Começo do Fim

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Eu não sei como, nem por que, mas sobrevivi a queda. Minhas pernas vacilam e caio feio no chão, mas viva, eu precisava sair dali rápido, as sirenes já irritavam meus ouvidos devido a aproximação. Me levanto com dificuldades e saio rapidamente dali entrando em becos escuros e sujos. As ruas eram iluminadas malmente pelos postes de luz, porem a falta de cuidado com a população era compensada pela luz da lua que brilhava forte naquela noite, inicialmente não sabia para onde ir, apenas queria sair dali o mais rápido possível, longe da polícia. Depois de certo tempo, percebo a arma em minha mão, já fria, mas ainda com sangue, penso por alguns instantes e chego à conclusão que naquele momento parecia a mais sensata.

-Não sou uma assassina- falo baixo, como um sussurro para mim mesmo, um lembrete, ou um aviso, mesmo depois do que havia feito.

Jogo a arma no lixo sem antes limpa-la, eu posso não seu uma assassina ou ladra profissional, mas assistia bastante filmes e series policiais, minhas digitais estariam naquela arma se eu não tivesse limpado, e junto da decisão de abandonar a arma, veio também a decisão de ir pra casa, a policia não a encontraria nesse pequeno período de tempo, portanto era uma boa ideia.

Ao chegar em casa, checo todos seus cômodos para ver se não tinha nada fora do comum, e estava tudo bagunçado, da forma que deixei. Me sento no sofá suspirando pesadamente pensando no que eu possa fazer, banho, meu corpo ansiava por um, eu PRECISAVA de um. Me levanto e vou em direção ao banheiro já me despindo, ligo a água quente e depois de um tempo o vapor se faz presente comigo no banheiro, molhando o espelho e as paredes. Entro debaixo do chuveiro sentindo a água quente tocar minha pele, sinto um arrepio enorme em todo meu corpo, me relaxando. Isso era a melhor coisa do meu dia, sempre gostei dessa sensação, então por que eu estou chorando? Por que minhas lagrimas se misturam com a água do meu chuveiro? Por que sinto que acabei jogando fora minha vida? Por que?!?

Saída do banho mais calma, pensava sobre o que fazer na situação atual, minhas lembranças me levam até o meu erro, a atrocidade que fiz, me levam até minha teimosia, minha falta de coragem, e finalmente, até uma morte, eu não me arrependo, ele teria feito coisas horríveis comigo, com qualquer uma, protegi muitas pessoas hoje, mas o fato de ele ser um PM bem condecorado não mudam, ele destruiu minha vida sem nem saber disso...

Eu estou paranoica, a culpa não é dele, eu não estou pensando direito, eu preciso muito mesmo dormir, já eram 3 da manhã, muitas pessoas acham q isso é o começo da noite, para mim é o COMEÇO DO FIM, mesmo sem eu saber disso nesse momento. Deito-me em minha cama e tento me aconchegar.

-------------------------------------------------------Dia Seguinte--------------------------------------------------------

Eu não dormi muito bem essa noite, então me pus a trabalhar, arrumei minha casa, não parecia algo muito produtivo, mas ocupou minha mente, me distraiu, mas agora preciso de um plano, um lugar para ir, para me esconder. Eu precisaria de muito dinheiro, mas isso eu não tenho e nem tenho possibilidade de ter, trabalho como atendente de cinema, não pagam, dá para sobreviver, mas não da para viajar, a única pessoa que eu podia confiar nesse momento era...

Pego meu celular e começo a mandar algumas mensagens, a única pessoa que eu posso contar, que eu sei que nunca me trairia, ela estaria aqui no almoço, ótimo, mais uma coisa para ocupar a mente, eu preciso disso, e de comida, faz um tempo que eu não como nada.

Olho para meu braço e vejo as marcas de mão que haviam nela, estavam bem visíveis, tenho boas lembranças antigas de quando eu ficava com marcas assim, mas essas eu nunca vou esquecer, sempre ficará bem visível em minha mente, como uma cicatriz... Eu estava marcada, e os lobos iriam me caçar, pela marca da culpa e do pecado presente em mim. Escondo com a manga da camisa que estava e começo a fazer um lanche para quando ela chegar, ela come pouco, eu também, isso é bom por um lado, mas eu preciso me ocupar.

Depois de pronto o almoço ligo a televisão, mudo repetidamente de canal, só se passava uma noticia "Morte de policial de alta patente em Motel [...]", desligo a mesma e a deixo de lado, pego meu computador e começo a pesquisar lugares, hotéis, carros, roupas, preços, tudo para me ajudar a montar um plano de fuga daqui, para qualquer lugar, apenas sair daqui, pesquiso entre vários lugares, mas um me chamou a atenção, eu podia morar no interior, perto de uma cidade, um chalé, era gerenciado por um casal de idosos, os preços eram super baixos e tinham vagas, não precisava cadastros, nem agendamento, o lugar era perfeito, Ruttger's Birchmont Lodge, era o nome do lugar, ficava perto da região de Bemidji, uma cidade pequena, tinha aeroporto mas até eu conseguir o dinheiro para passagem, precisarem de uma plástica, para passar pela fiscalização, eu precisarei de um carro com bastante gasolina, não acho que ela abandonaria tudo para vir comigo nessa aventura louca, mas eu precisava de alguém, a pessoa que eu mais confiava, minha amiga Thamy, ela sempre me acompanhou, sempre esteve do meu lado, eu faria qualquer coisa por ela e ela por mim.

Quando eu ia ver os preços de carros ouço batidas na porta, sinto minhas mãos tremerem, começo a suar frio, imagino policiais do outro lado da porta, a swat,, um grupo esperando para me pegar de surpresa, porém ando ate a mesma e giro lentamente a maçaneta, arregalo os olhos com quem vejo...

A AscensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora