apenas duas crianças inocentes, mas que já sabia o que era conviver com a dor da perda. Um encontrou no outro o apoio necessário para seguir em frente. Mas conforme cresciam, os sentimentos de ambos cresciam junto, como uma rosa que aos poucos vai se abrindo. Mas o que muitos não sabem, é que quando uma rosa desabrocha ou espinhos são inevitáveis, e ao tentar arrancá-los correra o risco de se machucar. Por isso não se iludam, o amor é sofredor, mas não se preocupe, é uma dor suportável.

Certo dia chega a notícia, o que todos temiam aconteceu. Quando os olhares de ambos se encontram a tristeza estampada em sua face confirma suas hipóteses.

– Fomos convocados a prestar nossos serviços ao governo. – Disse o filho mais velho com pesar ao adentrar a casa.

– Não!Não! Vocês não podem ir. – Dona Beatriz se pôs a chorrar compulsivamente.

– Não temos escolhas mamãe. Além do mais sabias que uma hora ou outro isso aconteceria. – O filho mais novo procura consolá-la.

– Não suportarei se perdê-los.

– A senhora não nos perdera.

Uma semana foi o prazo que tiveram para se prepararem para a partida, todos estavam fragilizados com a notícia, Ruth tentava demonstrar firmeza, mas a verdade era que temia pelo pior. Apos ajudar com as louças do jantar, segue para a janela a fim de contemplar as estrelas, deste criança sempre foi fascinada por ela.

– Ei, porque ficou tao calada durante o jantar ? – Bernado perguntou abraçando-a por trás.

– Nada, só estava pensando. – Disse brincando com seus dedos que estavam sobre os dela.

– Posso saber em que essa linda cabecinha tanto pensava? – Disse ele deposito um beijo em sua cabeça antes de se virar para ela.

– Em nos!

–Ruth, eu sei que está com medo. Eu também estou, mas lembre-se que a frente dessa guerra está o nosso General, e Ele nunca nos abandonara. Temos que confiar nEle.

– Eu sei. – A jovem diz recostando sua cabeça em seu peito.

A manha seguinte foi difícil para todos. O frio intenso só piorava ainda mais as coisas. Os olhos de dona Beatriz estavam inchados de tanto chorar durante a noite, seu coração de mãe doía por dentro como se houvesse uma flecha cravada em seu peito. Sem dúvidas a despedida era a hora mais dolorosa de todas.

– Se cuidem meus filhos. Lembrem-se de alimentar direito, se agalhem bem para não pegarem nenhum resfriado. – Dizia a mulher arrumando o cachecol no pescoço do filho mais novo, enquanto lágrimas começavam a escorrer por sua face.

– Ficaremos bem mamãe, não se preocupe.

A jovem Ruth assistia toda a cena sentindo mais uma vez a dor de ver alguém que se ama partir.

– Minha amada não fique assim. – Bernado disse se aproximando dela colocando uma pequena mecha atrás de sua orelha.

– Como queres que eu fique vendo o partir? – Lagrimas reprimidas começam a escorrer por seu rosto.

– Não chorres minha princesa. – Disse ele enxugando suas lágrimas. – Prometo voltar para ti, e assim casaremos e viveremos felizes para sempre com os nossos cinco filhos . – Esboçou um sorriso fraco a fim de amenizar o clima.

– Prometi escrever-me todos os dias?

– Não posso prometer que todos os dias, mas sempre que puder assim farei. Sonharei contigo todos os dias.

– E eu esperarei por ti todos os dias.

– Eu te amo. – Disse envolvendo-a em seus braços e depositando um beijo terno em sua testa.

– Eu também te amo! – Retribui o abraço com força, como se aquele simples ato o impedisse de partir. Nenhuma palavra mais foi dita, ficaram assim por alguns instantes ouvindo apenas as batidas do coração de ambos.

– Temos que ir Bernado. – O irmão mais novo interveio.

– Adeus! – Disse por fim soltando suas mãos. E então os dois partiram, deixando para trás dois corações aflitos.

– Será que eles voltarão algum dia? – Perguntou dona Beatriz abraçada a Ruht vendo-os partir.

– Fé!

– O que disse?

– Fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos. Entao, sim! Eu acredito que eles vão voltar.

Duas semanas já haviam se passado sem nenhuma notícia dos dois. Era segunda feira, o sol ainda aparecia tímido entre as nuvens, quando o carteiro entrega-lhe uma carta. Mas do que depressa abriu-a e começou a ler :

Querida Ruth,

Como prometido escrevo ti esta carta, para lhe dizer que estamos bem, diga a mamãe para não se preocupar, estamos nos alimentando direito. Gostaria de poder estar ao seu lado neste momento, de sentir o seu cheiro, olhar em seu olhos e dizer o quanto eu a amo. Mas sabemos que isto não é possível. Contento me com as lembranças de cada momento que passamos juntos, ao seu lado descobri o que era o amor, sinto me imensamente grato a Deus por ter colocado você em meu caminho. 

 Com amor, Bernado.

Quando terminou de ler seus olhos estavam banhados por lágrimas. Guardou a carta em uma caixa que ele tinha feito para ela no dia de seu aniversario. E assim os dias se seguiram, sempre que podia Bernado lhe escrevia dizendo o quanto a amava e que logo estariam juntos novamente, evita comentar sobre a guerra. Porem, conforme os meses foram passando a frequência das cartas começaram a diminuir, a preocupação tomou conta de si, mil e uma coisas passam por sua cabeça. Talvez ele não tenha tido tempo de escrever, ou...preferia continuar pensando assim. Todas as tardes ia para a porteira na esperança de encontrar seu amado, mas ele nunca chegava. Um dia quando estava quase desistindo, avistou de longe um homem, seu coração bateu mais forte do que nunca, a chama da esperança reacendeu sobre si, correu ao seu encontro mas parou no meu do caminho quando constatou que não era ele. Quando o homem se aproximou trazendo em suas mãos uma carta, os olhos da jovem se encheu de lágrimas, sentindo um aperto no peito.

– A senhorita se chama Ruth Sullivan ?

– Sim, sou eu. – Disse enxugando as lágrimas.

– Eu sinto muito. Ele me fez prometer que a entregaria pessoalmente. – Foram as únicas palavras que o homem pronunciou antes de partir.

* 1284 palavras.

Era uma VezOnde histórias criam vida. Descubra agora