Tempo

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(POV Thali)

O vento batia forte no meu rosto, enquanto a limousine acelerava pelas ruas de Florianópolis.
Ahhhhh, Floripa...
Que saudade que eu estava desse lugar. Tantas coisas mudaram, tantos anos se passaram... 10 anos pra ser mais exata.
Pra ser honesta, eu não tinha a menor vontade de voltar e ao mesmo tempo eu só tinha vontade de voltar.
A paisagem continuava linda, as águas tão limpas que pareciam pedacinhos verdes de cristal. A brisa, o cheiro de mar.
Com toda certeza, eu estava em casa.

-Já estamos chegando? - eu senti a mão de Lívia encostar na minha perna, me tirando do meu transe.

-Ainda não, filha. Falta só mais uns cinco minutos agora, está bem? - eu respondi a minha pequena.
Olhando pra ela, eu só sabia sentir orgulho. Foi uma loucura quando eu engravidei, com 19 anos, sozinha e em outro país, terceiro semestre da faculdade e completamente dependente dos meus pais.
Agora minha filha tinha 8 anos, era extremamente inteligente e linda. Não digo isso só porque ela era extremamente parecida comigo, ela era mesmo linda. Tinha a pele morena, os cabelos pretos e lisos como os meus, sardas se espalhavam em sua face, formando uma constelação em baixo dos seus olhos verdes.

-Senhora, estamos chegando. - o motorista avisou.

Eu respirei fundo.
Eu não tinha voltado por um bom motivo, meu pai havia ficado muito doente. Minha mãe já com a idade avançada, não dava conta de cuidar dele sozinha.
O carro parou em frente à fachada do prédio. Olhei bem para toda aquela extensão. O prédio permanecia o igual a 10 anos atrás. E com ele vieram diversas lembranças da ultima vez em que estive ali. Lembranças bem ruins...

-Mãe, será que a vovó vai ser legal comigo dessa vez? - Lívia me perguntou.

Meu coração apertou. Minha mãe a vira apenas uma vez, em uma breve visita a NY. Lívia tinha 5 anos na época, e foi quando minha mãe começou a me perdoar por ter engravidado sendo solteira, jovem e todo o resto.
E ela só perdoou, porque também foi nessa época que minha carreira como atriz na Broadway deslanchou. Ela foi fria com a minha filha, de um jeito que eu jamais pude perdoar. Fazer comigo era uma coisa, mas Lívia não tinha culpa de nada.

-Talvez sim, filha. Mas não se preocupe com isso. Tem muitas pessoas que amam você, a mamãe ama você. Isso que importa, está bem? - eu falei sorrindo pra ela.

Eu a chamava de pequena, mas isso quase não era mais verdade. Com 8 anos, Lívia já tinha quase a minha altura.

Subimos as escadas da entrada, não reconheci o porteiro.
Apertei no andar deles. Minha barriga estava gelada. Minhas mãos tremiam.
Calma, Thalita, respira.

E então, eu toquei a campainha.

-Oi filha! - minha mãe disse assim que abriu a porta.

-Olá mãe. Bom te ver novamente.

-Olá vovó! - Lívia sorriu pra ela gentilmente.

-Olá, criança. - minha mãe respondeu. - Andem, vamos entrando. Seu pai está no quarto.

****

Algumas horas em Florianópolis e eu percebi que precisava morar em um apartamento diferente dos meus pais. Encontrei um flat pra alugar, eu só ficaria por três meses. No jornal dizia que o flat ficava do desse lado da cidade.
Ótimo. Eu precisava ficar por perto.
Peguei Lívia e sai à procura do tal flat, logo depois que almoçamos.

Andar por Floripa era no mínimo revigorante.

-Mãe, olha só que praia linda! Podemos ir até lá? - Lívia me pedía com os olhos brilhantes.

-Na volta, nós podemos, ok? Agora estamos com o horário um pouco corrido.

O Flat ficava a três quadras do apartamento dos meus pais, o que era ótimo.
Uma fachada imperiosa, toda feita com vidros espelhados. Lindo. Eu não me lembrava de algo assim quando fui embora.

-Boa tarde, eu gostaria de ver o flat que está disponível pra alugar. - eu falei com a moça na recepção.

-Boa tarde. Só um instante por favor. - ela apertou um botão e apenas um minuto depois, um homem apareceu.

-Olá, boa tarde. Meu nome é André, e eu serei o seu guia no GAF empire. Espero que possamos atender suas necessidades. Qual é seu nome?

-Thalita. E essa é a Lívia, minha filha. - eu falei sorrindo.

Depois de um tour pelo lugar, Lívia já estava apaixonada. Tinha piscina, área para animais, playground e o apartamento era maravilhoso.

-Fechado. Quando eu posso me mudar pra ca? - Eu perguntei sorrindo.

-Assim que você quiser, temos dois flats vagos nesse momento. - André me respondeu com gentileza.

-Amanhã, eu venho assinar tudo e já trago as minhas coisas, pode ser? - Lívia pulava de felicidade ao meu lado.

-Pode sim, claro! Até amanhã, dona Thalita. - André sorriu novamente.

Enquanto voltava pra casa dos meus pais, eu lembrei que não tinha avisado ao Rizzih que voltei. Liguei pra ele na mesma hora.

-Amigaaaaaaa não creio que você está em Florianópolis! Olha, eu estou em SP, mas to indo embora hoje! Podemos marcar alguma coisa amanhã? Barzinho, talvez?

-Claro que sim! Espero você amanhã então! - eu respondi. Bateu um desânimo. Eu percebi que não tinha mais nenhum amigo ali.

Na manhã seguinte, eu reorganizei as malas e logo após o café, sobre os protestos da minha mãe, eu fui pro flat.
Ela queria que eu ficasse lá, mas ela não conseguia tratar bem a minha filha, então pra mim não dava.

Assim que cheguei, a recepcionista me entregou uma chave. Se acomode e encontre o André no escritório, ela disse.
Obedeci sem dó.

-Filha, eu tenho que ir resolver a parte burocrática, vai ficar vendo TV? - Eu perguntei antes de descer.

-Vou mãe. Ou então vou explorar a área, não saber ainda. - ela respondeu.

-Não sei. - eu a corrigi. - pra ela as vezes era complicado falar o português correto - Ok, então até loguinho.

Eu peguei o elevador e apertei o andar da administração.
Uma ampla sala se estendia ali.

-André? - eu chamei em voz baixa.

-Ora, bem em tempo! - ele falou aparecendo em uma das portas. - Um minuto, por favor, sim?

-Sem problemas. - respondi sorrindo e me sentei.

Quando a porta abriu novamente, eu me levantei.

-Olha que legal, você vai ter a chance de conhecer uma nova cliente. - André dizia para alguém.

Porém quando ele abriu a porta, meu coração foi na boca, senti meu corpo congelar, minha garganta secou.
Bem ali na minha frente, com cabelos loiros até os ombros partidos ao meio, usando um salto 15 Prada, uma bolsa Gucci e um terninho cinza, que nitidamente era feito à mão, estava Gabriela Fernandes.




Oieeeeeeee to de volta!
E aí, o que estão achando? 😍
Quero muito saber, então vou fazer uma chantagem leve... kkkkk
Quando chegar a 100 comentários, eu posto o próximo, porque se não fica muito um em cima do outro... 😅
Sério, comentem porfavorzinho? 😍
Beijos!

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