Recomeços

430 43 22
                                    


Cerca de uma semana passou, e eu tentava tocar a vida, me distrair com o Max e Baley. E embora eu estivesse pronto para conversar com o Tom, achei que ele ainda precisava de tempo. Carol havia me mandado uma mensagem quando chegou ao Canadá, dizendo que a viagem foi tranquila e estava bem. Também perguntou como eu estava e respondi apenas com uma carinha feliz e uma curtida. Ela seguiria a vida dela e eu precisava fazer o mesmo. Queria continuar, tocar a vida, como Carol me instruiu em sua carta, mas não tinha a menor ideia de como começar e na verdade tudo que eu queria era voltar a me esconder em minha triste, porém segura rotina, onde Carol não existia.

一 Baley que bagunça é essa? 一 falei vendo alguns livros que estavam sobre a mesinha da sala jogados ao chão. Entre eles, Forrest Gump, presente da Carol. Folheei o livro e a letra dela em uma das páginas me chamou a atenção.

“Bem vindo a sua nova vida” 一 a letra da Carol no alto da página e uma frase sublinhada.

A vida é como uma caixa de chocolates, você nunca sabe o que vai encontrar

No rodapé da página, mais uma frase com a letra dela.

“ Vá no seu estúdio limpe o seu mural e crie novas memórias”

Soltei um suspiro e continuei a folhear, na próxima página.

“ Nada de trapaças cavaleiro branco, precisa fazer o item 1” 一 estava escrito, seguido de um desenho de uma carinha feliz.

一 Carol… Carol… Vai embora e continua destruindo meus livros 一 falei a mim mesmo, levantei  fui até meu estúdio e encarei o mural repleto de fotos dela e do Max.

Comecei a tirar a fotos e embaixo de cada uma delas, havia um recado amarelo com diversos rótulos. Os organizei por ordem e sorri ao ler a primeira.

“Leve Baley para passear todas as manhãs ou noites, cães precisam de exercício e você não tem mais vinte anos, cuide-se. Tire uma bela foto”

一 Okay, acho que você precisa passear mesmo para parar de destruir a casa 一 falei olhando pro cãozinho que latiu e abanou o rabo.

Daquele dia em diante passeei com Baley todos os dias, nos fins de tarde, Max nos acompanhava e em uma semana o cãozinho já me trazia a guia e me obrigava a levá-lo, mesmo em dias de chuva.  E foi no meio de uma tempestade tropical que eu tirei uma das melhores fotos da minha vida, Baley e Max correndo na grama enlameada do parque. Foi a primeira foto do meu mural.

Semanas passaram e eu segui cada uma das instruções da Carolina, aceitei o happy hour com colegas, fui ao cinema, ao teatro, levei uma amiga do trabalho para jantar, acordei às três da manhã para ver as estrelas. Deitei no gramado um pouco úmido e olhei para cima, foi inevitável não pensar em Carol. Respirei fundo sentindo aquele aperto no peito e peguei meu celular do bolso. Fiquei um tempo olhando pro numero dela e hesitei diversas vezes até decidir ligar. Eu não tinha idéia se estávamos no mesmo fuso-horário, ou se era uma hora apropriada, mas precisava ouvir a voz dela.

一 Alo? 一 Ela atendeu depois do terceiro toque 一 Alô, Alec? É você?

一 Oi, eu… Eu só queria saber como estão as coisas? 一questionei.

一 Sim, estão bem e com você?

一 Bom, eu achei a sua lista 一 falo e ouço um suspiro 一 Estou deitado no meu gramado e a noite está muito bonita 一 falei admirando o céu. Quer que eu te mande uma foto?

一 Não, me fala. Descreve.

一 Bom é, um céu escuro com muitas estrelas.

一 Você pode fazer melhor que isso Alec Mcalister.

Meu Eu em Você  [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora