A minha história começa da mesma forma que a sua, em uma escola. Não sei se esse é o melhor momento da vida para todos, mas para mim passou como algo indiferente no quesito geral, se eu fosse classificar minha vida escolar seria algo como um sete. Momentos bons e ruins, engraçados e tristes. Eu sou como você, e como você eu também tenho uma paixão por alguém porém minha paixão é diferente de nós. Particularmente gosto do fato dela ter convivido essa história que contarei adiante, pois atualmente ela não pode ler minhas escritas.
Sexta série
Mais um dia, sete e vinte da manhã, eu estava no portão da mesma escola que sempre estudei, dei bom dia para as pessoas da portaria e olhei para o grande pátio do colégio. A camisa de algodão, o short de tactel e aquela brisa fresca da manhã misturada com o clima quente do verão, mais um ano no colégio e meu segundo ano no turno da manhã. Eu e minha cara amassada subimos as escadas, ao entrar na sala reparei imediatamente em meus já conhecidos colegas do fundão e fui direto cumprimenta-los. Eu poderia escrever sobre meus colegas, mas o foco aqui é a minha paixão. Todos nós nos sentamos e aguardamos a professora de língua portuguesa entrar na sala, passaram-se quinze minutos e ela entrou, fechou a porta de madeira e disse:
—Bom dia queridos, sei que isso não é comum para vocês mas a partir de hoje teremos duas professoras em sala, ela não irá dar aula como eu dou mas vocês podem tirar dúvidas com ela também. Outra coisa, entrou uma aluna nova e é por isso que teremos essa professora aqui na sala. Ela não enxerga muito bem, então se ela precisar de alguma ajuda leiam para ela. É isto, e sem bagunça.
A professora abriu um pouco a porta, pois a cabeça do lado de fora e disse algo inaudível, alguns segundos depois entrou uma moça de altura parecida com a da professora e atrás dela a menina cujo a professora estava falando. Os óculos dela eram grossos, ela tinha cabelos pretos e pele branca. Fui cutucado por um dos meus colegas, ao olha para o lado ele disse:
—Acho que nem um tiro de calibre doze perfura aqueles óculos.
Eu tive que rir afinal fazia sentindo. As janelas abertas, o vento batendo e a professora falando sobre o uso de vírgulas e pontos, coisas que pensava ser inúteis e por isso não dava muita bola. Enquanto a professora falava eu continuava as jogar yu-gi-oh com meus colegas e conversar com os mesmos. Pude sentir o cheiro de Yakult que provavelmente foi tomado pela manhã saindo da boca do Lucas, ele indagou-me:
—O que achou menina que entrou hoje?
Fiquei um pouco pensativo, olhei para ele e respondi que sei lá, logo em seguida com um sorriso malicioso no rosto perguntei se ele estava afim dela e imediatamente arregalou os olhos e respondeu com negação, assim como os outros colegas eu também ri da reação dele. O intervalo veio, nosso recreio era em conjunto com outras turmas acima da nossa. Eu e meus colegas fomos direto para cantina e depois para porta da biblioteca para jogarmos um outro jogo de cartas. O chão gelado pintado de verde escuro e o cheiro do pequeno jardim do lado eram característicos daquele lugar. A brisa batia, o cheiro de amaciante de nossos uniformes exalava de forma suave. Sem preocupações, sem responsabilidades apenas aquele momento com meus colegas, isso até a bibliotecária chegar e falar que a gente não podia ficar sentado ali pois atrapalhava a passagem de quem queria entrar na biblioteca, mesmo ninguém entrando na biblioteca. Depois de sermos expulsos do chão da porta da biblioteca, começamos a andar pelo pátio, durante a caminhada a procura de um lugar para jogarmos uno e pude ver à aluna nova sentada sozinha na escada comendo uns biscoitos. Sinceramente eu queria ter chamado ela para jogar com a gente, mas junto com o pensamento de chamar ela para jogar veio o pensamento de que todos iriam dizer que eu estava afim dela, me veio um sentimento de vergonha que naquela época era quase inerente ao pensar em gostar de alguma menina. Quando achamos um lugar para jogar o sinal para subirmos para a aula tocou. Mais algumas horas de aula e eu estaria livre daquele lugar que eu achava ser uma prisão. A professora de matemática entrou, ela era bem rígida e praticamente obrigava-nos a prestar atenção na aula dela. Com o decorrer da aula pude perceber a professora secundaria passava quase todo seu tempo com a aluna nova e dava ajuda para os outros quando podia, eu pensava uma tarefa um tanto quanto difícil, dar aula para alunos normais já é difícil imagina para um que possui dificuldades para aprender. A aula acabou, desci as escadas e fiquei conversando com meus colegas até que a fome bateu, me despedi deles e fui para casa. No sol quente das 13 horas meus cabelos loiros refletiam a luz do sol, minha pele branca ardia, mas era recompensador quando eu avistava uma árvore de mexendo alguns metros afrente e segundo depois eu sentia a brisa no rosto. Olhando para o horizonte, reparei uma menina com o mesmo uniforme que o meu, era ela, a menina nova. Comecei a andar mais rápido para confirmar minha hipótese e quando vi o chaveiro do Pikachu na sua mochila rosa tive certeza que era ela.No primeiro momento pensei em correr e falar com ela para irmos juntos para casa até onde nossos caminhos se separassem, mas como disse eu sou como você caro leitor, e senti a mesma coisa que você sentiria caso estivesse lá, era o primeiro dia dela, eu não era popular nem bonito, é claro que a vergonha me consumiu mas mesmo assim eu ainda tinha vontade de conversar com ela. No caminho para casa reparei que ela virou uma rua antes da minha e logo após isso comecei a pensar em como ter o primeiro contato com ela, a primeira coisa que me veio à mente foi pesquisar o nome dela no Orkut. Cheguei em casa, falei com a minha avó, almocei bem rápido e fui direto para meu computador; antes de abrir meu jogo online favorito abri o navegador e acessei a rede social, cliquei na barra de pesquisa e quando fui digitar o nome dela reparei que eu não sabia o nome dela. Me senti o cara mais idiota de todo o planeta, eu sentia um sentimento estranho por ver ela só no primeiro dia e queria fazer amizade com ela para tira-la daquela situação, afinal eu sei como é ruim ficar sozinho.