ANTES...
Então, ele a achou. No fim do corredor, sentada em uma cadeira, bem em frente a Grande Janela. Thomas nunca tinha ido aquela sala antes, pensava ser impróprio ir até lá, já que foi onde o pai de Jane fora assassinado. Mas, ali, olhando de longe, a sala gigantesca, no último andar do Hospital, com uma janela que ia de uma ponta a outra da enorme parede, de cima ate o chão e, principalmente, com Jane lá sentada sendo iluminada apenas pela luz da noite de NY, não lhe pareceu mais tão impróprio.
Ele foi até ela, sem tirar os olhos de suas costas e de seu pé a balançar calmamente. Por um segundo, Thomas olhou para o lado e para o outro e percebeu que nunca esteve em um corredor de hospital a noite e sozinho, e resolveu andar um pouco mais depressa, até chegar em Jane:
- Como pode não ter medo desses corredores? - Ele disse reparando na caneca que ela tinha na mão. Algo lhe dizia que aquilo não era nenhum tipo de bebida quente, e que continha álcool.
- Corredores de hospital são assustadores mesmo. - Ela respondeu, sem olhá-lo. - Mas precisei me acostumar com eles, afinal, fazem parte do meu Hospital. - Ela sorriu, encarando a imensa janela.
-Seu joelho está melhor, certo? - Ele a olhava fixamente, com as mãos no bolso, em pé, ao seu lado. - John disse que a bala atravessou, e que você só tinha perdido sangue.
- Sim, eu tô bem. - Jane respondeu de um jeito estranhamente doce.
Thomas também olhou para a janela, a vista era como ela havia descrito pra ele à um tempo atrás:
Calma.
Se sentou no chão, ao lado da cadeira de Jane.
- Você foi muito sensível comigo na montanha. Me abraçou e, até me beijou antes de eu descer.
Foi aí que percebi que, realmente, eu estava à beira da morte.
Jane parou de balançar o pé:
- Primeiro que, você estava a beira da morte. - Ela riu olhando pro chão. - E segundo, acho que quer conversar sobre isso.
- Não. Se conversarmos isso, seja lá o que for, vai acabar. - Agora os dois estavam com os olhos fixos na gigantesca janela.
- Olha...
- Não! Você sabe o quanto eu te quero, o quanto eu...
- Thommy... - Ela pegou em seu antebraço e o olhou nos olhos. - Eu e você, nós, isso...nós dois sabemos que não pode acontecer. - Ele balançou a cabeça, tentando interrompê-la, mas ela prosseguiu - O amor não é pra pessoas como nós...pra pessoas como eu.
- Jane...
- Eu amo você. - Ela respirou fundo. - Thomas, você é...minha esperança.
Thomas não reagiu.
- Você sempre será. Só não...não posso perder você.
Ela olhou pro chão mais uma vez, soltou o antebraço dele e se levantou, indo embora. Thomas então, a segurou pelo braço e, de súbito, a beijou.
Jane não o repreendeu.
- Achei que a ocasião merecia. Não quero ter que beijar você só quando um de nós estiver a beira da morte.
Porque aí, vou ficar desejando estar sempre prestes a morrer.
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Quem Disse Que Eu Não Vou Viver Pra Sempre?
RandomApós a morte de seu pai, Jane Goulart só tinha uma certeza em mente: "Meu pai não cometeu suicídio, ele foi assassinado pelo seu melhor amigo". Ela viu e ouviu tudo para ter esta certeza,e apesar de dinheiro nunca ter sido problema para a família de...