Tudo começou no dia 19 de fevereiro de 2015, o dia em que minha vida virou de ponta cabeça, quando meu mundo começou a desmoronar, quando tudo era as mil maravilhas resolveu virar um verdadeiro inferno. Um acidente de carro, algo que abalou completamente com a minha família.
Era noite, depois de uma festa, como todos os anos em que comemoramos meu aniversário, esse ano eu fazia 14 anos. Minha família sempre foi uma família de tradições, era praticamente obrigatório todos os anos comemorarmos o aniversário dos familiares, nenhum ano se deixava passar, para minha mãe era quase sagrado. Então, lá estávamos nós, mais uma festa sendo comemorada no quintal da casa de minha tia. Estava tudo lindo, todos os meus amigos estavam presentes, toda a minha família reunida, aquilo acontecia todos os anos, mas naquele dia estava sendo muito especial pra mim, mais do que o normal. A festa, como sempre, foi maravilhosa, todos estavam felizes, animados, sorrindo e se divertindo. E pela primeira vez eu vi meu pai de bem com meu irmão mais velho, Charlie. Eles brigavam bastante, mas nada que interrompesse o meu relacionamento com nenhum dos dois.
Meu pai era um homem sério, ainda é, mas ele sabia diferenciar trabalho e família, ele é chefe de uma empresa muito renomada, por isso anda todo engravatado, sério, ele diz que precisa passar uma imagem séria para seus empregados. Como eles iriam o respeitar se fosse um brincalhão em serviço? Já em casa ele era totalmente diferente, uma homem de muita conversa, muitas risadas, muitas brincadeiras, mas ainda sim rigoroso com algumas coisas, principalmente com Charlie. Tenho absoluta certeza que esse foi o principal motivo de Charlie ter saído de casa. Em uma das discussões entre eles, eu escutei meu pai dizer a seguinte frase "enquanto você viver de baixo do meu teto, e eu ainda pagar suas contas, você deverá me obedecer e me respeitar". Charlie era muito rebelde, ele nunca respeitava as ordens do meu pai, por mais sério, e mais rigorosos os castigos que ele empregava, ainda sim não ligava, sempre admirei esse lado dele. E lá foi ele, aos seus 18 anos morar sozinho, dizia ele ser muito legal e divertido viver longe dos pais, sem regras e ordens, mas eu sabia que não. Charlie passava muitas dificuldades, e por ser muito durão, nenhuma vez pediu ajuda ao meu pai. Por mas que muitos pensassem o contrário, Charlie se dava muito bem comigo e com a minha mãe, o problema dele mesmo era com meu pai. Minha mãe sofreu foi muito com a ida de Charlie, mesmo tentando disfarçar, eu a conhecia muito bem para saber que ela sofreu, eu também sofri, mas não tanto quanto ela. Eu e Charlie sempre nos falavamos pela internet, e vivíamos nos encontrando depois da minha aula de educação física, depois da escola. Minha mãe que fingia não sentir saldade ou qualquer coisa em relção a Charlie ou em relação a qualquer coisa, talvez fosse por causa de não querer ser vista como "fraca", ou era por causa do meu pai, não sei, minha mãe sempre foi um suspense pra mim.
Depois da festa, todos nos despedimos, Charlie ia rumo a sua casa quando tudo aconteceu, ele estava sozinho, ele não bebia, ele não estava com sono, nada pra se preocupar. Lembro da última frase que ele disse a mim, como se fosse ontem, "Segunda eu te busco na escola pra nós irmos aocinema, okay, pequena?" e também me lembro o que meu pai disse para ele, "Quando chegar em casa ligue para nós, para sabermos se chegou bem" coisas de pais, não é?
Todos entramos na casa da minha tia, e por lá ficamos. Nosaa casa era meio longe da casa da minha tia, meu pai também bebia, por isso optamos por dormir lá mesmo. Eu fui a primeira a dormir, estava bastante cansada, enquanto todos continuaram na sala, conversando. Acordei no meio da madrugada com todos que estavam presentes horas antes falando baixo, agora alto. Eu não estava entendendo o motivo do alvoroço, por isso resolvi descer.
Minha mãe estava sentada no chão da sala escorada na porta, com as mãos em seu rosto, meu pai estava falando ao telefone com uma voz fraca, mal conseguia ouvir de tão fraca, com certeza quem estava do outro lado da linha não estava entendendo nada, assim como eu. Meus tios estavam tentando acalmar a minha mãe, mas parecia que aquilo não estava dando certo. Eu fiquei desesperada, todos, certamente, angustiados, enquanto eu estava parada na escada diante daquela cena.
Quando meu pai se deu conta de que eu estava ali, se virou para mim e disse para eu ir me arrumar, que iriamos sair naquela hora, e bom, eu fui, meu pai não quis me dar explicações, só me deu a ordem e eu assenti, seguindo ao quarto em que eu dormia.
Quando desci de volta a sala, meu pai e minha mãe estavam me esperando no carro. Aqueles minutos dentro do carro foram bastante angustiantes e tenso, minha mãe chorava, meu pai estava em silêncio, não era um bom momento para perguntas, mas ainda sim tentei.
-Para onde estamos indo? - perguntei com a voz baixa, em resposta recebi um completo silêncio - alguém pode me explicar o que tá acontecendo? - ainda silêncio - pai...
-Tem como você ficar quieta? - disse minha mãe entre soluços de uma forma grosseira.
Estávamos rumo ao hospital que havia próximo a estrada, que ligava o campo e a cidade. Eu estava sentindo que algo tinha haver com meu irmão, Charlie, eu estava com um frio na barriga absurdo, aquilo doía, mesmo assim optei por continuar quieta. Quando entramos no hospital, meu pai mandou eu ficar esperando na sala de espera do hospital, me recordo de olhar num relógio que era a única coisa que fazia barulho ali, tirando a recepcionista folheando aqueles papéis com varias coisas escritas que de longe era impossível ler. Era exatamente 04:19 da manhã, tirando meus pais, eu e os funcionários, não avia ninguém no hospital. Depois disso não consigo me lembrar de mais nada desse dia, não sei como voltei pra casa, não sei que horas meus pais apareceram, nada.{ 21 de fevereiro de 2017 }
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Hurt • Fillie •
Novela JuvenilEla era a menina que tinha depressão Ele o garoto novato que iria ajuda-la "...Deixa eu te ajudar, caralho" "...Pensei que você soubesse que não pode se ajudar o que já está morto" • Fanfic fillie • • criada por duas autoras • • os dois tem 16 anos...