A primeira ilusão

Encontro

- E ele simplesmente chegou do nada falando tudo isso? Ana Paula estava tão surpresa quanto eu.
- Sim, sentou do meu lado e falou tudo isso que te contei.
- Isso é tão estranho, mas e ai? Você tem um namorado agora?
- Não, claro que não, eu disse ao Matheus que não tinha interesse.
- Ah Juliana, você tem que se permitir conhecer as pessoas um pouco, você nunca namorou, e se continuar assim, fugindo de todos os garotos que dizem está interessados em você, nunca vai mesmo.
- Eu sei, eu sei, só que... Sei lá, a gente não tem que ficar interessada também na pessoa?
- Nem sempre, as vezes o interesse só vem depois de conversar, sair ou beijar pelo menos uma vez.
- Não tô afim de beijar um estranho.
- Ele não é um estranho, não totalmente. Só conversa com ele, se ele realmente for um garoto estranho e chato, você apenas diz que não.
- Hmm... Tá bom, vou pensar nisso.
- Você tem medo?
- Medo? De quê?
- De ter um namorado.
- Não, acho que não. Eu só não sei como funciona isso.
- Não é tão complicado assim, você apenas gosta do garoto, e ele de você, vocês conversam sobre a vida de vocês, sobre as coisas que gostam, vão a lugares que gostam e se beijam.
- Falando assim, parece simples.
- E realmente é, quando as coisas ficam muito complicadas é hora de dá tchau.
- Assim? De repente?
- Garota, nunca namore com alguém que dê mais trabalho do que o seu cabelo.
- kkkkk isso me parece fazer sentido.
- Claro que faz.
- Obrigada pelo conselho Ana, vou tentar seguir.
- Por nada, vai aproveitando enquanto estão de graça.
- Ok

Minha amiga era bem maluca às vezes, mas sabia dá bons conselhos, do jeito dela, mas sabia.
Assim que cheguei em casa, me lembrei que esqueci de avisar a mamãe quando sai da escola, espero que ela não tenha lembrado desse detalhe, já que cheguei cedo.
- Juliana?
- Senhora?
- Vai lá na mercearia comprar um pacote de sal e um molho inglês, preciso terminar o jantar.
- Tá bom, cadê o dinheiro?
- Pega no armário.

Nem tirei a farda da escola, apenas deixei minha mochila, peguei o dinheiro e fui. Quando passei em frente à casa do Matheus, foi inevitável não olhar pra ela.
Não sei porque estou desse jeito, não foi nada demais ele ter vindo falar comigo hoje, pela primeira vez, e sobre um amigo dele que diz gostar de mim há algum tempo. Não tem porquê ficar nervosa com isso.
Entrei na mercearia e levei alguns segundos para lembrar o que havia ido comprar e encontrá-los na prateleira. Peguei e me direcionei até o caixa, onde estava o Sr. Afonso, que me cumprimentou com um sorriso sempre gentil.
- Oi Juliana, como vai seus pais?
- Oi, estão bem.
- Que bom, são 3,50
- Aqui está
- Obrigada
- De nada, manda um abraço pra eles.
- Mando si... Estava terminando de falar quando esbarrei em alguém, levei alguns segundos para me recompor, pedir desculpas e olhar em quem esbarrei. Quando olhei quem era, desejei ter um buraco pra me jogar dentro.
- Oi, Juliana.
- Oi Da... Daniel. Gaguejei...
- Tudo bem com você?
- Hmm... Sim, tudo, tô bem.
- Então, o que você queria?
- Des... Desculpe, do que você está falando?
Ele me olhou meio confuso
- O Matheus me disse que você queria falar comigo.
- É o quê???
Disse furiosa, como aquele fdm poderia ter dito isso? Se não verdade eu falei que não estava interessada.
- Bom... Eu o vi agora a pouco, e ele me contou que você gostaria de falar comigo, tive que vim comprar algumas coisas, e por sorte encontrei, ou melhor, esbarrei com você.
Ele me pareceu bem sincero. E olhando assim, de perto, tinha olhos bonitos, castanhos claros. Juliana, se concentre por favor.
- Aah... Sinto muito, mas seu amigo mentiu para você, eu não falei nada disso a ele. E bom, estou apressada, minha mãe está me esperando.
Ele me olhou meio desapontado.
- Tudo bem, desculpe por incomodá-la.

Não sei exatamente quanto tempo levou, mas me pareceu uma eternidade o caminho até em casa. Entreguei as coisas para a minha mãe e fui direto tomar um banho. Tirei a roupa, liguei o chuveiro, entrei debaixo dele, fechei os olhos e vi ele novamente na minha frente, me encarando com aqueles olhos castanhos claros.