Mudanças repentinas sempre me deixam nervosa, pela razão de que nunca sei se realmente irei me adaptar a elas. Eu prefiro morar na zona urbana do que na zona rural porque pelo menos os locais são próximos uns dos outros. Lojas, cinemas, shoppings e principalmente meu colégio que era bem perto do apartamento em que eu morava. Agora, provavelmente terei que pegar ônibus para ir à escola, e isso parece ser bastante cansativo e trabalhoso.
Embora atualmente pessoas que moram em zonas rurais tenham se atualizando com relação a tecnologia nos últimos anos, a fazenda em que o meu pai mora não tem wi-fi, apenas sinal de operadora. Isso é algo que me deixa um pouco chateada, pois agora terei que me contentar com os livros velhos que deixei em cima da minha escrivaninha há cinco anos atrás.
Estou agora nesse exato momento, dentro do carro do meu irmão Lucas, acompanhada também da minha avó Meire que devido a um cansaço acabou adormecendo no banco de trás. Todos com destino à fazenda do papai. Infelizmente, tudo começou quando a minha mãe faleceu há cinco meses em um grave acidente de moto. Tocar nesse assunto é algo que ainda me machuca bastante, me dói o coração pensar que ela se foi e que nunca mais poderei abraçá-la novamente. Eu ainda não consegui superar totalmente essa perda. Depois que ela se foi tudo ficou muito complicado para nós, que morávamos em um antigo prédio localizado na cidade de Goiânia, Goiás.
Minha avó, que já havia apresentado alguns sintomas estranhos de saúde acabou tendo um desmaio inesperado. Eu acredito que seja por não ter superado a ausência da filha, todavia ela insiste em dizer que um assunto não tem absolutamente nada a ver com o outro. Não posso nem pensar na possibilidade de também perdê-la. Ela se faz de forte para manter todos nós de pé, firmes e fortes, mas eu sei que no fundo ela está sofrendo tanto quanto nós.
Meu irmão trabalhava rigorosamente para nos sustentar. Eu por ser muito nova, mesmo tentando, nunca consegui um emprego de verdade. Depois desse desmaio que minha avó teve, meu irmão gastou todo o dinheiro que tínhamos com o tratamento dessa anemia um pouco grave que ela foi diagnosticada. Comprou vitaminas e alguns remédios. Agora, ela está bem melhor, no entanto precisa de repouso pois a idade não ajuda muito na recuperação. O médico falou que pacientes com idade acima de cinquenta anos deveriam ter um repouso mais rigoroso.
A princípio, o problema maior é que não sobrou dinheiro o suficiente para as despesas, como alimentos, aluguel, luz e água. Lucas ficou muito preocupado, e eu acabei me preocupando ainda mais quando ele me contou sobre nossa situação. Ele entrou em desespero por não enxergar uma solução e por não saber como cuidar de todos nós, mesmo sem a mamãe, ainda éramos uma família.
O que seria de nós naquele momento? Ele tentou arrumar dois empregos, mas infelizmente não conseguiu, pois se conseguir um está difícil imagina dois. Então, ele foi conversar com a nossa avó sobre nossa má situação financeira.
- Vó! Preciso falar com você. -
Disse ele sentando na cama em que a vovó descansava.- Meu neto, algum problema? -
Ela disse já preocupada.- Sim, infelizmente tenho uma má notícia. Meu salário não permite que eu compre remédios para tratar o problema de saúde da senhora e ao mesmo tempo pague as despesas do apartamento. Me perdoe, mas tentei buscar outro emprego e não consegui. E agora estou sem saber o que fazer para cuidar da senhora e da minha irmã. Não consigo encontrar outra solução. - Disse ele sentindo-se culpado.
- Calma, vai ficar tudo bem. -
Continuou ela, apoiando a mão direita no ombro do rapaz. - Nós vamos procurar o seu pai.- O quê? Mas vó, ele mora em uma fazenda e não poderá nos ajudar com as despesas daqui. Eu não quero o dinheiro dele. - Esbravejou cheio de orgulho.
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O CAVALO [Rascunho]
Teen FictionToda a rotina de vida de Luara Borges Martins foi radicalmente mudada após o fatídico dia em que ela recebe a notícia de que sua mãe faleceu. Em um período de muita dor e ainda sofrimento para sua família, os problemas financeiros começam a aparecer...