1° capítulo

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Os primeiros raios de sol, iluminam minha janela, escuto o canto dos pássaros que provavelmente estão na árvore da frente, a pequena brisa de outono chegando, os carros passando, pessoas conversando, um garoto rindo andando de bicicleta, um cachorro latindo, a cafeteira de minha mãe ligada. E eu estou aqui, deitada, somente pensando em tudo isso.
Minha vida se resume a isso, escutar, observar, pensar e viver somente no meu mundo, porque ninguém percebe o que eu vejo, ou sinto, como se só eu pudesse ver o mundo assim. As pessoas vivendo suas rotinas, sem sentimentos, somente vivendo para literalmente morrer.
Eu sou diferente, eu vivo cada momento, mesmo sozinha, como se fosse o último, eu canto pra mim e pra qualquer um que queira ouvir. São meus pensamentos, meu jeito, minha essência.
Quando era pequena, todos diziam que seria uma patricinha, por nascer em uma família rica, mas todos eles estavam errados, me tornei algo que ninguém imaginava, ando normal, como alguém comum, sem roupas extravagantes, sem jóias, sem maquiagem, simplesmente naturalmente. Não tenho celular da moda, não faço compras todos dias. Eu sou eu mesma, cantando sozinha todos dias, não existe um dia que me lembre que eu não tenha cantado, ou escutado alguma música, pois ela me movimenta, ela me deixa ver e sentir o que os outros não conseguem, pois estão presos em seus pequenos mundos.
Abro os olhos, e observo meu quarto, cores neutras, branco, preto e bege. Algumas fotografias em cima de uma escrivaninha, meu computador, o guarda roupa com porta de espelho. Meus dois violãos pendurados na parede, meu teclado ao lado da janela, e minha coleção de cd's na prateleira em cima da cama. Quem me conhece, sabe que vivo de música.
Levanto, pego minhas roupas, vou até o pequeno banheiro alojado em meu quarto, tomo uma ducha rápida e me troco, coloquei um shorts jeans preto uma camiseta preta com uma nota musical desenhada, vou até ao lado da cama e calço meu tênis cinza. Alcanço meu caderno de composição meu violão, celular e coloco dentro da capa, desço as escadas até a cozinha e vejo minha mãe arrumando a mesa.
- Eii mãe, tudo bem? - pergunto lhe dando um beijo na bochecha.
- Sim meu amor, café? - responde.
- Claro. Sabe que necessito antes de ir. - falo.
- Sempre. - diz - Mas e ai, onde vai hoje?
- Vou ver se consigo tocar no metro hoje. - respondo.
- Filha, você sabe que se precisar de dinheiro é só pedir não é? - me fala.
- Sim mãe, tudo bem, eu só quero cantar mesmo, não me importo se vou ganhar dinheiro ou não. - respondo depois de tomar um gole de café.
- Okay, só se cuida ta. É bem cedo não acha? - diz.
- Sim, mas quero pegar os primeiros trens, mãe. - respondo me levantando.
- Se cuida filha, qualquer coisa liga. - me diz.
- Claro, manda um beijo pro papai. - falo.
Pego a capa com o violão e saio de casa, a caminho do metro, ele fica a uns vinte minutos da minha casa, então tenho tempo. Ainda são 7:25 da manhã. Vou andando e observo as casas da rua, na verdade são todas grandes mansões, gramados verdes, e carros chiques. Todas com tons de branco, cinza, cores pastéis.
Virando a esquina observo outras casas, agora bem mais simples e aconchegantes. Avisto uma pequena garotinha brincando com seu cão gigante. Sua mãe está observando sentada na escada da frente e me da um pequeno aceno. Olho para ela e retribuo o aceno, já virou rotina, ela sempre me vê passando por aqui. Depois de mais dez minutos andando chego a entrada do metro, desço as escadas e vou até um pequeno banco de madeira, abro minha capa e coloco no chão, seguro meu violão preto e o afino até o trem chegar. Depois de mais ou menos cinco minutos vejo o trem vindo e começo a tocsr e cantar para as pessoas me escutarem ao já sairem do trem.

RIVERSIDE - Agnes Obel

ORIGINAL
Down by the river by the boats
Where everybody goes to be alone
Where you wont see any rising sun
Down to the river we will run

When by the water we drink to the dregs
Look at the stones on the river bed
I can tell from your eyes

You've never been by the riverside

Down by the water the riverbed
Somebody calls you somebody says
swim with the current and float away
Down by the river everyday

Oh my God I see how everything is torn in the river deep
And I don't know why I go the way
Down by the riverside

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⏰ Última atualização: May 07, 2018 ⏰

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