Capítulo 5 - Parte 2

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Ok!

Eu deveria ter imaginado que essa viagem seria um erro.
Não, melhor dizendo, a presença de Colin seria um erro. Estar hospedada no mesmo local que ele seria um erro maior ainda.
Mas bem, não era a primeira vez que passávamos por uma situação assim. Trabalharmos juntos fazia com que algumas viagens acontecessem, às vezes as meninas iam, outras não...

As coisas nunca foram estranhas entre nós, muito pelo contrário, seguíamos sendo grandes amigos. Exceto quando falávamos de relacionamentos, essa era uma palavra proibida entre nós. Nem mesmo que quiséssemos poderíamos falar de algo relacionado a isso, seria estupidez, seria como jogar farinha sobre um ventilador em movimento.

Por isso, evitávamos fazer...
Os anos, as vivências, e as experiências, nos ensinam a lidar com os "fantasmas da vida", como dizia a minha mãe.

Mas o fato de não falarmos sobre algo, não significa que não sabemos. As coisas nunca evoluíram para nada tão físico como na noite passada. Isso era surreal, assustador e muito errado!

Colin nunca escondeu que sentia ciúmes, não saberia dizer se era algo relacionado a sentimentos reprimidos, ou simplesmente pelo fato de ter as meninas e uma pessoa nova na vida delas, mas ontem a noite ela não só demonstrou que sentia algo, ele fez com que eu demonstrasse também.

Está certo, foi eu que decidi sair de  casa anos atrás! Mas eu já disse um milhão de vezes para mim mesma, que eu queria apenas um tempo. Um tempo para que ele pudesse perceber que os rumores não eram reais, e que ele deveria apenas acreditar em mim. Disse para mim mesma que se soubesse tudo o que iria acontecer depois eu jamais teria saído de casa, e também que eu sentia muita raiva dele por me fazer sofrer, mas me arrependia por não ter dito tudo isso a ele quando eu deveria ter falado.

Me arrependia porque eu sabia que ele sentia minha falta, e também sabia que Helen estava usando essa carência em seu próprio benefício!
De certa forma, ela foi mais inteligente do que eu, mais inteligente do que nós dois juntos.

É claro que ele a ama, não tenho dúvidas. Nos conhecemos a tanto tempo, o afeto é inevitável, e se ele não a amasse não estaria com ela por tantos anos. Mas eu também conhecia Colin, muito mais do que ele mesmo, e eu sabia que ele sentia algo por mim. Ah eu sabia, e ontem a noite foi apenas uma confirmação.

...

A viagem será curta, apenas mais hoje e amanhã. Eu estou doente, morrendo, desmaiada na minha cama desde que Colin me deixou ontem a noite, no frio. Na verdade, não tão mal, mas, eu sabia que enfrentá-lo depois de ontem seria o maior dos meus problemas. Eu pensei que poderia passar a maior parte do tempo dentro do quarto e sair quando tivéssemos que pegar o avião.
Melhor ideia possível!

Mas é claro que todas as minhas teorias de como fingir que nada havia acontecido foram frustradas segundos depois...

Toc, toc, toc...

O som de batidas na porta, do lado externo do quarto me fizeram pular da cama instantaneamente. Mas antes que eu pudesse abrir a mesma, eu me dei conta de que se eu realmente quisesse ficar no quarto eu não poderia parecer tão bem disposta, então eu voltei a me deitar na cama e dei uma leve bagunçada nos meus cabelos.

- Entre. - Disse baixo, finalizando com uma curta e falsa tosse. 

A porta se abriu, e a fresta iluminada da porta fez meu coração pulsar mais forte, talvez ele quase tenha saído fora do meu peito.

- Mãe? - Carol disse fazendo minha pulsação voltar ao normal - Como você está? Papai nos disse que passou mal.

- Mas como? Vocês já estão acordados? Que horas são? - Perguntei.

Operation ColiferOnde histórias criam vida. Descubra agora