Prólogo

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"Quando pensei na possibilidade de escrever uma ficção mais misteriosa e sanguinária, eu não fazia ideia de como seria, porém, sonhei um mundo tão estranho, que decidi obrigatoriamente escrevê-lo no papel, e as minhas ideias surgiram de maneira veloz"

— José Marcos, escritor da obra

 31 de outubro de 1992, Murstein, praia dos lobos, início do inverno em Murstein

Julieta saiu com seu namorado Robert para o novo acampamento de praia a dois que, sempre ocorria a cada mudança do outono ao inverno, primavera ao verão. Esse ritual litorâneo transformou como símbolo de amor para eles; Julieta e Robert chegaram na praia as 02h30m da madrugada, cada um com suas propostas de sempre, para Robert, acampar no início do inverno, trazia o frio, que era a consequência para fazerem sexo; para Julieta, a noite servia para voltar às práticas do amor romântico — poder conversar e abraçar até se aquecerem. Montaram a grande barraca próximo a margem da praia, depois da montagem, Robert disse a mesma conversa sobre como o sexo aqueciam as pessoas e as preveniam da doença gangrena e, Julieta concordou, realizando o desejo épico de Robert como todo acampamento. Após o sexo rápido, Julieta abraçou Robert e, observaram as ondas do oceano de águas escuras junto a tempestade que se aproximava a eles, Robert adormeceu e Julieta o cobriu, porém, para ela, era impossível dormir diante da beleza do início do inverno. O vento frio balançou fortemente a barraca por alguns segundos, a tempestade se aproximava, depois acalmou-se rapidamente, trazendo ao leste deles, próximo ao oceano, um cheiro forte de enxofre e sangue. Julieta usou suas luvas de crochê, as suas botas de couro baratas e seu casaco preto com capuz, levantou-se, seguiu também ao leste, logo a vista da direção do estranho cheiro, ela visualizou um barco caiaque cinza, com uma espécie de lona protetora de piscinas sob o barco. Julieta percebeu que havia um corpo enrolado sobre a lona grossa, por causa do dedão do pé que estava descoberto; a chuva forte e fria começou inesperadamente no mesmo momento, ela correu de volta para a barraca, gritou por Robert, agitou várias vezes seu corpo na vasta escuridão na barraca, entretanto, ela tocou em seu rosto, ao toque, Julieta percebeu que ele usava uma máscara, retirou-a e visualizou fora da barraca — onde o poste de luz estava ligado do estabelecimento de aluguel de barcos, próximo a praia — a máscara era igual a máscara da tragédia, onde os gregos elaboravam para sua cultura teatral. Julieta apavorada correu para a zona oeste e não parou. Ela não sabia quem matou seu grande amor da sua vida ou, quem era por de trás da lona, porém, estava certa de que corria perigo... Ela correu até a delegacia, próximo ao hospital, e contou tudo o que aconteceu. Quando amanheceu, os dois corpos foram levados para o centro médico para análise de pesquisas, ninguém soube quem cometeu tais carnificinas. Após semanas, depois do luto do seu namorado, Julieta recebeu uma encomenda do correio, ao abrir, era a máscara que seu namorado usava, com um bilhete pequeno, impresso, por uma tinta vermelha, com uma letra digitalizada, dizendo:

Você é a próxima!

Ela foi internada alguns dias depois, mas saiu do hospício anos mais tarde, e ela ainda sentia a presença maligna no seu pensamento, e relembrava todos os detalhes daquela noite de dezembro de 1992. 

Máscaras GregasWhere stories live. Discover now