Prólogo

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Nada como acordar cedo em um sábado para trabalhar quando tudo que eu queria era dormir até depois do meio dia. Ah, aquela preguiça gostosa. Ficar abraçada com meu travesseiro, sentir a coberta me envolvendo e o ambiente escuro que só cortinas blackout são capazes de proporcionar. E quem sabe lembrar daquele sonho maravilhoso quando acordar. Tivesse pensado nisso antes de me formar em Turismo e, não contente, fazer um curso de guia. Eu me orgulhava de ser muito boa no que faço, mas somar isso com ter um emprego em uma grande empresa era sinônimo de muito trabalho e estar fora da cama de madrugada muitas vezes. No começo da carreira eu mantinha decorado todos os locais e trajetos que faria pelo menos com uma semana antes, mas depois de alguns anos eu simplesmente jogava na agenda e conferia no dia anterior ou minutos antes, como era o caso.

Ao abrir a agenda deixei cair sem querer o calendário do mês em que vinha marcando a contagem regressiva para o meu aniversário e acabei percebendo que havia esquecido de colocar o "X" nos últimos dias. Ao fazer a atualização me dei conta que só restavam sete dias para os meus trinta anos e essa proximidade caiu como um peso em meus ombros. "Como assim eu já ia fazer trinta e ainda continuava virgem?!" Isso pedia uma ação emergencial e para isso eu precisava de alguns telefonemas.

— Fernanda? Como está o seu dia, chefe favorita? — usei o famoso sorriso na voz tão conhecido por quem trabalha com telemarketing.

— Você não me ligou a essa hora só para saber isso. Até porque poderia muito bem perguntar pessoalmente já que devemos nos encontrar em alguns instantes.

— É sobre isso mesmo que eu quero falar. Preciso tirar essa semana de férias.

— Que engraçado, Laara. E hoje nem é primeiro de abril. Você sabe melhor que ninguém que é impossível te dar férias na alta temporada — dava pra sentir a apreensão em sua voz, mesmo que ela tentasse parecer firme e confiante.

— Eu sei, e também não estou brincando. É meu aniversário de trinta anos e eu não tiro férias há séculos. De qualquer forma não estou pedindo nada, foi um comunicado.

— Você só faz isso porque sabe que não será demitida, ou eu teria que lidar com um protesto de clientes raivosos na porta da minha agência — mesmo que ela tentasse não transparecer, eu podia sentir um fundo de humor nisso.

— Até semana que vem!

Férias! Eu nem conseguia acreditar que depois de anos teria alguns dias só pra mim. Mas a última coisa que podia fazer no momento era descansar. Tinha coisas para planejar.

Léo, tô de férias!!! Reunião urgente aqui em casa. Faça suas malas e apareça pra ontem!

Ele, que era especialista em estar de férias, com uma mensagem dessas no WhatsApp chegaria em um instante.

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