Virgem aos 30 [COMPLETO na Amazon]

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Quando o Léo apareceu com uma mala tamanho "comprei passagem só de ida para a Europa" eu percebi que havia esquecido de avisar na mensagem que as minhas férias se resumiam a sete dias, mas eu não duvidava que ele conseguisse usar tantas coisas em tão pouco tempo. E como ele sempre diz: "Eu gosto de ter opções." Mesmo que isso significasse cinco looks para cada ocasião possível. Ele não morava tão longe, mas vinha esperando pelas minhas férias por tantos anos que não queria perder tempo indo e voltando todos os dias. Eu ofereci liberar parte do meu armário, mas ele disse preferir deixar tudo dentro da mala porque daria menos trabalho e tudo que fez foi posicioná-la aberta sobre duas cadeiras em um canto do meu quarto.

Depois de uma discussão amigável sobre as minhas férias tão curtas que ele insistiu em chamar de feriado prolongado, aceitou a contragosto que eu não poderia simplesmente largar o meu emprego e tirar todas as férias atrasadas sem um aviso prévio para que encontrassem alguém que ficasse no meu lugar. Eu só tinha pedido os sete dias de última hora porque não é todo dia que se faz trinta anos. Bom, na verdade só completamos cada idade uma vez. Mas para nós mulheres brasileiras nascidas no século XX, depois dos famosos quinze anos, completar trinta era um marco. Balzac tem um livro sobre isso e eu estava pronta pra usar esse argumento se a minha chefe não tivesse aceitado os anteriores.

Só quando consegui sair do assunto é que pude começar a explicar os meus planos para esses dias longe do trabalho. Primeiro ele pareceu chocado com a minha objetividade, já que apenas ouviu sem dizer uma palavra enquanto eu discursava sobre o quanto era importante pra mim entrar na casa dos trinta sem ser mais virgem. Eu nem sei por quanto tempo eu tentei argumentar na tentativa de convencer mais a mim do que a ele de que era uma boa ideia. Depois vieram as possibilidades nada organizadas de um possível plano de ação.

— Chega de conversinha. Já que é o seu desejo, você tem que colocar em prática. — ele sempre foi do time da ação.

— Preciso de um planejamento, Léo — abri os braços e o olhei como quem estava falando o óbvio.

— Se eu bem te conheço, você vai passar esses dias que faltam só no planejamento e a ação que é bom nada, se é que me entende — ele piscou, fazendo sua cara de menino inocente que não me convencia mais.

— Então é mais fácil eu escrever uma placa de "Quero dar!" e sair com ela pendurada no pescoço.

— Adiantaria muito as coisas, meu bem. Mas eu sei que você jamais faria isso, então vamos a caça. Agora!

— Isso soa muito selvagem pra mim.

— Selvagem vai ser a sua noite depois que conseguir.

— Oi? — era nítido que ele estava se divertindo às minhas custas.

— Vai já tirar esse pijama! — e podia ser muito mandão quando queria.

Após definido que aproveitaríamos o belo dia de sol e céu limpo para procurar entre os homens que gostavam de se exercitar, tenho certeza que levaria horas escolhendo um simples biquíni entre as peças guardadas no armário ainda com etiqueta — que foram compradas em liquidação e nunca usadas por falta de tempo — se o Léo não tivesse feito isso na minha frente e arremessado em cima de mim o modelo escolhido.

— Já vai com ele por baixo, conselho de amigo.

— Claro, Leonardo. É totalmente normal as pessoas irem a academia de biquíni.

— É praticamente um projeto verão de última hora, querida. Se nada der certo na academia, partiremos para praia e se nada der certo lá também, pelo menos você garante um condicionamento físico melhor e um bronzeado para os próximos seis dias.