Returning to Canada

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     Hannah Miller

Olhando para a carta que recebera de Mike algumas semanas antes, eu deixava lágrimas contornarem o meu rosto branco. Nesta mesma carta Mike, meu namorado, me dizia que voltava hoje, nesta mesma hora.

Desviando os olhos do pedaço de papel em minha mãos, eu olhei para o pequeno ser apenas com algumas horas de vida, o fruto do nosso amor juvenil que Mike nunca teve o prazer de saber da sua existência, pelo motivo de não puder mandar cartas para o exército.

- E se ele não aceitar eu não lhe ter contado sobre o nosso filho? - eu perguntei á minha mãe, baixinho para não acordar o meu pequeno.

- Eu tenho a certeza que ele vai compreender Hannah. - minha mãe me tranquilizou e eu sorri para a mesma assentindo com a minha cabeça, voltando o meu olhar para o bebé ao meu lado.

Esticando o meu braço, eu alcancei a pequena mãozinha fechada do meu filho, acariciando a mesma com cuidado para não o acordar. Olhando para ele com um sorriso no canto dos meus lábios, eu pude notar melhor as suas parecenças com nós dois.

Ele tinha umas bochechas gordas iguais ás minhas, tinha uns lábios grandes e carnudos parecidos com os de Mike, ele ainda era muito branquinho mas eu tinha a certeza que iria ser uma mulatinho lindo igual ao pai, o seu cabelo era pouco mas dava para ver, pelos poucos fios que tinha, que iriam ser claros iguais aos meus e para um bebé, ele tinha demasiada força e isso dava para notar quando ele apertava o nosso dedo. A única coisa que ainda não podia ver, era os seus olhinhos, o médico me informou que a cor dos olhos só começa a ser certa quando o meu pequeno tiver um mês de vida.

Tinha tido o meu filho com apenas 16 anos, pois eu sou uma mãe adolescente, assim como Mike que enquanto esteve na guerra completou os seus 18 anos. No dia do seu aniversário eu chorei como nunca tinha chorado na minha vida, todos os seus aniversários assim como os meus aniversários, sempre os passamos juntos em casa dos meus pais ou dos pais dele, deitados na cama, abraçados e a ver filmes durante todo o dia, e depois á noite saímos para nos divertirmos com os nossos amigos.

Hoje, dia do nascimento do nosso filho, 6 de Novembro, vamos completar 3 anos de namoro, eu sei que ainda é muito cedo para termos um filho, especialmente na nossa idade, mas simplesmente aconteceu, nada foi planeado, mas mesmo assim eu estou muito feliz. Eu tenho a minha família agora, agora vai ser só eu, o nosso filho e o meu amor.

- Eles chegaram agora ao hospital Hannah, por favor fica calma filha. - minha mãe me informou e eu concordei com a minha cabeça, respirando fundo e ainda segurando a mão do meu filho, eu olhei para a porta do meu quarto de hospital e vi a mesma quase sendo arrombada por o amor da minha vida.

Que saudades eu tinha de ti, meu amor.

     Mike Posner

Descia carregado com as minhas malas do jato do exército, vendo todos os meus outros colegas se encontrarem com as suas famílias, começando a matar todas as suas saudades.

Abrindo um pequeno sorriso no canto dos meus lábios, eu com os meus olhos procurei a minha família. Soltei uma gargalhada quando vi o meu nome em letras enormes num placar e a segurar o mesmo, lá estava a minha família, os meus amigos e a minha família.

Caminhando um pouco mais rápido pelo aeroporto, eu fui me aproximando de todos e quando os mesmos me notaram, eu quase fui derrubado no chão de cimento por todos eles que me envolveram num abraço de grupo.

- Que saudades eu tinha de ti, meu filho. - minha mãe foi a primeira a se manifestar no meio dos gritos dos meus amigos.

Agarrando o rosto da minha mãe com as minhas duas mãos, agora livres das minhas malas que caíram no chão com toda aquela euforia, eu sorri para a mesma, enquanto olhava nos seus olhos castanhos, iguais aos meus, e beijei demoradamente a sua testa.

Sendo distanciado da minha mãe, eu cumprimentei todos os outros com um abraço e com muita festa. Estavam lá todos, os meus pais, os meus irmãos, os meus avós, os meus primos, os meus amigos de infância e outros amigos que fui conhecendo ao longo dos meus anos de vida, mas faltava algo ou melhor, faltava a outra metade do meu coração.

Minha loirinha, minha ursinha, meu amuleto da sorte, minha princesa, o meu amor, ela não estava ali á minha espera, ela não estava a me acolher nos seus braços e os seus lábios não estavam a beijar os meus, como eu sempre sonhei neste últimos meses. E, a sua falta fez com um medo crescesse dentro de mim, só de pensar na possibilidade de ela me der deixado e isso, fez com que o sorriso no meu rosto se desfizesse.

- O que se passa, meu filho? - minha mãe me perguntou, notando o desaparecimento do meu sorriso no meu rosto.

- Onde está Hannah, mãe? - eu perguntei e notei que todos ao meu redor ficaram em silêncio, assim como a minha mãe, que pareceu pensar na resposta que me daria. - Ela me deixou, mãe? - eu perguntei triste e a minha mãe soltou uma risada, negando com a sua cabeça.

- Não, meu filho, acho um pouco impossível ela te deixar, assim como acho impossível tu a deixares. - ela me disse e eu suspirei aliviado, sabendo que ela ainda me amava. - Mas, eu não sei como te contar isto. - ela disse voltando a ficar séria, me deixando ainda mais preocupado com a minha menina.

- Ela está no hospital, Mike. - Char me falou e eu rapidamente voltei o meu olhar para ela, a vendo baixar a sua cabeça, encarando os seus sapatos de salto.

- O quê? Como assim no hospital? - eu quase gritei á procura de respostas, mas todos pareciam ter ficado mudos, enquanto olhavam para mim.

- Eu acho melhor veres por ti, Mike. - minha irmã mais velha foi a primeira a se pronunciar.

- Então vamos embora, no que estamos á espera, me levem para junto da minha mulher. - eu disse desesperado, pegando nas minhas malas e caminhando para o estacionamento, ouvindo os passos e os murmúrios de todos atrás de mim.

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O caminho até ao hospital nunca me pareceu tão longo e tão demorado. Ninguém me dizia o que tinha acontecido com ela e o stress de não saber de nada começava a formar lágrimas nos meus olhos.

Assim que embarquei para o hospital, minha mãe me arrastou até á recepção, me impedindo de invadir todos os quartos á procura da minha loirinha. Mandy, minha mãe, perguntou á mulher morena da recepção se eu poderia entrar e a mesma assentiu, me entregando um cartão que eu não me dei ao trabalho de o observar, tomando atenção ao número do quarto que a mulher disse que Hannah estava.

Eu quase corria pelo enorme corredor á procura nas plaquetas de todas as portas o número 234. As pessoas que caminhavam por o corredor ou aquelas que quase eram atropeladas por mim, me olhavam com o ponto com uma cara estranha, certamente se perguntando o porquê de um militar ainda vestido com a farda, estava fazendo naquele hospital.

Chegando á porta do quarto certo, eu não me importei de parar, abrindo a mesma com força quase derrubando a porta e com a mesma velocidade eu parei todo o meu corpo, até parando de respirar quando vi uma coisa que não estava nada á espera de ver naquele momento.

Nada mesmo.

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⏰ Última atualização: Jun 29, 2014 ⏰

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