Takano Masamune no baai: O dia em que ele partiu

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Ele sempre gostou de livros. Gostava dos lugares para onde era levado através da leitura, com ela poderia estar em qualquer lugar que não fosse aqui.

Gostava também da atmosfera tranquila da biblioteca, porque as pessoas não conversavam ali dentro. Ninguém viria perguntar seus hobbies ou sua cor preferida enquanto estivesse na segurança da biblioteca. Se fosse para ficar sozinho, qualquer pessoa diria que era melhor ir para casa, mas ele achava horrível ficar em casa. Nunca tinha ninguém lá, esperando por ele. Nunca tinha ninguém lá para fazer as refeições com ele, para perguntar como foi a escola, como foi o dia. Muitas vezes seus pais só chegavam em casa quando ele estava dormindo, e muitas dessas vezes, acordava com eles brigando. Por isso não era agradável ficar em casa, porque não tinha nenhuma boa lembrança lá. Assim, ficava na biblioteca até o horário de fechar.

Foi na biblioteca que ele se declarou, seu stalker. Ele já havia reparado há algum tempo que sempre havia um garoto mais novo por perto, às vezes, ao erguer seus olhos furtivamente do livro que estava lendo o via meio escondido atrás de uma estante, observando-o. Que cara estranho. Com o tempo se acostumou a sentir sempre sua presença, então já não fazia diferença, porém, mais ou menos nessa época, percebeu outra coisa estranha: havia alguém que estava emprestando todos os livros que ele já havia emprestado, não importava qual fosse o livro, embaixo da sua assinatura — Saga Masamune — estava aquele nome — Oda Ritsu. Quando ouviu a declaração todas as peças se juntaram.

— Então, você quer namorar comigo?

Mesmo que não estivesse realmente o levando a sério, foi na biblioteca que começaram a namorar.

Ritsu era muito tímido, estava sempre olhando para baixo, ruborizado e dificilmente o olhava nos olhos. Dava para ver como era puro e ingênuo. Uma criança feliz que nunca havia enfrentado uma dificuldade em sua vida. Saga chegou a odiá-lo por isso, odiar sua pureza, odiar sua alegria, pois o contraste entre eles o fazia se sentir ainda mais miserável e infeliz. Pensou em destruir suas ilusões, feri-lo de um jeito que ele nunca esqueceria, mas nunca chegou a pensar em algo efetivo a esse respeito.

Agora não ficava mais sozinho na biblioteca, Ritsu sempre estava lá. Assim que o via vinha correndo com um sorriso no rosto. Era um pouco irritante, para dizer a verdade, ter o seu refugio profanado com a presença brilhante dele, mas também não era de todo ruim, a conversa dele era interessante e sem que percebesse acabava se divertindo, mesmo que isso também o irritasse.

Foi na biblioteca a única vez que Saga gritou com Ritsu.

— Eu não te entendo! E para dizer a verdade tudo isso me enoja!!

Ritsu corou, abaixou a cabeça e se desculpou. Ao sair parecia prestes a chorar.

Saga estava cansado de criar falsas expectativas sobre seus pais, que surgiam mesmo contra sua vontade. Eles nunca se importariam com ele.

Só aconteceu de Ritsu estar no lugar errado e na hora errada. Quem liga para ele, afinal? Mesmo dizendo a si mesmo que não se importava que tivesse descontado sua raiva e ferido seu kouhai, o rosto magoado de Ritsu não saiu de sua cabeça a tarde toda.

E mesmo depois disso, Ritsu ainda ficou esperando por ele com um guarda-chuva, ainda dizendo que o amava. Como isso era possível? Porque o amor de Ritsu era verdadeiro. Ele se importava com Saga de todo seu coração.

Essa era a primeira vez que Saga recebia esse tipo de amor incondicional, e inesperadamente se sentiu feliz com isso. Ritsu estava lhe ensinado como era ser amado.

Como era possível que alguém mais novo pudesse lhe ensinar algo tão maravilhoso? Alguém tão desajeitado como seu jovem kouhai? Antes que percebesse estava pensando nele com carinho... Antes que percebesse estava apaixonado por ele.

O dia em queOnde histórias criam vida. Descubra agora