Relativo

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(POV Gabie)

Sair daquele banheiro, resistir a ela, nunca me pareceu tão difícil ser forte.
Mas eu precisava me lembrar o tempo todo que ela me abandonou por eu ser pobre. Óbvio que agora estaria interessada, porque eu sou rica.
Mas eu não fico com pessoas interesseiras. É claro, ela provavelmente tem um marido.
Jogada na minha cama, sozinha, na noite em que eu deveria estar comemorando com a minha namorada. Lorena estava tão puta comigo que pediu pra ir pra casa dela.
Eu só faço merda...

Só percebi que eu tinha adormecido, quando acordei com a campainha.
Quem deveria ser as 9 da manhã de um sábado? Ninguém toca a companhia da minha casa...

-Oi, tia. Bom dia! - Lívia tinha um enorme sorriso no rosto e uma Cacau em suas mãos.

-Bom dia, Lívia. Ela fugiu pra sua casa de novo? - Eu perguntei passando a mão no rosto e ajeitando o hobby.

-Sim... acho que ela gostou de lá. - ela acariciou a cabeça da gata.

-Vem cá, eu vou te mostrar onde minha mãe mora, e da próxima vez você pode levar a Cacau pra ela. - eu falei. Não sei porque, mas eu gostava daquela menina.

-É uma ótima ideia, tia. Estou te incomodando, né? - ela baixou o olhar.

-Não querida, está tudo bem. - encostei a porta e fui pro elevador com ela.

-Que bom, se não minha mãe me mata.

Apertei o quarto andar.

-Chegamos. Aqui, toque a campanhia. - eu falei.

Ela tocou. Minha mãe abriu a porta.

-Ora, bom dia! O que temos aqui, uma criança linda e uma gatinha fujona! - minha mãe como sempre bem humorada pela manhã.

- Mãe, essa é a Lívia. A Cacau vive fugindo pra casa dela. - eu falei.

-Prazer Lívia! - minha mãe sorriu pra ela.

-Prazer. Eu moro bem aqui ao lado. Agora faz sentido a Cacau entrar tanto na minha casa... - Lívia sorriu.

-Obrigada por sempre devolvê-la! Hey, você gosta de bolo de chocolate? - minha mãe foi logo perguntando.

-Eu amo! - Lívia gritou.

No mesmo instante em que ela gritou, a porta ao lado se abriu.

-Lívia, o que foi que eu falei sobre... - A voz de Thalita morreu ao constatar que Lívia não estava sozinha.

-Thalita?!?! - minha mãe olhou com cara de espanto.

Thalita estava toda arrumada, em um salto enorme e um vestido vinho colado ao corpo.

-Olá Dona Juci, bom dia. - ela respondeu educadamente. E então ela me encarou, me olhou de cima a baixo e sorriu de canto. - Bom dia, Gabriela. - ela disse como se fosse um elogio.

-Mãe, essa é a moça do andar de cima que eu falei... vocês já se conhecem? - por algum motivo os olhos de Lívia brilhavam.

-Sim, filha. - Thalita respondeu - E você tinha razão, ela é mesmo muito linda.

Eu senti que fiquei vermelha, e só então eu percebi que meu hobby estava aberto e meu baby-doll era minúsculo.

-Thalita, como é que eu não sabia que você estava morando tão perto! E que mulher linda você se tornou, minha filha! - minha mãe já foi andando até ela com aqueles braços enormes abertos. Minha mãe não tem jeito.

Ela nunca, nem por um segundo, odiou a Thalita. Ela sempre acha que existe uma razão por trás da razão.

Elas se abraçaram.

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